Poeta e comunicador Zé do Rojão permanece lembrado como ícone da cultura nordestina em AL
Neste sábado (23) faz 11 anos de aniversário de sua morte, mas seu legado continua vivo na memória das pessoas
Mais de uma década depois de sua morte, um dos pioneiros do rádio no Agreste alagoano e também considerado ícone da cultura popular, José Cícero dos Santos, o popular Zé do Rojão, deixa saudades.
Neste sábado (23) faz 11 anos que Zé do Rojão faleceu, mas seu legado continua muito vivo na memória dos moradores de Arapiraca, Palmeira dos Índios e do Agreste em geral, principalmente dos amantes do rádio e da cultura popular.
O homem simples que tinha a alegria como marca registrada mantinha seu compromisso firme com a cultura a cada vez que falava ao microfone ou participava de alguma entrevista ou apresentação musical.
A família de Zé do Rojão se empenha para manter viva a memória do ícone cultural. Em maio de 2023 a bisneta do comunicador, Ana Clécia, se lançou na literatura com o Cordel “Zé do Rojão”, que conta a trajetória do bisavô não somente no rádio, mas também com apresentador de festas populares, cantor e até como político.
Ana Clécia, bisneta de Zé do Rojão mostra o cordel produzido em homenagem ao bisavô. Foto: cortesia ao 7Segundos
Um mês antes de seu falecimento, no dia 23 de novembro de 2013, Zé do Rojão foi homenageado pelo 7Segundos pelos 37 anos de carreira na rádio Novo Nordeste de Arapiraca e relembrou vários momentos da própria vida, desde quando saía de casa escondido da família para tocar pandeiro, até aquele momento, em que se mantinha ativo na comunicação radiofônica.
Vida e carreira
Zé do Rojão faleceu aos 75 anos vítima de insuficiência respiratória.
Ele nasceu em 27 de fevereiro em 1938, na cidade de Taquarana, no Agreste alagoano, e iniciou a carreira no rádio em Maceió, aos 16 anos, participando do programa dominical Vesperal das Senhorinhas, apresentado por Odete Pacheco.
Em 1960, seu timbre de voz caracteristicamente nordestino fez sucesso na participação, junto com amigos, de um programa de música regional na Rádio Clube de Arapiraca.
Seis anos depois, apresentava o programa Alegre Amanhecer, das 5h às 7h, na rádio Antena Publicidade, em Arapiraca.
A carreira no rádio aconteceu paralela à carreira musical, iniciada na década de 1960, com apresentações em várias cidades de Alagoas e Sergipe, onde chegou a fazer participações em programas do Canal 8 - TV Aperipê e na Rádio Liberdade de Aracaju.
Zé do Rojão deixou sua marca na cultura nordestina. Foto: Arquivo/ 7Segundos
No início da década de 1970 conquistou o público baiano ao participar de uma excursão promovida pelo Grupo Coringa para lançamento de produtos na Bahia, ao mesmo tempo que seu primeiro compacto "Rojão", produzido pelo maestro Jovelino Lima, começava a fazer sucesso, popularizando o nome artístico de Zé do Rojão.
Em 21 de agosto de 1976, às 5h da manhã, Zé do Rojão fazia a primeira transmissão da Rádio Novo Nordeste AM e passou a fazer companhia todas as manhãs a milhares de nordestinos. Ao mesmo tempo, por alguns anos apresentou também programa na Rádio Sampaio, em Palmeira dos Índios.
O primeiro LP, "Boca de Forno", foi lançado em 1979 em parceria com o sanfoneiro Basto Peroba, trazendo uma série de músicas juninas, que fizeram grande sucesso no período. O "Boca de Forno - Volume 2" foi lançado no ano seguinte. A carreira artística incluiu ainda mais um compactro "Zé do Rojão Canta o Novo Nordeste" e o trabalho mais recente, o CD "Zé do Rojão, Poesias Matutas", além de apresenções ao lado de grandes sucessos da música nordestina, como Genival lacerda, Trio Nordestino, Mestre Zinho, João do Pife e até mesmo Luiz Gonzaga.
Mas, além de radialista, cantor, compositor e forrozeiro, Zé do Rojão ainda entrou para a política, como vereador no município de Coité do Nóia em 1982, pelo PDS. Mas a veia cultural falou mais alto e, nem mesmo no período em que atuava como parlamentar, abandonou os microfones da rádio Novo Nordeste e em shows e festas apresentados no interior.