Alagoas

Major Rômulo da Defesa Civil fala à Rede Antena7 de Rádios sobre aumento de vazão no Velho Chico

Em entrevista concedida aos radialistas Batista Filho e Ellen Oliveira, o Major explicou o motivo das medidas preventivas tomadas após o anúncio de aumento de vazão feito pela Chesf

Por 7Segundos 12/01/2022 18h06 - Atualizado em 12/01/2022 19h07
Major Rômulo da Defesa Civil fala à Rede Antena7 de Rádios sobre aumento de vazão no Velho Chico
Aumento de vazão do São Francisco deve chegar a 4.000m³/s nos próximos dias - Foto: Reprodução/internet

O Major Rômulo Guedes, Assessor Técnico da Defesa Civil Estadual, concedeu entrevista ao programa Antena Tarde desta quarta-feira (12), apresentado pelos radialistas Batista Filho e Ellen Oliveira e esclareceu várias questões sobre o anúncio do aumento de vazão nos reservatórios da Chesf (Companhia HIdrelétrica do São Francisco), anunciado pela própria Companhia. Segundo informou o Major Rômulo Guedes, o aumento de vazão é uma atitude completamente preventiva onde a Defesa Civil está monitorando e acompanhando todo o processo.

Perguntado se existe a possibilidade de um aumento incontrolável de vazão para os próximos dias, o Major respondeu que não e justificou a resposta explicando que quando uma decisão como essa vem a acontecer ela torna-se pública, de conhecimento de todos os órgãos que compõem a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e demais órgãos, sempre para manter a sociedade informada sobre a situação hidrológica dos próximos dias. Cada representante de cada setor destes citados está em observação, já avalizou a situação e está vendo a melhor forma de liberar a vazão de uma maneira mais controlada possível, afirmou o Major, que explicou ainda que a vazão do rio São Francisco vai subir de maneira gradual: sobe até 1000.m³/s, daqui a dois dias mais 500m³/s, depois de outros dois dias mais 500m³/s, até chegar aos 4.000m³/s, portanto, tudo é feito de forma gradual para causar o menor dano possível à população.

O Major explicou que o aumento de vazão em Xingó-AL deve se feito para aliviar a situação da Bacia do São Francisco como um todo, devido às chuvas na região de Minas Gerais, nas cabeceiras do São Francisco, que vêm a impactar o São Francisco aqui na nossa região.

“Isso que está acontecendo em XIngó é consequência das fortes chuvas que vem caindo em Minas Gerais e na Bahia. O lago da represa de Três Marias em Minas Gerais já está com seu limite aproximado e a água deve escoar, impactando Sobradinho na Bahia, que impacta a represa de Paulo Afonso também na Bahia, e consequentemente Xingó em Alagoas", portanto, trata-se de uma medida programada e progressiva para minimizar qualquer possível dano que possa ocorrer, uma medida necessária e calculada", explicou o Major.

O Major Rômulo fez um alerta para quem está ocupando a calha do rio, que o canal por onde escorrem as águas. Ele disse que as pessoas que ocupam áreas à beira do rio já devem tomar alguma atitude preventiva deixando o local porque o aviso já está sendo dado com antecedência. "Quem tem barraquinha ou cadeira de praia, um comércio informal na beira do São Francisco, já deve se retirar do local para evitar danos físicos e materiais. O alerta serve para quando o rio atingir os 4.000m³/s de vazão, essas áreas já estejam desocupadas e resguardadas para que as pessoas possam retornar depois que o rio retornar a sua vazão normal habitual, disse.

