Em meio à movimentação de um sábado de feira no interior, os olhos do público se desviaram das plaquinhas de preço para se fixarem no desfile de bandas promovido pelo Festival de Música de Penedo. Com a participação da Banda Musical Lira Senhora Santana, de Boquim-SE; da Banda Fênix e da Banda Feminina do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe), ambas de Penedo; Elas fizeram o som ecoar pelo Centro Histórico da cidade.

Ainda na concentração em frente ao Teatro 7 de Setembro, Marileide Santos já estava a postos para levar, literalmente, o nome da Lira Senhora Santana às ruas. Uma das responsáveis por segurar o escudo da banda que já tem 40 anos de existência, ela disse estar orgulhosa por representar sua cidade e seu estado em Penedo, principalmente para o Festival. “A música liberta o nosso espírito. Ela transforma a gente com a visão, um olhar para o mundo que, hoje em dia, está muito complicado. A gente vem com cultura, vem com zelo. É um orgulho para a gente ter essa dedicação dos músicos em representar nosso estado”, reforçou.

E esse orgulho não se limita a bandas com décadas de fundação. A semente da Banda Feminina do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe) foi lançada há alguns meses como projeto vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “A gente já vinha conversando e montando um repertório. Todas as meninas já participam de Filarmônicas, então ficou bem mais fácil. Demos apenas um ensaio ontem [dia 20], e hoje [dia 21] estamos fazendo esse lançamento”, explicou a regente Aryelly Leandro.

Considerando-se suspeita para falar sobre música por ser declaradamente apaixonada, Aryelly destaca a dedicação de cada musicista da banda composta por alagoanas e sergipanas. “Fazer música no meio feminino é um pouco mais difícil pelo fato da correria das mulheres, donas de casa e com outras atividades. Mas as que eu tenho aqui, literalmente, são apaixonadas por música também. Então foi super tranquilo [o processo]”, reforçou.

Ainda que tenham apenas ensaiado uma vez, a banda estreou e se destacou, despertando a curiosidade das pessoas. “De onde é esta banda? Nunca tinha visto uma mulher à frente e uma banda quase só de mulheres”, questionou-me Olívia Rodrigues, de 76 anos, ficando surpresa quando descobriu que a formação era penedense e, mais surpresa ainda quando viu entre o grupo de percussão, tocando prato, uma musicista de vestido e salto alto. Era Jussara Santana trazendo o empoderamento feminino para as avenidas ribeirinhas. “Vim de salto para mostrar o empoderamento da mulher. Por ser uma banda, a gente costuma ver todo mundo de calça. Por isso coloquei vestido e brinco também”, afirmou.

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