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Petrópolis: número de mortos após temporal sobe para 80

Governador do Rio anunciou ajuda para pagar aluguel social a desabrigados e maquinário para a limpeza e reconstrução dos pontos afetados na cidade

Por Agência O Globo 16/02/2022 18h06 - Atualizado em 16/02/2022 20h08
Petrópolis: número de mortos após temporal sobe para 80
Chuvas em Petrópolis (RJ) - Foto: Reprodução/CNN Brasil

O forte temporal que caiu na tarde desta terça-feira, dia 15, em Petrópolis, na Região Serrana, deixou ao menos 80 mortos na cidade, segundo o governador Cláudio Castro. A prefeitura decretou estado de calamidade pública. O número de mortos pode subir em razão de pessoas que estão soterradas em vários pontos do município. O secretário da Defesa Civil e comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro, afirmou que, só no Morro da Oficina, dezenas de casas foram atingidas pela lama. Ele destacou que "há inúmeros desaparecidos", sem precisar o número exato.

Em muitos pontos de Petrópolis, como Morro da Oficina, Quitandinha, Caxambu e Floresta, onde ocorreram deslizamentos provocados pelo temporal, chama atenção o drama dos moradores em busca por pessoas desaparecidas. O número de casas destruídas ou soterradas é muito grande. Pelo menos 400 bombeiros com ajuda de cães participam dos resgates. A Defesa Civil registrou 325 ocorrências, das quais 269 foram por deslizamentos. Os corpos encontrados pelos socorristas estão sendo levados para o Instituto Médico-Legal (IML).

Imagens gravadas por moradores no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, mostram uma encosta indo abaixo, arrastando construções. Num dos vídeos, pessoas em desespero retiram às pressas crianças de dentro da Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva.

Somente na Rua do Imperador, região Central da cidade, foram encontrados 12 corpos — sendo 11 de mulheres. Agentes da Guarda Civil acompanharam os resgates dos corpos, que estavam presos às ferragens ou ainda submersos no rio.

São poucas as ruas de Petrópolis onde não se encontre ao menos uma marca das fortes chuvas. Em um trecho de poucos metros havia um ônibus, um caminhão e 17 carros amontoados. Além de veículos, era possível ver produtos do comércio local espalhados pelas ruas, misturados à lama.

— A situação é de uma tragédia. O Corpo de Bombeiros tem dificuldade de acessar os locais mais críticos porque há muitos carros, ônibus e abandonados nas ruas. São vários pontos de deslizamento — disse o coronel Leandro Monteiro, secretário estadual de Defesa Civil, anunciando que será montado um hospital de campanha na cidade.

Em visita à cidade, ainda na noite de terça-feira, o governador Claudio Castro declarou ter visto cenas de guerra. Ele se reuniu com o prefeito Rubens Bomtempo e garantiu que haverá ajuda do estado e também da União.

Pelo Twitter, o governador disse ter orientado que "parte dos secretários se desloquem para apoiar a população no que for preciso”. Também pelo Twitter, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, divulgou que ofereceu ajuda. Castro anunciou, ainda, que maquinários de órgãos estaduais e da Cedae vão para a cidade ajudar no socorro e desobstrução de ruas.

Drama nos resgates

Os corpos de vítimas arrastadas pelas enxurrada começaram a aparecer em ruas do Centro da cidade quando a água baixou. Por volta das 23h30, o cenário visto na Rua Teresa, principal polo comercial da cidade, era de devastação. A via ficou coberta por lama, e todas as lojas sem luz. Uma academia de ginástica teve diversos aparelhos de musculação jogados para a rua pela força da água.

O Corpo de Bombeiros pede a doação de água mineral, além que a população que está segura, permanece no local que está abrigada:

— Só no fim da noite os homens que vieram do quartel da cidade do Rio conseguiram chegar por causa de um bloqueio na estrada. Teremos mais de 200 homens chegando na cidade nas próximas horas. A maior difiiculdade de acesso é na região do Morro da Oficina. São muitos desabrigados, desalojados e vamos precisar da ajuda — afirma o coronel.

A cidade entrou em estágio de calamidade e, no início da madrugada desta quarta-feira, a Defesa Civil contabilizava 148 pontos de deslizamentos, além de alagamentos e quedas de árvores. A maior incidência de deslizamentos ocorreu nos bairros Centro, Quitandinha, Caxambu, Alto da Serra e Castelânea. Em seis horas, o acumulado pluviométrico atingiu 259 milímetros — acima da média esperada para todo o mês de fevereiro, de 238,2 milímetros.

Na região do Morro da Oficina, carros foram arrastados pela enxurrada. Ruas viraram rios, deixando moradores em pânico. Já o centro de Petrópolis ficou debaixo d’água: até o quartel dos bombeiros foi completamente inundado. Ontem à noite, parte de Petrópolis continuava sem luz, e pessoas, isoladas à espera de socorro.

O secretário Leandro Monteiro informou que todos os 120 bombeiros dos quartéis de Petrópolis foram para as ruas ontem. Mais uma equipe com 200 agentes estava a caminho da cidade à noite. Segundo ele, há muitos desabrigados e desalojados, que estão sendo levados para escolas e postos de saúde. O trabalho para socorrer pessoas ilhadas e feridas contava com o apoio de botes e de veículos 4x4, além de oito ambulâncias. Policiais militares do 26º BPM ajudaram na operação.

— A maior dificuldade de acesso é ao Morro da Oficina — disse.

Vídeos compartilhados nas redes sociais nesta terça-feira ainda mostram correria no centro de Petrópolis, uma das áreas mais atingidas. Há denúncias que arrastões estariam sendo cometidos na área.

Todas as sirenes acionadas

Com a cheia de rios, ruas do Centro ficaram completamente alagadas. Imagens que circulam na internet mostram carros sendo arrastados pela enxurrada nas regiões mais altas do município. Todas as sirenes de Petrópolis foram acionadas, alertando moradores de áreas de risco.

O acúmulo de chuva no município chegou a 259 milímetros em apenas seis horas, sendo que o esperado para todo o mês de fevereiro era de 238 milímetros.

O secretário de Defesa Civil do estado, o coronel Leandro Monteiro informou ao RJ2, da TV Globo, que todos os 120 bombeiros do quartel de Petrópolis estão nas ruas, mas que enfrentam dificuldades para se deslocarem devido aos alagamentos. Mais 60 agentes estão a caminho da cidade. Eles são de uma equipe especializada e irão reforçar o socorro com uso de botes e caminhonetes 4x4.

Monteiro confirmou que, até o momento, há o registro de um óbito e de três pessoas soterradas no Morro da Oficina. Oito ambulâncias também são usadas. A população de área de risco está sendo direcionada a pontos de apoio, como escolas e postos de saúde. Os moradores do bairro Floresta foram orientados a realizar o acionamento do Sistema de Alerta e Alarme Alternativo, por apitos.

Segundo a Prefeitura de Petrópolis, somente o primeiro distrito do município foi atingido pela tempestade. O Centro ficou inundado, e a água invadiu estabelecimentos. Num supermercado, imagens mostram as mercadorias boiando sobre a água que tomou o lugar.

Em nota, a Secretaria de Educação do município informou que as aulas desta quarta-feira, dia 16, foram suspensas.

Queda de barreira

Na Rio-Petrópolis, o trânsito operava em meia pista na descida da serra de Petrópolis, altura do km 82, nas imediações do terminal rodoviário do Bingen, devido à queda de barreira. Chovia forte no trecho de Petrópolis da rodovia, exigindo atenção redobrada dos motoristas.