Sertão

Assentamento em Olho D'água do Casado é importante na preservação ambiental

Sítios arqueológicos já são visitados por turistas, numa iniciativa que conta com orientação e parceria do Iphan e da Prefeitura

Por 7segundos com assessoria 29/11/2022 08h08 - Atualizado em 29/11/2022 08h08
Assentamento em Olho D'água do Casado é importante  na preservação ambiental
FPI do São Francisco Olho D'água do Casado - Foto: Assessoria

O Assentamento Nova Esperança recebeu a visita da Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco (FPI Rio São Francisco), nesta 11ª etapa, que ocorre no alto sertão alagoano. A Equipe de Comunidades Tradicionais e Patrimônio Histórico, em conjunto com a Equipe Sede de Aprender, visitou a comunidade de trabalhadores rurais que vem desenvolvendo junto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no município de Olho d´Água do Casado (AL), um projeto de gestão colaborativa do território.

O Assentamento está localizado perto de um dos pontos mais bonitos do rio São Francisco. A população foi assentada há 20 anos com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A comunidade promove a agricultura familiar, a proteção do bioma caatinga, a conservação de sítios arqueológicos e o fomento ao turismo cultural, ecológico e sustentável de base comunitária.


Antes da reunião com os trabalhadores rurais, a FPI visitou dois importantes sítios do Complexo Arqueológico Nova Esperança que já possuem estrutura para minimizar eventuais impactos que o turismo possa causar, como plataforma de acesso e a capacitação de trabalhadores para que sejam multiplicadores de informações aos turistas visando conhecimento técnico e preservação das pinturas e gravuras rupestres. Tudo fruto do trabalho de construção colaborativa entre o IPHAN e a comunidade.

A arqueóloga Rute Barbosa, que compõe a Equipe de Comunidades Tradicionais e Patrimônio Histórico representando o Iphan, explicou que a região do alto e médio São Francisco – incluindo Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia –, possui um alto número de sítios arqueológicos que são considerados muito importantes para compreender o povoamento da região e do Brasil em épocas pré-coloniais, havendo indícios de que alguns desses desenhos rupestres tenham mais de 8.600 anos.

A reunião ocorreu na Associação Pegadas da Caatinga, no Assentamento Nova Esperança, e contou com a participação de moradores representando as 200 famílias que apresentaram demandas à FPI, entre elas:


- A paralisação da obra da barragem que levaria água para irrigação no assentamento e que está paralisada por problemas da construtora Gautama, envolvida em escândalo de corrupção;

- A necessidade de píer para a comunidade acessar ao rio e promover passeios turísticos com pequenos barcos podendo chegar mais próximo a grutas cravadas nos cânions;

- Sinalização de trânsito nas três vilas do assentamento, pois tem crescido o número de turistas e que passam em alta velocidade pela comunidade, colocando em risco moradores, crianças e animais. Assim como ocorre quando um importante rali de motos atravessa a comunidade.

Para o procurador da República Érico Gomes, que acompanhou a visita ao assentamento, o resultado do apoio do Iphan e a dedicação da comunidade são um importante exemplo de sucesso. “Vimos como políticas públicas afirmativas de reforma agrária podem dar resultados positivos e importantes para a população rural e para a proteção ambiental e patrimonial histórico e cultural. A comunidade está de parabéns, vamos buscar mecanismos para contribuir com essa comunidade”, comentou Érico Gomes.