Minoxidil: produto anticalvície usado pelo pai fez crescer pelos em bebês
Europa mudou bula do remédio por causa dos recém-nascidos

O uso de loções de minoxidil, um medicamento para o combate da calvície, pelo pai fez com que bebês na Europa desenvolvessem hipertricose — uma doença que causa o aparecimento de pelos no corpo todo, além de outros sintomas e problemas de saúde como crescimento e inflamação da língua, diarreia crônica, inchaço de linfonodos, perda de apetite e peso, espessamento da pele, tumores e câncer.
"A detecção desse problema surgiu a partir da notificação do caso de um lactente [bebê em fase de amamentação] em que houve crescimento progressivo de pelos nas costas, pernas e coxas durante dois meses", explicou Gabriela Elizondo, chefe da seção de controle do Centro de Farmacovigilância de Navarra, na Espanha, ao jornal El País.

Segundo o órgão, este primeiro caso foi identificado em abril de 2023 e foi apresentado na 13ª Jornada Nacional de Farmacovigilância, em novembro de 2024.
Europa mudou bula do remédio por causa de bebês
Ao entrevistar a família, os especialistas descobriram que o pai estava utilizando uma loção "com 5% de minoxidil por via tópica para o tratamento da alopecia androgênica [calvície] e, há um mês, estava em licença do trabalho para cuidar do filho, passando muito tempo com ele", explicou Gabriela ao jornal. Assim que o tratamento do pai foi interrompido, os sintomas do bebê desapareceram.
A partir daí, os estudiosos espanhóis decidiram revisar todos os casos de hipertricose em crianças em lactentes — ou seja, até dois anos de idade — registrados no Sistema Espanhol de Farmacovigilância (FEDRA). Identificaram-se no total seis outros casos de bebês de até nove meses em que havia suspeita de reação adversa pelo contato com o pai utilizando minoxidil.
Com uma busca ampliada na Eudravigilance — base de dados de farmacovigilância europeia —, o total de casos cresceu para 11. Os espanhóis então comunicaram a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) de que havia um efeito adverso documentado que não estava incluso nas bulas do popular remédio. Em outubro, a EMA concordou que a alteração era necessária.
"O Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC) considera que uma relação de causa e efeito entre o uso de minoxidil (formulação tópica) e hipertricose em crianças seguida de exposição tópica acidental é, ao menos, uma possibilidade razoável. O PRAC concluiu que a bula de produtos contendo minoxidil deve ser corrigida de acordo", diz o relatório publicado pela EMA após análise dos relatos de caso e de contraprovas.
A agência comunicou os países-membros da decisão em agosto e foi dado um prazo para que bulas fossem atualizadas até outubro.
Hipertricose ou hirsutismo?
Desde o início da investigação, foram encontrados relatos — que serviram de base para a nova recomendação — na Espanha, na Itália, nos EUA, pelo menos. Os especialistas espanhóis acreditam que as crianças ingeriram o medicamento na pele dos pais por via oral ou absorveram pelo contato entre a pele de cada um.

A hipertricose pode ser genética ou adquirida mais tarde na vida, quando geralmente é provocada por outras doenças ou contato com substâncias químicas. Ao identificarem a presença de uma distribuição anormal de pelos em uma criança, o pediatra ou um dermatologista pode pedir mais exames laboratoriais, como a checagem dos níveis de hormônios.
Eles são importantes para distinguir se o caso se trata de hirsutismo — crescimento desordenado de pelos grossos especialmente na face, peito, genitais e costas — que é resultado de um excesso de hormônios masculinos. No caso da hipertricose, a distribuição dos pelos é mais desordenada, eles podem ser mais finos e as causas são diversas.
Histórico de preconceitos e impacto emocional
A hipertricose ficou conhecida por séculos como a "Síndrome do Lobisomem", um termo que desumanizou pessoas que sofriam com a doença. O primeiro caso conhecido de alguém com a condição foi o do espanhol Petrus Gonsalvus ou Pedro González, nascido em 1537 e falecido em 1618, de Tenerife.
Ele ganhou o apelido de "Lobisomem das Canárias" e serviu desde os 10 anos de idade como entretenimento ou um animal de estimação na corte do rei Henrique 2º da França, justamente pela aparência. De acordo com múltiplos historiadores, Pedro foi mandado como um "presente" da coroa dos Países Baixos, casou-se com uma dama da corte francesa e acabou tendo filhos com hipertricose que também se tornaram uma curiosidade. Acredita-se que a sua vida foi a inspiração para o conto de fadas "A Bela e a Fera".
Quando a hipertricose não está relacionada a uma causa hormonal, a doença geralmente não afeta o desenvolvimento físico da criança, mas pode ter um impacto emocional como tristeza e distanciamento de colegas. Acompanhamento de saúde mental é essencial nestes casos, além de uma rotina de contatos sociais saudáveis.
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