Justiça

Acusado pela morte de Thalita Borges é condenado a mais de 18 anos de prisão

Além da pena, José de Farias Silva, 28 anos, terá que pagar multa de R$15 mil por danos morais à família

Por 7Segundos 08/07/2025 16h04 - Atualizado em 08/07/2025 17h05
Acusado pela morte de Thalita Borges é condenado a mais de 18 anos de prisão
Thalita Borges tinha 27 anos quando foi assassinada - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Terminou no início da tarde desta terça-feira (08) no Fórum de Arapiraca, o julgamento de José de Farias Silva, 28 anos. O réu foi condenado a 18 anos e 9 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, pela morte da jovem Thalita Borges de Araújo, 27 anos, assassinada no dia 3 de fevereiro de 2023, na porta de casa, no bairro Cacimbas, em Arapiraca.

Além da condenação, a justiça acatou o pedido do Ministério Público para que o condenado pague uma multa de R$15 mil por danos morais, em virtude da vítima, à época, ter deixado um filho com 12 anos de idade.

A condenação também abrangeu algumas qualificadoras, como motivo fútil pelo acusado não ter se conformado em não ter sido atendido logo por Thalita ao ter marcado um programa com a vítima (motivação do crime) e também e por discriminação por feminicídio, devido à condição da vítima ser mulher.

Após as investigações realizadas pela Polícia Civil, em Arapiraca, o acusado, José de Farias Silva, foi denunciado à justiça pelo Ministério Público.

O julgamento foi presidido pelo Juiz Alberto de Almeida, titular da 5ª Vara Criminal de Arapiraca.

Ministério Público

O promotor de Justiça Ivaldo Silva, munido de provas incontestáveis, sustentou as qualificadoras de motivo fútil e com discriminação à condição de mulher da vítima (feminicídio), levando o conselho de sentença a enxergar que José de Farias Silva agiu friamente e deveria ser condenado. 

Os julgadores entenderam a necessidade da punição e o réu foi sentenciado com 18 anos e nove meses de prisão em regime fechado. Além disso, o Ministério Público pediu , e foi atendido, multa por danos morais.

Durante os debates, o promotor de Justiça Ivaldo Silva rebateu qualquer possibilidade de fragilizarem a imagem da vítima, ressaltando que Thalita Borges foi morta porque não atendeu o réu na hora em que ele almejava, forçando prioridade, comprovando que se utilizou da condição de homem para descarregar sua fúria por não ter sido atendido.

“O Ministério Público foi ao júri para defender uma mulher assassinada brutalmente, simplesmente porque um homem, que se colocou como cliente, não aceitou a demora para ser atendido. Há provas de mensagens dele forçando o encontro antecipado, mesmo com a vítima já tendo dito quando estaria disponível. Ele passou uma tarde inteira incomodando e, inconformado, foi ao local onde ela estava e lá a golpeou com seis facadas. Queremos deixar bem claro para a sociedade que, para nós, a prioridade será sempre a defesa da vida, e a ela não cabe um julgamento desumano responsabilizando a vítima pela atividade que desenvolvia. Por trás da realidade daquela mulher, de qualquer outra, poderá ter uma história sofrida e que desconhecemos”, declara o promotor.

Após a prisão decretada e leitura da sentença. o réu foi levado pela Polícia Militar para o presídio. Além da pena, ele terá que pagar 15 mil reais ao filho de Thalita Borges, hoje com 13 anos.

“Pedi indenização, já que à época ela deixou um filho de 12 anos, o juiz concordou e aplicou 15 mil. Mas, se a família quiser entrar com ação cível para aumentar, pode”, diz o membro ministerial.

Vítima

Thalita foi morta a facadas na noite do dia 3 de fevereiro de 2023, na Estudante Joseane de Lima, bairro Cacimbas, em Arapiraca, crime que chocou a população local e região.

O irmão de Thalita, Thales Borges, que na época do crime esteve em Arapiraca acompanhando parte das investigações, retornou à cidade com sua mãe e um outro irmão, para acompanhar o julgamento.

Ele falou ao 7Segundos sobre a sensação da família após a conclusão do julgamento.

“Estamos aliviados pela condenação do acusado, era o que a gente esperava, que fosse feita justiça”, disse Thales.

O caso

De acordo com as investigações sobre ocaso, comandadas pelo delegado Everton Gonçalves, Thalita atuava como garota de programa e foi morta após se recusar a ter relações sexuais com o autor do crime, que teria encontrado o perfil da jovem em uma página na internet.

Em um vídeo publicado pela Polícia Civil de Alagoas à época, o delegado afirma que a versão apontada pelo criminoso é de que ele teria agido em legítima defesa, pois a vítima teria tentado golpeá-lo com uma faca após eles discutirem por causa do valor cobrado pelo programa.

No entanto, segundo a polícia, a versão do autor apresentava inconsistências e, segundo as investigações, foi uma mentira.

Segundo o delegado, o autor teria marcado o programa pela rede social, mas ao chegar no local, a jovem não o atendeu. Ele teria ido três vezes na tentativa de encontrá-la, mas a Thalita só o teria atendido no início da noite, o que deixou o autor irritado.

Ainda segundo as investigações, autor e vítima não se conheciam.

“O autor confessou que acessou o site na manhã do crime, visualizou o perfil da vítima e marcou com ela para o fim da tarde, começo da noite”, disse o delegado.

Na época, o foi enquadrado não como feminicídio, mas como homicídio qualificado por motivo fútil com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.

Vítima


Thalita Borges de Araújo era natural de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, e havia chegado a poucos dias em Arapiraca, onde tinha alugado uma casa no bairro Cacimbas. O corpo da jovem foi encontrado em frente ao imóvel.

Testemunhas afirmaram que o autor era um homem que havia chegado ao local do crime horas antes do assassinato. Ao fugir, o acusado deixou no local do crime uma mochila, uma farda, um aparelho celular e uma motocicleta Honda de cor preta e placa QLL-9218.

Réu confesso


Quatro dias após o crime, o assassino de Thalita Borges se entregou à Delegacia de Homicídios acompanhado de um advogado. Como já havia ordem de prisão preventiva expedida, ele acabou ficando preso.

Durante o interrogatório, o jovem confessou a autoria do crime.

José de Farias Silva foi denunciado à justiça pelo Ministério Público pelo crime de homicídio contra Thalita Borges de Araújo por motivo fútil e com discriminação à condição da vítima por ser mulher.