Economia

Apesar do título de terra do fumo ter ficado no passado, fumicultura resiste em Arapiraca

O auge da cultura fumageira ocorreu entre as décadas de 50 e 70

Por 7segundos com Vilceia Melo 27/10/2022 12h12 - Atualizado em 27/10/2022 14h02
Apesar do título de terra do fumo ter ficado no passado, fumicultura resiste em Arapiraca
Feira de fumo de corda de Arapiraca resiste em meio ao desenvolvimento da cidade - Foto: 7segudnos

Arapiraca já foi conhecida como a "capital brasileira do fumo" - título que recebeu em função do grande extensão do plantio desta cultura  dos altos rendimentos que proporcionava aos fumicultores da região. As mansões "faraônicas" que foram construídas entre as décadas de 50 e 70 - quando a produção atingiu seu apogeu - são símbolos dessa fase econômica tão forte que impulsionou o crescimento e Arapiraca. Nesta matéria, que integra a série de reportagens especiais produzida pelo 7Segunos sobre o aniversário de 98 anos de emancipação política de Arapiraca, vamos abordar o que mudou nas últimas décadas na produção do fumo verde. 

Com a grande produção e a expansão de terras ocupadas pela cultura do "ouro verde" , a exportação do fumo de corda oriundo das terras de Manoel André se deu com a instalação de indústrias a exemplo da Cacique S/A, Souza Cruz, Danco,e Coringa e Incofusbom. Com o declínio da cultura do fumageira que foi iniciada na década de 80, toda a riqueza produzida pela produção do fumo foi direcionada para outros setores da econômica local como o comercio atacadista, que passou a ser distribuidor para o Agreste e Sertão alagoanos. Atualmente o setor atacadista exporta nossos produtos para outras regiões do país.


Outros setores como o imobiliários e o setor educacional também se fortaleceram nas últimas décadas e mesmo com a redução da cultura fumageira, Arapiraca continua se desenvolvendo e atraindo investidores.

Mesmo com todo esse declínio, devido principalmente as campanhas antitabagistas, a produção da folha verde do fumo tradicional ainda é cultivada pelos pequenos agricultores de Arapiraca e outros municípios localizados no Agreste, a exemplo de Feira Grande e Craíbas.

A feira de fumo de Arapiraca que recentemente foi transferida do bairro Baixão para o bairro Zélia Barbosa Rocha, ainda é uma referência para venda e compra do chamado "fumo de corda" .


Mas quem trabalha nesse setor há mais de 30 anos, como o agricultor Elias Ferreira Barbosa, revela que a venda do fumo tem sido muito afetada após a transferência do local. "Quando a feira era realizada na Avenida Miguel Correia de Amorim eu chegava a apurar mais de R$ 500 por dia. Agora quando faturo muito não chega a R$ 50,00",revelou.

Além da transferência de local, os feirantes apontaram outros fatores para a queda no comércio do fumo: fatores climáticos que prejudicam a safra e alto custo dos insumos obrigando o agricultor reduzir a quantidade de adubo na fase de plantio. 
"Choveu muito e o pouco de adubo que o pequeno agricultor conseguiu comprar era arrastado pela chuva desse inverno", afirmaram os agricultores. 


Por conta da baixa qualidade do produto, a média do quilo do fumo de corda este ano está em torno de R$ 18,00 e R$ 20.00. Mesmo assim, comerciantes vem de outras cidades continuam frequentando a feira de fumo de Arapiraca a exemplo de Girau do Ponciano, Craíbas, Limoeiro de Anadia, entre outros municípios.

Segundos os feirantes, nos tempos atuais difícil mesmo é encontrar na feira uma bola de fumo de primeira qualidade.  "Quando a gente encontra um fumo bom, pode ter certeza que vem de outra região. A qualidade do produto dobra o preço do quilo chegando a atingir R$ 40,00", finalizou Elias Ferreira.