Cultura

[Vídeo] Banda de Arapiraca traz de volta o ritmo e a força dos tambores

Axé Soul é formada por amigos percussionistas que tocavam na década de 90

Por Vilceia Melo 01/08/2021 18h06 - Atualizado em 01/08/2021 19h07
[Vídeo]  Banda de Arapiraca traz de volta o ritmo e a força dos tambores
Banda Axé Soul de Arapiraca traz de volta o batuque dos tambores - Foto: Divulgação

A perda do pai no ano passado em função das complicações causadas pela Covid-19, fez com que Kauvedson Nilton Santos, 42 anos, se reencontrasse de vez com a música. Em janeiro de 2020 ele estava iniciando os ensaios para voltar a tocar o estilo musical que ele tanto ama . A dor pela morte do pai potencializou a retomada desse projeto e o som dos tambores fez vibrar mais forte as batidas do coração que estava sangrando pela perda do patriarca da família.

Atualmente Kauvedson tem uma empresa que instala provedor de internet. Mas na década de 90 atuou como percussionista de bandas de axé da cidade e também foi um dos fundadores da Coração Timbaleiro. Há cerca de seis anos estava distante do cenário musical.

 “Depois que meu pai morreu eu fiquei muito perturbado. Muita gente morrendo e achando que eu iria morrer também. Todos os dias pedia a Deus que me desse uma luz, que me mostrasse um caminho para não enlouquecer”, contou. 

Assim Batata, que atuou por 17 anos  na Banda Flores da Terra é o vocalista da Axé Soul 

Kauvedson relata que um dia acordou e sentiu que Deus tinha falado com ele para retomar o projeto e voltar a tocar axé. Ele iniciou comprando um timbal e foi comprando outros instrumentos. 

“Liguei para amigos percussionistas, e convidei vários colegas cantores que estavam parados e  gravamos um cd. Coloquei as músicas na internet e foi muito bom o resultado. Teve uma repercussão muito positiva. Foi o que me salvou”, relata.

O que era apenas uma atividade terapêutica para reunir os amigos músicos acabou se tornando em um projeto musical maior : nasceu a uma banda Axé Soul . Desde a retomada do projeto, há cerca de um ano, a banda já fez uma live, tem três músicas autorais e em breve, fará o lançamento de uma cantora da região.


A composição da Axé Soul é formada por dez músicos . O vocalista é o cantor Assis Batata que durante 17 anos esteve na banda Flores da Terra, do município de Batalha, no Sertão alagoano. Quando a banda encerrou as atividades ele cantou em barzinhos, mas há dez anos estava sem atuar na profissão musical.

“Foi uma alegria imensa receber o convite do Kauvedson para voltar a cantar . Quando realizamos a live recebemos o apoio da família e dos amigos nesse retorno ao estilo afro”, contou. 

Além de Assis  Batata, Kauvedeson Nilton, Marcos Ricardo, Marclim Kelmany, Johnnatan Kennnedy . Ricardo Evangelista, Tiquinho, Robson e outros dois integrantes completam a composição da Axé Soul.  Três deles, Kauvedson, Marcos e Ricardo, fundaram a Coração Timbaleiro. Os outros integrantes também já participaram de bandas como Timbaoludum, Balangandã, Cio da Terra, Pagomania, Nossa Cara, dentre outros projetos musicais.


Música: Eu sou Axé Soul, letra de Som Bala do Brasil

No dia 15 de maio deste ano, a Axé Soul fez a primeira live. Em setembro eles vão lançar o clip de duas novas musicas autorais e em outubro realizam a segunda live.

“Mesmo durante tempos pandêmicos tão difíceis como esses que estamos vivenciando conseguimos levar esse projeto adiante e através da musicalidade ajudar muita gente. Mas não é fácil, precisamos de patrocinadores para ajudar na continuação desse projeto”, ponderou Kauvedeson.

Projeto Social

Outra motivação do idealizador da Banda Axé Soul é a realização de um projeto social no Conjunto Frei Damião, no bairro Canafístula, em Arapiraca. A comunidade que antes era localizada como zona rural, cresceu tanto que se tornou área urbana. 


Paralelo a esse aumento de residências e população, também há aumento da violência urbana. Kauvedson Nilton acredita que oferecer arte, através da música às crianças da comunidade pode afastá-las da criminalidade e oferecer outra visão de futuro e oportunidades. 

“ Hoje eu tenho condições financeiras de sair desse bairro para morar em outro menos violento. Mas eu quero ser um agente transformador da realidade onde eu moro. Preciso de apoio das instituições públicas, privadas, de voluntários para a gente dar oportunidade as crianças e jovens dessa comunidade. Eu tenho certeza que se cada um ajudar um pouquinho vamos realizar esse projeto”,  finalizou.