EUA impõem sanções a grupo israelense de extrema direita
Governo americano mirou aqueles que "prejudicam a estabilidade na Cisjordânia ocupada por Israel"
Os Estados Unidos impuseram sanções nesta quinta-feira (11) a um grupo israelense de extrema direita e a quatro postos avançados não autorizados na Cisjordânia, uma medida contra aqueles que, segundo os EUA, prejudicam a estabilidade na Cisjordânia ocupada por Israel.
Também foram impostas sanções a três indivíduos israelenses, e os EUA pediram ao governo de Israel que tome medidas para responsabilizar os extremistas por ações que, para o governo americano, prejudicam as esperanças pela implementação da solução de dois Estados entre israelenses e palestinos.
As sanções desta quinta-feira tiveram como alvo a organização israelense sem fins lucrativos Lehava, que se opõe à assimilação judaica de não-judeus.
O governo Biden disse que membros do Lehava se envolveram em repetidos atos de violência contra palestinos.
O fundador e líder do grupo, Ben-Zion Gopstein, já havia sido sancionado anteriormente pelos Estados Unidos. Além disso, o Reino Unido também impôs sanções ao Lehava.
Os Estados Unidos também impuseram sanções a quatro postos avançados não autorizados na Cisjordânia que, segundo o Departamento de Estado dos EUA, foram “transformados em armas” de violência para deslocar palestinos, com a interrupção de pastagens, a limitação do acesso a poços de água e o lançamento de ataques violentos contra palestinos vizinhos.
Um dos postos avançados é uma fazenda “estabelecida em terras de pastagem pertencentes à comunidade palestina, e os colonos desse posto avançado atacam regularmente os pastores da comunidade e impedem seu acesso às terras de pastagem por meio de atos de violência”, segundo o Departamento de Estado.
Dois outros israelenses foram punidos por serem líderes do Tsav 9, um grupo já anteriormente punido que atacou comboios de transporte de ajuda humanitária destinada a civis na Faixa de Gaza, segundo o documento.
A medida proíbe que americanos negociem com as pessoas e entidades que foram alvo das determinações e congela todos os seus ativos norte-americano. Não ficou claro se algum dos alvos possui tais ativos.
Profundamente preocupados
“Os Estados Unidos continuam profundamente preocupados com a violência extremista e a instabilidade na Cisjordânia, que prejudica a própria segurança de Israel”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.
“Incentivamos fortemente o governo de Israel a tomar medidas imediatas para responsabilizar esses indivíduos e entidades. Na ausência de tais medidas, continuaremos a impor nossas próprias medidas de responsabilização”, adicionou.
As ações do governo Biden contra os colonos israelenses incomodaram os membros de extrema direita da coalizão de governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que apoiam a expansão dos assentamentos judaicos e, em última instância, a anexação da Cisjordânia, que os palestinos querem como parte de um futuro Estado.
Gopstein, figura israelense mais proeminente visada pelas sanções dos EUA, é um colaborador próximo e tem vínculos com o Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, que também vive em um assentamento na Cisjordânia.
Desde a guerra do Oriente Médio de 1967, Israel ocupa a Cisjordânia do Rio Jordão, que os palestinos querem como núcleo de um Estado independente. Israel contesta isso e cita laços históricos e bíblicos com a terra, tendo construído ali assentamentos judaicos considerados ilegais pela maioria dos países.
Em fevereiro, o governo Biden disse que os assentamentos eram inconsistentes com a lei internacional, sinalizando um retorno à política de longa data dos EUA sobre a questão, revertida pelo governo de Donald Trump.