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O que é mais raro: gravidez de quíntuplos ou ganhar na Mega-Sena?

Caso da jovem do Rio que descobriu estar grávida de cinco bebês viralizou

Por G1 23/11/2023 09h09
O que é mais raro: gravidez de quíntuplos ou ganhar na Mega-Sena?
Família do ES com quíntuplos - Foto: Arquivo pessoal

O caso da jovem de 18 anos do Rio que engravidou naturalmente de cinco bebês viralizou nas redes sociais e chamou a atenção pela raridade. Segundo médicos, a chance de ganhar na loteria é maior do que ter uma gravidez natural de quíntuplos.

👉 A explicação está num evento excepcional: para que uma gravidez de gêmeos ocorra, em vez de ter apenas um óvulo por ciclo menstrual, a mulher precisa produzir mais de um (ou quando o óvulo se divide em outros).

A chance disso acontecer é tão rara que é mais fácil ganhar na Mega-Sena do que ter uma gravidez de quíntuplos.
— Enoch Barreto, ginecologista e obstetra, coordenador da Maternidade de Vila Nova Cachoeirinha (SP)

Na Mega-Sena, uma aposta simples, com seis dezenas, tem uma chance em cada 50.063.860 de ser a vencedora, segundo a Caixa. No caso da gravidez, a estimativa é de que apenas um parto a cada 60 milhões seja de quíntuplos.

Como é a fecundação

Para entender como isso acontece, é preciso saber o que ocorre no corpo feminino até a gravidez:

Durante o ciclo menstrual, a mulher desenvolve os folículos ovarianos.
Ao longo do ciclo, um deles se torna dominante e cresce podendo chegar a até três centímetros.
Dentro desse folículo, existe um óvulo que, no 14° dia do ciclo, em geral, chega a tuba, que é onde ele vai encontrar o espermatozoide.

O natural é que a mulher tenha apenas um óvulo, mas a gravidez múltipla acontece quando, por uma raridade, a mulher produz mais de um e eles são fecundados.

Isso pode ocorrer quando há estímulo, por exemplo, em casos de fertilização. Mas, naturalmente, como no caso da jovem Sara Campos da Silva, é uma raridade.

A gravidez gemelar pode ter um histórico familiar, mas isso quando se tem o caso de gêmeos (dois bebês). Falando de cinco crianças, isso não tem relação com histórico familiar. Foi uma raridade do corpo, sem estímulo, produzir mais de um óvulo. É uma chance muito pequena que isso ocorra.

Maurício Simōes Abrão, ginecologista e obstetra

O médico, que atende no Hospital das Clínicas da Beneficência Portuguesa, diz que, no hospital, nunca atendeu casos de quíntuplos.

➡️ Uma outra explicação possível para a gestação de gêmeos, segundo Mariana Osiro, ginecologista e obstetra pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é que a mulher produza apenas um óvulo, mas que ele se divida.

“Essa reação do óvulo se dividir e gerar mais de um bebê é mais ligada ao fator genético. Ainda assim, é comum em caso gemelar, mas, nesse volume de bebês, é muito difícil. Raríssimo que o óvulo se parta em cinco”, explica Mariana Osiro.

➡️ A herança genética é, sim, um fator que contribui para a gestação de gêmeos. Segundo os especialistas, se existem casos na família, há chances de que isso se prolongue ao longo das gerações seguintes.

No caso de Sara, por exemplo, o pai dos bebês tem vários casos na família. Apesar disso, os médicos explicam que é difícil que esse tenha sido o determinante para o caso múltiplo, porque o fator predominante é da mãe - já que é preciso que, por uma influência genética, ela produza mais de um óvulo ou que tenha facilidade para que eles se dividam.

Casos de gêmeos quíntuplos não são frequentes


O caso de Sarah não é o único recente que gerou repercussão nas mídias sociais. Nos últimos anos, Mariana Mazzeli ganhou as redes com os quíntuplos no Espírito Santo, em 2019. E em São Paulo, Yanike Piera, deu à luz cinco bebês no ano passado.

Segundo os médicos, os casos ganham repercussão, justamente, pela raridade. O obstetra Enoch Barreto, coordenador da Maternidade De Vila Nova Cachoeirinha, na capital paulista, tem 20 anos de carreira e fez parto de quíntuplos uma única vez, em 2022, com o caso de Yanike.

A mãe já tinha dois filhos e engravidou uma terceira vez, mas descobriu que eram quíntuplos. No caso dela, também não houve tratamento e a gravidez múltipla foi natural.

“Foi também um caso raro na medicina. A chance disso acontecer é de um caso para 1,7 milhão de gestações. É um número muito baixo”, explica.

O médico explica ainda que não há como prever a chance de uma gestação gemelar. Apesar de ser possível identificar a ovulação da mulher pelo ultrassom transvaginal – um exame que dá a visão detalhada dos órgãos reprodutivos femininos – não há como garantir que a produção de mais de um óvulo seja cíclica. Ou seja, se repete em todos os ciclos e em quais quantidades.

“Não tem como dizer se uma mãe vai ou não ter gêmeos se a gravidez é natural. Ainda que identificassem mais de um óvulo em um ciclo, isso poderia ser o acaso. O que a gente pode afirmar é que as mulheres que querem engravidar no futuro podem acalmar o coração porque isso é muito difícil de acontecer”, explica.