A audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (02) na sede do Ministério Público Estadual (MPAL), em Arapiraca, foi marcada por depoimentos emocionados de pacientes que fazem tratamento oncológico, cardiológico e de urologia no Centro Hospitalar Manoel André (CHAMA). Desde 2022 o hospital deixou de receber com regularidade os recursos que deveriam ser repassados pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau).

Comandada pelos promotores Rogério Paranhos e Viviane Karla, da 4ª e 6ª promotorias de justiça respectivamente, a audiência. que teve como principal objetivo ouvir dos próprios pacientes a difícil situação que estão vivenciando em função da suspensão desses serviços. Muitos deles estão há dois anos esperando o tratamento ou procedimento cirúrgico.  A audiência também teve a participação de outros quatro promotores de Justiça , dentre eles, o presidente da Associação do Ministério Público de Alagoas (Ampal), Roberto Salomão do Nascimento.

Girlene dos Santos, uma dos 236 pacientes que estão na fila de espera, foi diagnosticada com um câncer de mama, fez tratamento quimioterápico mas será preciso retirar a mama. Ela não segurou as lágrimas e suplicou diante da sala de audiência lotada: "Pelo amor de Deus, façam alguma coisa para salvar a nossa vida".

Outro depoimento emocionante foi da dona de casa Maria do Carmo, 52 anos, que mora em Feira Grande, no Agreste alagoano. Ela foi diagnosticada com câncer de útero em outubro do ano passado. A paciente relatou que fez o primeiro exame no Hospital do Amor e teve que esperar cinco meses para receber o resultado da biópsia. Em seguida, foi encaminhada ao Hospital Chama, única referência em tratamento oncológico no interior. 

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"O médico solicitou muitos exames e não consegui realizar todos pelos SUS. Tive que pagar uma ressonância porque cada minuto para quem recebe o diagnóstico de câncer é uma eternidade", relatou.

Maria do Carmo correu contra o tempo mas há quase dois meses ela aguarda a marcação da cirurgia. Os representantes do Hospital Chama e da Secretaria Municipal de Saúde de Arapiraca, que também compareceram à audiência , afirmaram que sem o repasse dos recursos da Sesau não tem como definir data da cirurgia. 
A dona de casa  que é viúva e ainda tem um filho de menor para criar sofre diariamente ao ter que vivenciar essa situação desesperadora.

"O câncer já se alastrou para outros órgãos e a gente depende do Estado para poder realizar a cirurgia e tratamento. Porque esses dinheiro não chega em Arapiraca? indagou.

A cada relato dos pacientes, um sentimento de impotência diante de uma situação que somente o executivo estadual pode resolver atualizando o repasses dos recursos federais provenientes do Fundo Nacional de Saúde.

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Dívida da Sesau com a 2ª Macrorregião de Saúde

Arapiraca é referência para o atendimento médico da 2ª Macrorregião de Saúde que abrange outros 45 municípios do interior. A Sesau deixou de repassar ao Hospital Chama mais de 12 milhões de reais (R$ 12. 042.397,23) referente a Oncologia, Promater e Mais Saúde Especialidade que inclui a cardiologia.

Além do Hospital Chama, o Hospital Regional e Maternidade Nossa Senhora de Fátima também estão sem receber os recursos da Sesau. A soma dos recursos que a Sesau deixou de repassar para essas duas últimas unidades hospitalares ultrapassa  8 milhões e 300 mil reais.

Na fala final da audiência pública, o promotor Rogério Paranhos afirmou que vai solicitar à Justiça outro bloqueio de recursos a fim de que sejam regularizados os serviços do Hospital Chama e a restruturação da equipe de oncologia que pediu demissão em massa diante  desse situação tão crítica que afeta milhares de pessoas que estão lutando para sobreviver. 

A Sesau não enviou nenhum representante para a audiência pública com os pacientes que foi realizada hoje (02) mas segundo o promotor Rogério Paranhos o secretário de Estado da Saúde estará em Arapiraca na próxima segunda-feira (07) para explicar o porquê do atraso no repasse dos recursos.