A Noite do Jazz no Festival de Música de Penedo arrancou suspiros e arrepios do público na quinta-feira (19). O evento juntou o grande saxofonista brasileiro Leo Gandelman com outro gigante da música, Eric Almeida, no mesmo palco montado no Largo da Igreja de São Gonçalo. E ainda teve a participação especial do Grupo de Saxofones da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Leo tocou e brilhou. Vestido de preto, clássico, uma pequena corrente de prata no pescoço, cabelos grisalhos, o musicista entrou de uma forma triunfal já pondo todo o seu fôlego no meio do público. Ele passou pelas pessoas da plateia mostrando generosidade, simplicidadee afeto em direção ao palco.

Com o artista estava o baterista Casius Terpersons, o baixista André Vasconcellos, o tecladista Eduardo Farias e o técnico de áudio, Márcio Gama. Era possível acompanhar a troca de sinergias entre eles, especialmente nos momentos antes das transições de uma música para a outra. Algumas composições como Castelo de Areia, Caminhante, Raízes e Nemchemá foram tocadas no palco. Inclusive, essa última canção é de autoria de Leo, inspirada emseu pai, já falecido.

Mesmo com seus 67 anos de idade e os mais de 40 anos de carreira, Leo Gandelman sustentou mais de uma hora de show sem pestanejar, e ainda interagiu com a plateia diversas vezes. O grande momento foi quando ele tocou a música inspirada em seu pai e, ao final, foi possível perceber seus olhos fechados, emaranhados com um suspiro dramático, como quem estava prestes a orar.

"Essa situação da gente tocar em uma praça pública ao ar livre é uma situação ideal para qualquer artista e para o público também. Uma noite como esta comuma temperatura tão gostosa, desenhada especialmente para a boa música, para os momentos. Eu acho que a gente fez isso, tivemos bons momentos juntos", comentou o músico.

Durante o show, Leo desceu do palco e passeou no meio do público, como se buscasse alguém para levar ao palco. E conseguiu!O sortudo foi o jovem Thiago Luiz Silva Santos, de 16 anos, que veio de Pernambuco com o grupo comandado pelo maestro Mozart Vieira, a Orquestra dos Meninos de São Caetano. O garotojogou um groove no saxofone contralto, do próprio Leo, de uma forma que fez a plateia toda vibrar. Ele tocou um a zero, de Pixinguinha, acompanhado pela banda Os Impagáveis, e fez o público ir ao delírio.

"É uma emoção muito grande para a gente que veio do interior de Pernambuco. Dividir o palco com esse cara [Leo Gandelman], não tenho nem palavras, já chorei bastante. Foi emocionante, estou emocionado até agora. Agora é tentar dormir porque foi muita adrenalina", celebrou o jovem Thiago.

Na plateia também estavam Lindinalva e Paulo Jorge Camilo Alves, de 62 anos e 58 anos, respectivamente. Eles são de Penedo e acompanharam as apresentações. A idosa contou que estava cansada por causa do trabalho, mas decidiu ficar no local para ver o show. "Achei ótimo participar desse evento e ver a apresentação. Muito bonito, muito bom. Dou nota 10 para todos vocês", avaliou.

"Achei ótimo também. Ouvindo o Leo, me veio em mente algumas músicas antigas. Foi lindo. Gosto muito desse Festival porque é um evento importante e movimenta a cidade", complementou Paulo Jorge.

O segundo momento do show ficou por conta do saxofonista Eric Almeida e banda. Ele convidou, para uma participação especial, o Grupo de Saxofones da Ufal. Foi um momento de muita alegria e descontração.