João Coronel, de 22 anos, sentiu o carinho do público ao representar o Brasil na nova temporada de Brincando com Fogo, reality britânico de relacionamentos da Netflix. Em conversa com a Quem, o porto-alegrense contou um pouco de sua história de vida, e sobre as mudanças que vieram com o lançamento do programa inglês.

Na atração inglesa -- que já está em sua sexta edição --, solteiros "garanhões" são reunidos em uma ilha paradisíaca e, para ganharem um prêmio extravagante, todos devem renunciar de qualquer atividade sexual. O convite veio como um "milagre" na vida do cantor, que foi despejado dias antes de entrar oficialmente para o elenco.

"Eu vinha trabalhando na indústria do entretenimento há quatro anos, e eu passei por muito perrengue. Ano passado, quando estava em Los Angeles (nos Estados Unidos], eu vim com a minha guitarra e fé. Eu morei três meses na sala do meu amigo, morando no primeiro mês em um desses colchonete de yoga", relembra. "Quando ganhei um pouco mais, comprei um colchão inflável (risos)".

"Depois disso, eu tive a sorte de poder conseguir um apartamento -- mas eu descobri que eu não conseguia pagar por ele. Então fui despejado", conta o rapaz, que recebeu a mensagem dias depois de ter "jogado" a situação difícil "nas mãos da fé".

Sobre a experiência na casa com mais 16 pessoas, comenta: "Os gringos são mais fechados (...) Por isso que eu e a Flavia [Laos] nos conectamos tão bem, também porque ela é Latina, do Peru, e a gente se entende um pouco mais. Dá para ver até nos beijos, o jeito latino de beijar, aquela paixão, aquele amor... E você vê aquele beijo (dos estadunidenses), sem paixão".

“O mais difícil foi não quebrar as regras. Ficar longe da minha mãe foi complicado. Eu sou muito próximo dela, ela é minha melhor amiga e terapeuta holística", João conta. “Ela ficou muito feliz por mim".

Sobre mudanças de vida desde que entrou no programa -- que "obriga" os participantes a levarem um relacionamento com mais seriedade, garante: "Eu era o 'boy lixo' (risos). Eu mentia para as meninas que eu ficava, falava tudo que as meninas queriam ouvir só para conseguir o que eu queria... O processo me ajudou a poder ver que eu sou o bom suficiente, e que preciso ser sincero e ter responsabilidade emocional".

"Canção de término" viral

João viralizou nas redes sociais ao cantar uma música para Flavia Laos, seu par no reality, para terminar com ela. "Nosso tempo já acabou?", diz a canção. Questionado sobre a suposta "canção de término", ele explica que a música não foi criada para aquela situação.

“Eu nunca disse que eu escrevi uma 'break up song'. Essa música foi escrita em 2022. Eu estava com a minha primeira namorada e, em algum momento, eu menti para ela. A gente estava naquela fase de ‘não sabia se terminava ou ficava junto’", detalha.

Ele conta que pediu à produção do programa para praticar violão e voz todos os dias de confinamento, e recebeu a ideia de cantar a canção à então "ficante" do pessoal da Netflix. "Me viram praticando e falaram: 'Eu adorei essa música, se tu quiser cantar no show, avisa para nós'. Chegou na cena final e eu achei que a música tinha a ver com a situação", relembra.

"Isso não foi ao ar, mas eu falei para ela: 'olha, eu escrevi uma música um tempo atrás, que eu acho que você aplica a situação -- só que de forma inversa como se tivesse no lugar onde eu estava naquele momento. Posso cantar?'. Ela disse sim. Eu canto, a gente conversa e decide que não é melhor ficar juntos", explica.

Ele diz entender a decisão de edição para que o momento ficasse mais "viral". "A gente está ali para criar entretenimento, no final das contas, é um reality show, e nós estamos ali para entreter uma plateia", afirma, "É pelo bem maior, eu entendo porque foi editado daquela forma".

Infância difícil

João Paulo -- nome composto escolhido e amado pela mãe -- nasceu e foi criado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele nasceu com os pais separados, mas garante que ambos faziam o possível para que ele fosse criado com saúde. "Muita gente acha também que eu venho de uma família rica, não é o caso", inicia.

O artista aponta que teve o auxílio do avô materno para ter uma educação de qualidade, mas conta sobre as adversidades que passou com a mãe, que deu à luz ao rapaz aos 17 anos: "Quando minha mãe estava na faculdade, muitas vezes, eu tinha que ir para a aula com ela porque ela não tinha ninguém para ficar comigo".

"A gente tinha que pegar dois ônibus, ou um ônibus e caminhar. Às vezes, a gente pegava um ônibus e caminhava porque eu queria um pacotinho de minibolachas e a gente não conseguia pagar a passagem", relata. “Eu vivi uma vida muito contrastada. Não conseguia entender porque em um lado muita gente tinha muito, e no outro lado as pessoas tinham pouco".

Oportunidades no exterior

Trilíngue, João decidiu largar o Ensino Médio aos 16 anos para jogar futebol na Espanha e foi morar com o pai no continente europeu em busca de condições melhores para sua família. "Eu passei por muitos clubes na Espanha por causa de problemas de documentação. Até conseguimos o passaporte na Espanha, éramos imigrantes ilegais", aponta.
Após alguns anos no esporte, percebeu que não tinha o sonho de seguir carreira como atleta, mas sim de conseguir dar um futuro para a família. Na pandemia, estourou com um perfil no TikTok e foi incentivado pela mãe a trilhar o sonho na comunicação e na música.

"Eu queria tipo ganhar dinheiro e reconhecimento, e poder melhorar nossa vida para que ninguém na família tivesse que passar pelas coisas que a gente passou", argumenta. "No Brasil, você vê que pessoas que têm dinheiro são ou jogadores de futebol, ou cantores de funk".