Arapiraca

ASA: da distração de trabalhadores à paixão dos arapiraquenses em 69 anos de história

O ASA fez sua grande estreia em 1953, quando participou do Campeonato Alagoano de Futebol Profissional, sendo vencedor da competição

Por 7Segundos com Prefeitura de Arapiraca 25/09/2021 08h08
ASA: da distração de trabalhadores à paixão dos arapiraquenses em 69 anos de história
ASA de Arapiraca foi criado após encerramento das atividades do clube de futebol dos trabalhadores ferroviários - Foto: Reprodução/Acervo

A Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) completa 69 anos de existência neste sábado, 25 de setembro, e apesar das dificuldades atuais viverá ainda muitos dias de glória, se depender do amor de sua torcida, que teve início como uma mera distração de domingo numa época que havia poucas distrações, e com o passar dos anos se tornou paixão que é passada de pai para filho. 

Arapiraca era uma jovem cidade agrestina de apenas 26 anos que caminhava rumo ao desenvolvimento e, em 1951, o engenheiro Camilo Colier deu início a um das mais audaciosas obras já realizadas no interior de Alagoas: a construção da estrada de ferro que ligaria Arapiraca a Palmeira dos Índios, beneficiando o comércio local.

O intenso trabalho desenvolvido na obra gerou grande desgaste e frustração nos trabalhadores, que reclamavam da falta de entretenimento, principalmente durante os finais de semana. Foi daí que eles solicitaram a criação de um time de várzea. Foi daí que nasceu o primeiro time de futebol arapiraquense, batizado na ocasião como Ferroviário.

Na época, os jogos eram disputados ao lado da estação ferroviária, fazendo com que os domingos ganhassem movimento, principalmente porque o time era a única distração que os arapiraquenses possuíam até então. Assistir aos jogos era quase como que uma obrigação.

Porém, com o fim das obras de construção da estrada, os trabalhadores precisaram retornar a suas cidades natais e, com o fim das jogos aos finais de semana, o Ferroviário encerrou suas atividades.

Time que nasceu campeão

No ano seguinte, empresários e autoridades locais se reuniram para dar fim as ociosas tardes de domingo. Em 25 de setembro de 1952, Antônio Rocha, pai da ex-prefeita Célia Rocha, criou a Associação Sportiva Arapiraquense, se tornando o primeiro presidente do clube, que herdou as cores do antigo Ferroviário.

O ASA fez sua grande estreia em 1953, quando participou do Campeonato Alagoano de Futebol Profissional, sendo vencedor da competição após desistência de um clube da capital. Chegavam a dizer, na época que o ASA era "o time que já nasceu campeão".

Durante as décadas de 60 e 80, o ASA passou a ser conhecido por vencer equipes tradicionais do cenário nacional. Pelo fato de "aterrorizar as torcidas, balançando as redes adversárias, O Asa de Arapiraca ganhou o apelido de "Fantasma das Alagoas".

Honrarias a parte, um dos grandes ídolos da seleção brasileira, o craque Mané Garrincha, durante amistosos de despedida pelo Brasil, vestiu o manto sagrado do ASA por quase 90 minutos em uma partida disputada contra o Centro Sportivo Alagoano (CSA). O alvinegro venceu pelo placar de 1 a 0 e ele só saiu de campo após ajudar a vitória do time de Arapiraca. O gol do alvinegro saiu dos pés de Cambota, aos 32 minutos do segundo tempo.

No ano de 1977, a Associação Sportiva de Arapiraca passaria por uma mudança significativa em seu nome, deixando de ser uma associação e se tornando Agremiação Sportiva Arapiraquense, mas mantendo a mesma sigla que o consagrara durante os 25 anos de sua existência.

Paixão dos arapiraquenses

A cidade e o time seguiam em plena harmonia, muitos torcedores abandonaram seus antigos clubes das regiões Sul e Sudeste para torcer única e exclusivamente para o time da terra de Manoel André, dando-se a entender que o cidadão arapiraquense tinha sim um time para torcer e ser representado pelos quatro cantos do Brasil.

Tamanho foi o seu êxito, que em 1979 o ASA foi um dos times de maior destaque no Campeonato Brasileiro, ficando conhecido nacionalmente pelo seu estrelismo. A equipe avançou para a segunda fase da competição, com cinco vitórias consecutivas em sua campanha pelo torneio nacional.

Apesar de ter em sua história um passado glorioso, adquirindo nomes grandiosos e craques vestindo sua camisa, o ASA passou por um grande hiato e jejum de títulos estaduais. Foram, exatamente, 47 anos de tabu, até que em 2000, finalmente, ele foi quebrado.

O Fantasma de Alagoas foi para a final do campeonato contra o CSA, e venceu a terceira partida da melhor de três pelo placar de 1 a 0, após cobrança de escanteio pelo lateral-esquerdo Marquinho e cabeceio certeiro do volante Jaelson Marcelino aos 36 minutos do segundo tempo.

A torcida arapiraquense e todo o município vivia em lua de mel e só respirava ASA. Não foi a toa que durante os dez primeiros anos do novo milênio, o time arapiraquense se tornou o campeão da década com cinco títulos conquistados, 2000, 2001, 2003, 2005 e 2009.

O ano de 2009 foi o marco da grande fase que o Fantasma das Alagoas vivia. O time percorreu os quatro cantos do Brasil em busca do tão sonhado acesso à Série B do Campeonato Brasileiro de 2010, e em uma dessas viagens o clube arapiraquense alcançou o seu objetivo na chamada “Batalha do Acre”, quando enfrentou o Rio Branco na Arena da Floresta, terminando a partida em 2 a 2. Nesse mesmo ano, o ASA se tornaria vice-campeão brasileiro da Série C.