Chegada de ônibus de indígenas venezuelanos em Arapiraca preocupa autoridades
Apesar de estarem em Arapiraca para pedir esmola, o grupo já estaria recebendo benefícios na cidade de Maceió, onde foram incluídos no banco de dados do Comitê de Políticas Migratórias
Quem dirige em Arapiraca provavelmente já se deparou com famílias de indígenas venezuelanos pedindo esmola em semáforos da cidade. Segundo trabalhadores do Terminal Rodoviário Deputado Nezinho, na noite terça-feira (28), mais de 40 venezuelanos desembarcaram de um ônibus vindo de Maceió.
Em julho deste ano, quando os primeiros indígenas venezuelanos começaram a chegar em Arapiraca, o Portal 7Segundos chegou a fazer matéria falando sobre o assunto. Na ocasião, um casal com duas filhas estavam pedindo ajuda em um semáforo localizado no cruzamento das ruas Estudante José de Oliveira Leite e Rua Dom Pedro II, no bairro Ouro Preto.
A população indígena citada é da etnia Warao e chegou ao Brasil devido à crise econômica e política no país em 2016, permanecendo, em sua maioria, mais na região Norte do país. Em Alagoas, eles começaram a migrar em meados de abril deste ano. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), atualmente se encontram no Estado 53 imigrantes, sendo 30 adultos e 23 crianças.
Apesar de se fixarem nos semáforos com placas dizendo estarem necessitados, o Governo de Alagoas informou que a maioria das famílias estão cadastradas em programas sociais, como Bolsa Família e Cartão Cria, e uma grande parte ainda recebe cestas básicas e recursos para aluguel social.
"Essa população já recebe recursos e vem para Arapiraca para juntar mais dinheiro. Por aqui eles encontraram uma fonte de renda e utilizam a mendicância como trabalho. O pior de tudo é que eles fazem isso com as crianças do lado e, na maioria das vezes no sol quente", disse um morador que preferiu ter a identidade preservada.
Em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, o órgão informou que a prefeitura está atenta ao caso, levando em consideração os tratados internacionais, e reforçou que conta com equipes multiprofissionais que realizam abordagem social e acolhem essa população.
Arapiraca esteve presente, na última quarta-feira (22), em uma reunião do Comitê de Políticas Migratórias, realizada em Maceió, com o objetivo de discutir medidas que garantam o acolhimento humanitário aos refugiados indígenas venezuelanos que se encontram em situação de vulnerabilidade no Estado. Durante o encontro ficou constatado que este mesmo grupo que tem chegado a Arapiraca já foi acolhido em Maceió, e está recebendo uma série de benefícios, como cestas básicas, aluguel social, cartão Cria, entre outros.
Além da Secretaria de Desenvolvimento Social de Arapiraca, também fazem parte do Comitê de Políticas Migratórias a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Defensoria Pública da União (DPU), Gerência de Atenção Primária (GAP/Sesau), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems), Consultório na Rua do Município de Maceió, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), e Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos do Estado de Alagoas (Semudh).