Em meio às dificuldades, padrasto luta para garantir acesso à saúde para enteado portador de deficiências
Márcio Rodrigo de 12 anos, tem tem hidrocefalia e paralisia cerebral é tetraplégico, cego, surdo e possui ainda outros problemas de saúde
O que é ser pai no Brasil? A Associação Nacional dos Registradores Civis de Pessoas Naturais (Arpen Brasil), apontou que em 2020 mais de 80 mil crianças foram registradas em cartório sem o nome do pai. Já segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 12 milhões de mães solos chefiam os lares sem a presença paterna. Não são apenas estatísticas, são histórias reais de abandono.
Em um país como o Brasil, onde milhares de crianças crescem com o abandono paterno, Evandro de Oliveira da Conceição, de 30 anos, residente na cidade de Piaçabuçu, no Litoral Sul de Alagoas, vive em luta e defesa para garantir o acesso aos direitos básicos e à saúde do seu enteado Márcio Rodrigo dos Santos de apenas 12 anos. Márcio é PCD (Pessoa com deficiência) tem hidrocefalia e paralisia cerebral é tetraplégico, cego, surdo e possui ainda outros problemas de saúde, entre eles, uma alergia severa e doença gástrica que o impede de se alimentar por via oral.
Até o domingo, Dia dos Pais, o 7Segundos traz uma série de reportagens especiais alusivas à data. Enquanto Márcio Rodrigo tem o privilégio de ter um padrasto que luta por ele, muitos jovens que crescem sem a figura paterna carregam marcas para toda a vida. Em outra reportagem contamos histórias de pais idosos que vivem na Casa dos Velhinhos, em Arapiraca, e que apesar das restrições impostas pela pandemia, sentem-se acolhidos e bem cuidados no abrigo.
História, e dificuldades
Evandro de Oliveira, o padrasto do Márcio, é ex-usuário de drogas. Ele conta que logo após ter se libertado do vício, conheceu a esposa e mãe do Márcio, Evanilda dos Santos da Conceição, momento este que teve o primeiro contato com o filho "O meu contato com ele foi há cinco anos, ele pesava 9 quilos e parecia um bonequinho". Desde então o pai não mede esforços para fazer o que pode para a família.
A trajetória familiar é marcada por dificuldades e pela busca de direitos para o filho. Evandro relatou que ele e a esposa sofreram bastante por Márcio precisar ficar internado no hospital com frequência.
Ele contou que não podia demonstrar fraqueza e cansaço para sua família e que em vários momentos da vida se apegou à fé para ter forças de continuar lutando:
“Sempre Deus e Nossa Senhora Aparecida me deram força e coragem para continuar lutando. Deus me livrou da morte várias vezes e fez um milagre na minha vida e na dele, pois livrou ele também várias vezes, por isso tenho tanta fé. Hoje eu sou convidado para dar testemunho aos ex-usuários de drogas nas igrejas". Afirmou.
Evandro trabalha vendendo coco e verduras nas ruas para garantir o sustento da família composta por ele, Evanilda, e os três filhos Maxwilan da Silva Santos,José Ítalo Santos Tavares e Márcio Rodrigo dos Santos . Ele ganha 20 centavos por cada coco vendido, sendo as vendas desses materiais a única forma de sustento da família.
Em meio aos esforços realizados diariamente pelo pai com as vendas, o valor arrecadado não consegue suprir todas as despesas de Márcio e do lar.
O filho Márcio:
Márcio Rodrigo de apenas 12 anos já passou por diversas cirurgias. Dentre os procedimentos realizados, foi colocado um botão gástrico do abdômen para o estômago para que ele pudesse se alimentar, pois o alimento que ele ingeria ia direto para os pulmões causando complicações. Devido a isso, ele já teve pneumonia diversas vezes.
Todo o mês ele precisa ir ao pediatra para fazer consultas, e atualmente pesa 33 quilos. Márcio se alimenta através do aparelho implantado na barriga, faz o uso de fraldas e toma medicações regularmente.
O pai relatou que ele possui uma alimentação específica à base de um suplemento alimentar, além de frutas e legumes.
Ele ainda comentou que o filho recebe uma aposentadoria, contudo o valor não consegue suprir os gastos essenciais.
Dificuldades
Márcio dorme em uma cama hospitalar que está quebrada, e utiliza uma cadeira de rodas. A cadeira não é adequada para a criança e por este motivo ele vem sofrendo com dores constantes.
Evandro relatou que o seu maior sonho como pai é poder dar a cadeira para tetraplégico e a cama hospitalar com grade para o filho para que assim ele pudesse ficar mais confortável.
“Se Deus me ajudasse, o presente do dia dos pais que eu ia ganhar era esse. Para mim ia ser o melhor dia da minha vida".
Relato de um pai
Em meio à luta diária, e rotina de cuidados com o filho, Evandro relatou que já sofreu e sofre julgamentos e desprezo constantes pelo fato de dedicar-se ao filho e amá-lo. Ele diz que as pessoas ficam incomodadas com o amor que ele tem pelo enteado e zombam dele por não ser pai biológico.
"O mesmo amor que sinto por meu filho de sangue sinto por ele. Cada patada que recebo de gente assim me dá mais forças e coragem para seguir em frente e nunca desistir do meu objetivo que é cuidar dele e dar amor até quando Deus permitir", ressaltou.
Quando perguntado sobre o que significa ser pai e o que ele sentia pelo filho ele destacou:
"Não tenho nem palavras pra definir o amor que sinto por ele. Amo muito meu filho, ele foi/é um presente de Deus pra mim. Um amor sem tamanho".
Para Evandro, um momento marcante com o filho é quando está ao seu lado e vê-o sorrindo.
Justiça
Os pais de Márcio aguardam decisões judiciais ajuizadas pela Defensoria Pública no ano passado contra o Estado e Município para garantir o acesso aos medicamentos, consultas, e o tratamento do filho. Enquanto o problema não é resolvido a família se mantém apenas com a renda das vendas.
Já a aposentadoria da criança (LOAS) é destinada para todas as despesas necessárias dele.
Entretanto, o valor recebido não consegue suprir o valor das consultas que são frequentes, além de fraldas, alimentação, e remédios necessários que ele toma todos os dias , Márcio também tem convulsões e precisa tomar uma medicação específica.
Doações
Márcio precisa urgentemente de uma cadeira para tetraplégico e uma cama hospitalar, pois sofre diariamente com dores, por não ser adequada para ele.
“Ainda não consegui comprar a cama do meu filho e ele tá doente. Todo dinheiro que juntamos sempre gastamos porque ele adoece direto”, disse Evandro.
Enquanto aguardam a decisão judicial, os pais carregam consigo o sofrimento do filho.
Quem puder contribuir com a quantia de qualquer valor para ajudá-los pode realizar através da Conta:
Caixa Econômica Federal
Titular: Evanilda dos Santos
Agência: 0058
Operação: 023
Conta número: 000140917-2
O telefone para contato e mais informações é :82 (9)9361-4311 Evandro de Oliveira (Pai do Márcio).