4ª Expedição Científica do São Francisco segue monitorando os principais problemas do rio
Objetivo é fazer um levantamento sobre os problemas que mais assolam o Velho Chico passando por 9 cidades ribeirinhas durante dez dias
Até o dia 09 de novembro, a comitiva de pesquisadores que compõem a 4ª Edição da Expedição Científica do Baixo São Francisco, considerada a maior expedição do Brasil, vai passar por 9 cidades ribeirinhas dos estados de Alagoas e Sergipe.
O objetivo da expedição é analisar a atual situação do rio, levantar os principais problemas enfrentados pelo Velho Chico para a partir daí, elaborar e propor políticas públicas de combate a esses problemas, que envolvem questões como a poluição, escassez de peixes, lançamento de efluentes, erosão, desmatamento da vegetação ciliar, lixo, qualidade e baixo nível da água, dentre outras.
A edição de 2021 da expedição teve início no dia 31 de outubro na cidade de Piranhas. Compõem a estrutura da expedição, duas grandes embarcações que funcionam como barcos laboratório, além de cinco lanchas de apoio.
"Nós já tivemos que pedir apoio ao Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco para intervir perante à Chesf no sentido de liberar mais água e aumentar a vazão do rio porque nós estávamos com dificuldade para passar por alguns trechos quando iniciamos a navegação e pegamos o rio com uma vazão de 800 metros cúbicos por segundo", relatou o professor da Ufal e Coordenador da Expedição, Emerson Soares.
Com o tema “Consolidando a Ciência em ações ambientais no Baixo São Francisco”, a expedição conta com a participação de 80 pessoas, das quais, 66 são pesquisadores da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) e também de outras instituições e universidades do país.
Uma dos barcos laboratório utilizados durante a expedição. Foto: reprodução redes sociais/expedição científica do São Francisco
A navegação pelas águas do Velho Chico teve início no dia 01 de novembro e prossegue até o dia 09 deste mês. Após sair de Piranhas, a expedição passou pelas cidades de Pão de Açúcar (02/11),chegando a Traipu nesta quarta-feira (03).
As próximas paradas previstas são nas cidades de São Brás nesta quinta-feira (04/11), Porto Real do Colégio e Propriá, em Sergipe (05/11), Igreja Nova (6/11) e Penedo (07/11). Em seguida a expedição segue em direção à foz do São Francisco passando por Piaçabuçu (08/11) e Brejo Grande, também em Sergipe (9/11). A previsão é que os trabalhos se encerrem na cidade de Penedo, às 11h00 do dia 10 de novembro.
De acordo com o Coordenador, Emerson Soares, em 2021 o objetivo é fazer um comparativo com os resultados dos estudos feitos nas edições anteriores que apontaram graves problemas ambientais, como o comprometimento dos ecossistemas aquáticos, terrestres e das populações humanas. “São situações que tendem a se agravar e é isso que vamos observar agora e mais uma viagem pelas águas do Velho Chico”, disse o coordenador.
No final, como já é de costume, a Expedição deverá apresentar um relatório sobre a situação do rio para que as políticas públicas em favor do rio e de seus habitantes sejam elaboradas e postas em prática, esclareceu Emerson Soares. Tanto é assim que agora em 2021 os municípios que compõem a Bacia do São Francisco em Alagoas foram convidados a enviar representantes para acompanhar a expedição junto com os pesquisadores.
“Na 1ª edição, em 2018, o objetivo era fazer um diagnóstico sobre a situação do rio. Em 2019, o propósito foi definir ações em torno das áreas de pesquisa em que iríamos atuar e hoje nós já atuamos em 35 área de pesquisa mapeadas durante as duas primeiras edições da expedição. Em 2020, nós definimos ações para realizarmos junto com a população ribeirinha, e agora, em 2021, nós definimos parcerias com todas as prefeituras do Baixo São Francisco para que juntos, pesquisadores, gestores públicos e a sociedade possam implementar ações na tentativa de reverter algumas situações de degradação registradas no São Francisco. Por isso nós convidamos os gestores para participarem conosco desta vez”, afirmou Emerson Soares.
Material coletado durante expedição é analisado por pesquisadores. Foto: reprodução/expedição científica do São Francisco
O município de Arapiraca, que compõe a Bacia Hidrográfica do São Francisco, enviou a Superintendente de Meio Ambiente, Lívia Acioly, como representante do município na expedição. Para Lívia, que também é presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí (CBHRP), principal afluente do Rio São Francisco em Alagoas, a experiência está sendo intensa e enriquecedora.
“Participar dessa expedição é uma forma de conhecer o Rio São Francisco mais profundamente e, consequentemente, conhecer também a nossa própria história. Tem sido uma experiência incrível”, disse Lívia Acioly.
Para um melhor monitoramento sobre a atual situação do Rio São Francisco, a expedição utiliza também modernos equipamentos de pesquisa, como uma aeronave não tripulada, responsável pelo mapeamento das áreas fragmentadas da vegetação, especialmente a mata ciliar, que compõem as margens do rio e são importantes porque evitam a erosão com o desprendimento da areia das margens e acabam, aos poucos, soterrando o rio.
Além das pesquisas científicas, a expedição conta nesta 4ª edição com a realização de ações ambientais e sociais planejadas junto com os gestores, como peixamento, doações de equipamentos, como microtrator, além de ações de saúde, como higiene bucal e cirurgias de edemas cutâneos.
“Este ano, também iremos realizar a instalação de cinco modelos demonstrativos de fossas sépticas biodigestoras com reuso de água para plantios, além de doação de equipamentos como projetor multimídia, notebooks e caixas de som para escolas e 400 kits de material escolar”, disse o coordenador.