Egípcio faz sucesso em Arapiraca com sanduiches da culínária árabe e sonha em voltar à terra natal
Ehab Ahmed Ahmed Shebria mora em Arapiraca há oito anos
Ehab Ahmed Ahmed Shebria, é natural da cidade de El Fayoum que fica há 15,3kms de Cairo, a capital do Egito. Há oito anos ele mora em Arapiraca e produz sanduiches e pizzas com sabores únicos que misturam temperos do nordeste da África e da região mediterrânea, com o toque da comida brasileira.
Numa entrevista ao Portal 7Segundos, Ehab Shebia, carinhosamente chamado de "Bob"pelos amigos arapiraquenses, conta como veio parar há 8.323 kms de distância do seu país de orígem.
Bob relata que tudo começou após conhecer, pela internet, a professora chilena Leonor Cristina Collado, com quem está casado há 14 anos. Cristina já morava em Arapiraca ao lado do irmão e também professor de química Renê Collado. Mas quando Bob a conheceu, ela estava de férias no Egito para conhecer mais de perto os costumes e dogmas da religião muçulmana.
Após o casamento, Bob e Cristina permaneceram morando em Cairo por seis anos. O egípcio relatou que em 2013 o país passou um momento político muito difícil com uma revolta popular que resultou em um golpe militar derrubando do poder o então presidente, Mohamede Morsi.
"Eu e Cristina ficamos assustados com tudo que estava acontecendo no país e não sabíamos como seria um governo militar após o golpe. Em outubro de 2013, resolvemos sair do Egito e vir morar em Arapiraca onde ela já tinha residência estabelecida", contou.
Bob preparando os alimentos no boxe que fica no Mercado do Artesanato / 7Segundos
Ehab Ahmed Ahmed Shebria deixava para trás seus pais, dois irmãos e amigos de uma vida inteira. Na nova cidade, no Agreste alagoano,teve que recomeçar a vida sem falar uma palavra em português.
"Quando eu conheci a Cristina a gente se comunicava através do inglês. Ao chegar em Arapiraca eu precisava que ela estivesse sempre ao meu lado para traduzir tudo pra mim, principalmente quando eu ia ao supermercado", relatou.
Quando ainda morava no Egito, Bob foi dono de uma lan house e também trabalhou no segmento têxtil com um tio dele. Ele conta que começou a cozinhar com mais frequência porque ele chegava em casa antes da esposa e sempre preparava o jantar.
"Eu sempre gostei de misturar as especiarias do meu país que tem sabores magníficos. Eu fazia as receitas e a minha esposa experimentava e aprovava aquela mistura de temperos", contou.
Funcionários da Prefeitura se tornaram clientes do egípcio /Redes sociais
Novo recomeço
Em terras arapiraquenses, ele chegou a trabalhar em uma loja que fabricava fardamento s, e em uma tapiocaria. Depois resolveu seguir seu instinto e iniciou a produção de alimentos caseiros com um toque da comida egípcia.
"Primeiro eu produzia hambúrgueres congelados e vendia aos alunos da minha esposa. Cheguei a fazer de 30 a 40 hambúrgueres por mês. Depois começei a fazer os sanduíches característicos da culinária do oriente médio", relatou.
O sucessos dos sanduíches Shawarma ( à base de frango) e Kofta (com carne bovina) foi tão grande que ele começou a vendê-los em várias escolas onde a esposa dele lecionava. Além dos dois sanduíches que são o carro-chefe do cardápio oferecido pelo egípcio, há também pizzas especiais e o sanduiche vegano Falafel .
"Todo mundo começou a conhecer e gostar do alimento que eu produzia. Fiquei 2 anos e meio em frente a uma faculdade de Arapiraca e também entregava encomendas no Centro Administrativo Municipal ", contou.
Clientes que ser tornaram amigos desde que ele chegou do Egito para viver em Arapiraca / Redes sociais
Depois de conquistar muitos clientes e amigos em vários segmentos da sociedade arapiraquense, Bob decidiu abriu um ponto fixo: o King Tut (que em árabe significa rei Tutacamon) que está localizado no Mercado do Artesanato de Arapiraca, área central do município.
Além de saborear sanduíches deliciosos, o cliente também tem a oportunidade de conversar com esse simpático egípcio e saber um pouco da cultura árabe .
Saudades de casa
Bob disse que desde que chegou a Arapiraca, há oito anos, ainda não conseguiu voltar ao Egito para visitar os familiares. Todos os dias, por meio da internet, ele fala com o pai e a mãe que já são idosos e estão com a saúde debilitada. Ele contou que recentemente, a mãe fez uma cirurgia na coluna e o pai sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC).
" Fui muito bem recebido e acolhido em Arapiraca. Mas vezes me sinto um prisioneiro aqui. Viver em um lugar tão distante e não poder visitar seus familiares é muito difícil, dolorido. Não sei quando terei condições financeiras de viajar até o Egito, pois só o custo com passagens chega a mais de R$ 8.000,00. Meu grande sonho é poder voltar à casa dos meus pais e poder abraçá-los", finalizou.