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Iphan remove Canoa Tolda Luzitânia das águas do rio São Francisco

A embarcação estava submersa no município de Pão de Açúcar (AL) após o aumento da vazão do rio São Francisco

Por Ascom Iphan-AL 17/03/2022 19h07
Iphan remove Canoa Tolda Luzitânia das águas do rio São Francisco
Embarcação sendo transportada para uma marina no município de Traipu (AL), no início da noite desta quarta-feira (16) - Foto: Iphan-AL/Marinha do Brasil

Após três dias de operação, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluiu na noite desta quarta-feira (16) a missão de retirar e rebocar com segurança a canoa de tolda Luzitânia da área encharcada do rio São Francisco. A embarcação afundou quando o nível do rio subiu, após a abertura das comportas da hidrelétrica de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, no final de janeiro deste ano. Com objetivo de ser restaurado, o bem, tombado pelo Iphan em 2010, foi transportado para a JM Marina, no município de Traipu (AL), local seguro para sua conservação.

“A remoção da canoa foi um sucesso e estamos muito satisfeitos com a conclusão da operação. Desde que fomos comunicados sobre o ocorrido, trabalhamos incessantemente para realizar todos os trâmites determinados pelo Poder Judiciário e cumprir com todos os requisitos exigidos pela Marinha do Brasil”, comemorou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Foi uma operação delicada, com muitas etapas e cada uma delas cumpridas com muita atenção. O resgate e reboque da canoa foram possíveis graças a uma ação emergencial aprovada pelo Iphan, por meio do governo federal, para liberação de recurso”, completou a presidente.

De acordo com a superintendência do Iphan em Alagoas que acompanhou toda a operação, aparentemente a embarcação está em boas condições, mas será avaliada e, posteriormente, serão feitos os reparos necessários para sua restauração. “A canoa apresenta fissuras, anteriores ao alagamento. Ela não afundou, e sim foi inundada justamente por causas dessas aberturas”, explicou a superintendente do Iphan-AL, Melissa Mota.

Para evitar o encalhe da canoa e não danificar sua estrutura, o Iphan solicitou à Chesf para que as defluências médias diárias das usinas hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (AL/SE) não fossem reduzidas no período da operação.

Desde o início do ocorrido, o Instituto contou com o apoio integral da Procuradoria Federal que constantemente manteve informado o Poder Judiciário das dificuldades e soluções para condução do salvamento. Além disso, trabalhou em conjunto com as superintendências do Iphan em Alagoas e Sergipe, centralizando as informações no Departamento de Patrimônio Material (Depam).

A operação também teve o apoio da Marinha do Brasil, da Capitania dos Portos de Alagoas, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e da Superintendência Regional da Polícia Federal em Alagoas.

Canoa de Tolda Luzitânia

Símbolo do rio São Francisco, a canoa de tolda só existe no Brasil. As toldas originais eram grandes embarcações, mas a brasileira possui somente 16 metros de casco e foi perfeitamente adaptada para descer o rio, a favor do vento, com o pano aberto. É composta de leme, tábua de bolina, moitão e a tolda que servia para abrigo da alimentação e dos canoeiros. A Luzitânia é um dos três últimos exemplares das canoas de tolda do rio São Francisco.

Adquirida em 1999 pela Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco, passou por uma completa restauração e voltou a navegar. Apesar de a restauração apresentar uma embarcação com materiais diversos do original, para a população ribeirinha a sua forma continua repleta de significados. Essa embarcação, que na época do cangaço se chamava Rio Branco, teve grande importância econômica no transporte de mercadorias em toda a região.

Em 2018 e 2019, o Iphan já havia alocado recursos para manutenção da embarcação. Contudo, a responsabilidade por sua conservação, uso e gestão continua sendo do proprietário, que, nesse caso, é a Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco – Canoa de Tolda. Isso vale para qualquer bem tombado, seja de uso público ou privado. O tombamento também não interfere nas competências institucionais de outras esferas, como as prefeituras, governos estaduais e outras áreas do governo federal.