Manchas de impacto

O Major Rômulo explicou ainda como funcionam as "manchas de impacto" que são áreas mapeadas e representadas através de cores que indicam a abrangência de uma área ocupada pelas águas no caso de aumento de vazão do rio. "Então, a mancha azul representa 1000m³/s que é a vazão atual, a mancha de cor amarela clara é para vazão de 4.000m³/s, a amarela escura é 6.000m³/s, a laranja para 7.000m³/s, então quando começa a chegar a 8.000m³/s é que o volume de água começa a atingir casas. Então, ainda está muito longe ainda da necessidade de remover população, o que se está fazendo agora é uma prevenção sem, a necessidade de pânico por parte dos ribeirinhos", detalhou o Major, até porque, segundo ele, o objetivo é evitar qualquer tipo de incidente 

A preocupação maior, de acordo com o Major Rômulo, é com as pessoas que se localizam no leito do rio ou próximas a ele. O Major deu o seguinte exemplo: "se uma vistoria é feita no local e não tem ninguém lá, mas, alguns dias depois, alguém bota uma barraquinha para vender bebidas e comida, ou monta um barzinho e hoje essa pessoa está lá e a gente não sabe, então existe essa possibilidade de algum estabelecimento informal estar funcionando nesses locais, ou um pescador que sai com sua canoa e monta uma barraca numa ilha e fica lá abrigado por vários dias às vezes sem saber das notícias e que é pego de surpresa, então que estamos fazendo junto com os outros órgãos é alertar e tentar monitorar essa população para que essas pessoas não sejam pegas de surpresa com o aumento do volume do rio.

"É apenas um reforço de atenção nas áreas onde há o comércio nos locais denominados como áreas de Prainha, como existe em Piranhas, Pão De Açúcar, Belo Monte, Traipu, Porto Real do Colégio, Penedo e Piaçabuçu", falou o Major. 

Cânions

Sobre o risco de desabamentos de rochas nos cânions de Xingó, entre os Estados de Alagoas e de Sergipe, o Major Rômulo disse que a Defesa Civil Estadual está atendendo a uma demanda que vem do Ministério do Turismo, da Secretaria de Estado de Turismo e do Governo de Sergipe, que se trata de um trabalho que necessita de uma inspeção técnica, de um lauto técnico e que já foram feitos os contatos necessários para que isso seja feito o mais breve possível.

Indagado pelo apresentador Batista Filho sobre o motivo pelo qual não se faz um trabalho preventivo para evitar acidentes como o que aconteceu nos cânions de Capitólio-MG, o Major Rômulo Guedes respondeu que o episódio foi uma fatalidade. Ele disse que conhece a região onde ocorreu o acidente e explicou que o tipo de solo da região de Minas Gerais é completamente diferente da composição do solo dos cânions alagoanos. “Então, aquilo foi uma fatalidade, algo totalmente inesperado, não foi falta de fiscalização, foi um desastre natural, então, um desastre desse tipo gera um alerta não somente em cânions, mas também em cavernas, cachoeiras, então surgiu uma nova vertente para estudos e observação nesse tipo de evento”, disse o Major. Mesmo assim, estamos tomando todas as medidas para tranquilizar a população, e assim que tivermos os devidos laudos técnicos a gente vai ter o verdadeiro diagnóstico sobre essa questão.

Alerta climático

Na entrevistam, o Major afirmou ainda que não há previsão de chuvas intensas para os próximos dias nem para a capital ou interior do estado. "A Sala de Alerta nos mantém informados constantemente sobre a situação meteorológica e sobre os riscos de qualquer possibilidade de desastre natural com chuva ou enxurrada e por enquanto, não há previsão de fortes chuvas, vento ou ressaca no mar para os próximos dias para o litoral alagoano, e também de chuvas torrenciais para o sertão".

Sobre o monitoramento de fenômenos naturais ou meteorológicos o Major Rômulo explicou que o órgão segue monitorando frequentemente a região do Pinheiro em Maceió, mas a maior demanda ainda está por vir com a chegada da quadra chuvosa em Alagoas, que vai de maio até o mês de agosto.

O apresentador Batista Filho finalizou questionando se o Major confiaria em fazer um passeio pelos cânions do São Francisco com a família e o Major respondeu que sim, que não haveria perigo porque não há previsão de chuvas para a região e essa abertura de vazão atinge somente a parte além da represa de Xingó, não comprometendo o passeio pela região dos cânions".