Educação

Histórico: Uneal promove maior colação de grau coletiva de professores indígenas do Brasil

Inédito no país, graduaram-se 210 docentes de 12 etnias de Alagoas

Por 7Segundos, com Assessoria 02/08/2025 11h11
Histórico: Uneal promove maior colação de grau coletiva de professores indígenas do Brasil
Reitor da Uneal, Odilon Máximo diploma as docentes indígenas de 12 etnias alagoanas, no marco histórico de valorização aos povos originários do Brasil - Foto: Suellen Oliveira/Ascom Uneal

Em um momento histórico, a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) graduou 210 novos professores indígenas do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLIND), na sexta-feira (1º), na maior colação de grau coletiva indígena já ocorrida no Brasil. A solenidade foi realizada no Centro de Convenções, em Maceió, com a presença de autoridades, familiares, amigos e sociedade civil.

A colação de grau reuniu formandos de 12, das 13 etnias indígenas do estado: Wassu-Cocal (Joaquim Gomes), Xucuru-Kariri (Palmeira dos Índios), Tingui-Botó (Feira Grande), Karapotó Plaki-ô e Karapotó Terra Nova (São Sebastião), Aconã (Traipu), Kariri-Xocó (Porto Real do Colégio), Jiripankó, Katokinn e Karuazu (Pariconha), Kalankó (Água Branca) e Koiupanká (Inhapi).

Agora, aptos a lecionar Geografia, História, Letras, Pedagogia e Matemática, os graduados estão prontos para seguir carreira.

Marcada pela valorização dos povos originários, a solenidade teve falas e momentos marcados pela emoção e manifestação cultural dos povos que finalizaram a cerimônia com o tradicional toré e trouxeram símbolos da sua ancestralidade, como os belos cocares da cabeça que têm profundo significado para cada etnia.

A oradora da formatura, Manoela Suíra de Souza, destacou a relevância da educação "Somos etnias distintas, com características próprias, porém todos juntos com um só objetivo: lutar por uma educação que respeite, valorize e fortaleça nossas identidades, nossa cultura e tradições. Uma educação que seja verdadeiramente nossa e diferenciada. O Clind abriu espaço para a diversidade cultural e para inclusão dos povos indígenas na Universidade e, consequentemente, na sociedade brasileira", afirmou.

O reitor da Uneal, Odilon Máximo, celebrou a realização da colação de grau e frisou a importância de formalizar a carreira de professor indígena. “Este é um momento de muita felicidade para todos nós da Uneal. Temos agora número suficiente de docentes para formar a carreira de professor indígena. Uma demanda de nossos docentes indígenas que poderão, quando a lei for aprovada, fazer concurso público na área. Alagoas e nossos povos originários merecem essa conquista”, disse.

Para o vice-reitor da Uneal, Anderson Barros, “esta cerimônia é um marco histórico para o Brasil, para Alagoas e, sobretudo, para os povos originários que aqui celebram a conquista do conhecimento sem abrir mão da identidade. Pela primeira vez, 210 indígenas de 12 etnias distintas colam grau juntos em uma universidade pública. É mais do que uma formatura: é um ato de resistência, de afirmação cultural e de reparação histórica”.

A coordenadora geral do Clind, Iraci Nobre, ressaltou a importância do financiamento do curso pelo Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) que foi ofertado gratuitamente durante os cinco anos de duração.

O vice-governador Ronaldo Lessa exaltou o papel do Fecoep. “Traz-me uma felicidade muito grande em ver essa solenidade. Quem paga isso aqui? Não é o Governo Federal, é o Fecoep”. E completou: “Não tem uma forma mais importante de combater a pobreza e a desigualdade do que o ensino. É através do ensino, que a gente liberta o ser humano”.

Já o deputado estadual Silvio Camelo se comprometeu a destinar R$ 50 mil para a impressão do livro “Indígenas de Alagoas”. Também garantiu que irá se empenhar na Assembleia Legislativa para a criação da carreira de professor indígena e apoiar a continuidade do programa, com um mais um curso.

Lançamento de livro

A Editora da Uneal (Eduneal) lançou a obra “Indígenas de Alagoas”, organizada pelos professores José Adelson Lopes Peixoto e Renildo Ribeiro-de-Siqueira, com trabalhos escritos por pesquisadores indígenas de todo o estado que retomam a história de 12 etnias do território alagoano, dando visibilidade e resgatando registros de trajetórias e personagens.

Sobre o Clind

O Clind, financiado pelo Governo do Estado de Alagoas, através do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep), é um programa especial da Uneal destinado à formação de professores da rede básica de ensino no qual a cultura dos povos é reconhecida, respeitada e inserida nas salas de aulas. As aulas ocorreram nos polos do Agreste, Baixo São Francisco, Sertão e Zona da Mata.

O Clind teve o apoio ainda da Seplag, Escola de Governo, Funai, prefeituras e secretarias de educação.

Estiveram presentes à solenidade a Superintendente da Escola de Governo, Emanuela Trindade (representando a secretária Paula Dantas); a secretária Executiva de Educação- Sandra Vitorino (representando a secretária Roseane Vasconcelos), a pró-reitora de Graduação e coordenadora do curso de geografia/Polo Agreste, Rosa Lima, além de membros da equipe gestora da Uneal, representante da Funai, Cicero Albuquerque, prefeitos e parlamentares.