Estudante da Ufal de Arapiraca produz documentário sobre plantas medicinais
Moradores de Taquarana protagonizam filme produzido por George Mauro; iniciativa busca valorizar a cultura e preservar o patrimônio imaterial

Além de seu potencial para tratar e prevenir doenças, as plantas medicinais representam a sabedoria e a cultura de um povo. E foi a preocupação de preservar esse saber e de valorizar as pessoas que o exercem que levou o estudante de Ciências Biológicas do Campus Arapiraca da Ufal, George Mauro, a contemplar o tema em seu trabalho de conclusão de curso (TCC).
“Vimos a necessidade de documentar e valorizar esses saberes tradicionais. Hoje, poucas pessoas procuram as plantas e rezas. Muitos vivem na ‘cegueira botânica’, rodeados de plantas sem perceber o quanto elas podem ser úteis e preciosas”, explicou o estudante. O trabalho de George foi feito na forma de um videodocumentário. Os protagonistas são moradores da zona rural do município alagoano de Taquarana, reconhecidos na cidade pelo conhecimento sobre plantas medicinais e com muita disposição para ajudar e dividir o que sabe.
“O senhor Evaristo, por exemplo, é procurado até por pessoas de fora e conhecido nas cidades vizinhas. Trabalhar com o tema das plantas medicinais e a sabedoria popular de Taquarana me proporcionou uma conexão profunda com a cultura local e com os conhecimentos ancestrais que muitas vezes são negligenciados”, comentou. O futuro biólogo avaliou a experiência “como extremamente enriquecedora e transformadora”. Destacou que foi muito gratificante ver a receptividade e o orgulho dos entrevistados ao compartilhar suas histórias e saberes. “É uma forma de manter essas pessoas que fizeram e fazem tanto bem sempre vivas, pois o documentário será armazenado em plataformas que podem ser acessadas a qualquer momento”, disse.
Lançamento
Com o título Os donos do Segredo: um documentário sobre o saber ancestral das plantas curativas na cidade de Taquarana, o filme produzido e realizado por George será lançado em uma apresentação especial na noite do dia 16 de agosto, em praça pública, no Centro de Taquarana.
A apresentação da defesa do TCC será em setembro. Logo após, a produção será disponibilizada nesta página do YouTube para que todos possam assistir.
Exibições nas escolas municipais também serão realizadas. “O objetivo é incentivar crianças e adolescentes a buscarem esse conhecimento tão importante evitando a sua perda, seu esquecimento”, afirmou o discente.
Sair do lugar-comum
O mais esperado no curso do George era fazer um TCC no formato de texto, valendo-se de argumentos, posicionamentos próprios, ideias e contribuições de outros autores. No entanto, ele quis se valer do espaço acadêmico para dar voz aos que correm o risco de verem seus saberes tradicionais perdidos pela falta de registro. Seguindo sugestão e orientação da professora Larissa Sátiro, ele aceitou o desafio de trabalhar sobre plantas medicinais no formato de documentário. “Aceitei imediatamente, pois sabíamos que seria algo novo para nós”, contou.
O trabalho de George contou com o incentivo da Lei Paulo Gustavo. “Toda a inscrição foi feita através do edital Bacurau do Pife daqui do município [Taquarana]. Fiz o projeto, inscrevi, ele foi aceito e escolhido para financiamento. Fiquei extremamente feliz quando soube que tinha dado certo!”, descreveu. E acrescentou: “Decidi participar, pois isso seria excelente para o meu trabalho e para a preservação de uma área cultural pouco valorizada, lembrada apenas quando se precisa de remédios ou curas”.
Gerida pelo Ministério da Cultura, a lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) destina recursos para a execução de ações e projetos culturais em todo o Brasil. Para ter acesso, é preciso participar de editais, chamamentos públicos, prêmios, serviços ou outras formas de seleção pública simplificada. Ao falar sobre o processo de gravação, George conta que “foi extremamente prazeroso”. As filmagens foram realizadas à tarde, durante quatro dias, com muita conversa e aprendizado. A edição foi realizada no Campus Arapiraca.
“Embora trabalhoso, foi gratificante ver o documentário ganhando forma, um processo verdadeiramente mágico. Recebi ajuda de amigos da Ufal, pessoais, minha orientadora, que sempre esteve presente e disposta a ajudar, e do Djalma Junior [videomaker], que gravou e editou conosco”, afirma. Orgulhoso do que realizou, George acredita que conseguiu fazer um registro importante da sabedoria popular, além de demonstrar a necessidade da preservação do meio ambiente. “Documentar essas práticas não só valoriza e preserva esse saber tradicional, mas também traz à tona a importância de olhar para a natureza com um novo entendimento e respeito. Acredito que este trabalho contribui para a valorização da cultura local e pode inspirar outras iniciativas similares, reforçando a importância da preservação do nosso patrimônio imaterial”.
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