Tradicional terreiro de candomblé de Arapiraca recebe homenagem da Prefeitura
Espaço religioso tem suas raízes em descendentes africanos remanescentes do Século XIX

A religiosidade de matriz africana Nagô, do povo Iorubá, chegou em Arapiraca através da ialorixá Iracema Alves dos Santos, no século XX. A sacerdotisa fazia parte de toda uma geração de descendentes de africanos do séxulo XIX, e deixou um fruto que até hoje continua mantendo a tradição, cultura e crenças: José Ilair Alves dos Santos, o Pai Quinha, seu filho.
Em janeiro, o espaço mantido por ele foi um dos que receberam o selo “Aqui se faz Cultura”, reconhecimento da Prefeitura de Arapiraca, concedido por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude. “É um privilégio a gente receber esse selo. Agradeço muito a Deus por receber essa homenagem e ao axé da minha mãe. Estou aqui levando esse axé do nagô raízes de Iracema Alves dos Santos, nagô legítimo. O nagô dela está vivo, não está morto”, disse Pai Quinha.
Aos 61 anos, Pai Quinha foi Iniciado para o Orixá Xangô quando tinha 19, e desde então, dedicou sua vida ao aprendizado e guarda de saberes ancestrais milenares oriundos dos Povos Iorubás. O grupo está em presente em cinco países africanos, principalmente na Nigéria, país onde fundaram seu primeiro reino e, daí, conquistaram vastos territórios nos quais estabeleceram impérios poderosos como o de Oió, cuja divindade Xangô teria sido um de seus reis míticos.
Frutos de Balbina e Iracema
Em Arapiraca, ele fundou o terreiro Ilé Axé Obá Xangô Alacê há 17 anos, carregando todas da raízes da mãe e também do pai, Babalorixá Aroldo Manoel Santos. O espaço funcionava inicialmente no bairro Canafístula, mas em 2018 foi levado para o Povoado Furnas, zona rural do Município de Arapiraca. O local é um museu vivo, que simboliza a resistência e manutenção de saberes, práticas sociais e visões de mundo milenares, trazidas para o Brasil no processo de diáspora forçada a que foram submetidos mais de quatro milhões de africanos ao longo de quatro séculos. No terreiro, são mantidas as tradições familiares e de cultura comunitária próprias da cosmovisão africana-nagô, baseada no profundo respeito à ancestralidade, à natureza, e ao ser humano como centro da criação do universo.
Além de Babalorixá, Pai Quinha detém vasto conhecimento em torno da musicalidade afro-nagô. O acervo na memória guarda centenas de cantos sagrados chamados de Zuelas, essenciais para a liturgia afro religiosa, a maior parte já praticamente desaparecidas nas práticas religiosas dos Terreiros Nagô contemporâneos em Alagoas.
Pai Quinha é o patriarca dessa família que, hoje reúne em torno de 60 pessoas, que formam os galhos e ramas de uma grande árvore que tem nas matriarcas Balbina da Costa – símbolo da geração do século XIX -, e Iracema dos Santos suas raízes mais profundas, referências maiores da sabedoria Nagô firmemente plantada no município de Arapiraca há mais de 60 anos.
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