Um sonho que se tornou realidade em 2025, mas que começou a ser sonhado em 2016, quando Netinho Cavalcante, que exerce a função de conselheiro tutelar no município de Arapiraca, tomou a decisão de ter um filho, quando ainda era solteiro. Foi nessa época que ele fez o cadastro para se habilitar a entrar na fila de adoção.

"Me habilitei, passei por todo o processo, pelo curso, fiz a avaliação psicossocial e quando entrei na fila, eu era o número 61, e aí passou-se todo esse tempo e no ano passado, eu já era o oitavo da fila", contou.

Netinho explicou ainda que quando o candidato entra na fila de adoção, tem uma série de requisitos que é necessário colocar que você deseja em relação à criança.

"Eu coloquei que desejava um bebê, até porque nessa época, eu era sozinho", disse.

Porém, foi numa audiência em que Netinho participou como conselheiro tutelar que ele foi tocado pelo depoimento de uma criança de 12 anos, que disse o seguinte ao juiz: já estou há um certo tempo no abrigo e ninguém vai me querer, e agora?

Essa frase dita pela criança ficou martelando na mente de Netinho, que nessa época já era casado com Erick Santos. Após uma conversa, os dois tomaram uma decisão juntos.

"Isso me tocou, eu com falei com meu esposo e mudamos o perfil de escolha da criança. Ele se habilitou junto comigo e mudamos o perfil para duas crianças. A ideia era pegar dois irmãos, um maior e um menor, e assim fizemos, só que aí, apareceram três crianças", explicou.

Netinho disse que foi um caso de amor à primeira vista. Ele e o esposo fizeram uma pesquisa no cadastro nacional de adoção, onde tem uma aba onde a pessoa pode fazer a pesquisa. Quando o casal realizou essa pesquisa, encontraram três irmãos e de cara simpatizaram com os três.

"A gente entrou em contato, pedimos autorização para ligar pra eles porque eles são de outra cidade, o juiz autorizou e gente ligou e nessa primeira ligação, a química entre nós dois e eles três bateu", contou Netinho.

Ele disse que a partir daí, deram início a todo o processo e como eles eram de outra cidade, por questões financeiras Netinho e Erick não tinham como se deslocar sempre para vê-los. O casal e as crianças passaram ainda cerca de um mês e meio se falando por telefone com Netinho e Erick pedindo autorização para o juiz para fazer o estágio de convivência, que tem duração de 90 dias.

O juiz autorizou a realização do estágio e os dois foram buscar as crianças. Elas vieram para Arapiraca e passaram três meses com os futuros pais. Foi um misto de felicidades e incertezas, contou Netinho.

"Foram 90 dias de incertezas, porque as crianças iriam passar por uma nova avaliação psicológica e no final elas poderiam dizer que não queriam ficar com a gente e nesse caso, a gente teria que devolvê-las porque o que prevalece para justiça é o interesse das criança", explicou. 

Mas não foi isso o que aconteceu, isso porque desde o primeiro contato, as crianças sempre receberam muito amor, carinho e atenção por parte de Netinho e Erick, e tudo o queos dois puideram, ofertar dentro de suas condições. 

Nesse período, os três receberam duas visitas por parte da justiça e na primeira delas, já disseram que não queriam nunca mais voltar para o abrigo, sinal de que o acolhimento recebido no lar de Netinho e Erick era satisfatório. 

A relação entre eles foi se solidificando e os laços, se estreitando cada vez mais. Após esse tempo de convivência, já como família, e após um longo processo burocrático, como se exige em casos de adoção, saiu a decisão final de que os meninos são nossos filhos e nesta quinta-feira (21), chegou a tão sonhada certidão de nascimento das crianças já constando onome de Netinho cavalcante e de Erick Santos como pais de Anderson Benardo Cavalcante dos Santos (11 anos), Márcia Emanuelly Cavalcante dos Santos (8 anos), e Carlos Daniel Cavalcante dos Santos (2 anos).

Netinho anuncia a chegada dos documentos que comprovam que ele e Erick são pais de Anderson, Márcia e Carlos Daniel. Foto: reprodução/redes sociais  

O momento emque o casal recebeu as certidões de nascimento foi compartilhado nas redes sociais de Netinho em um vídeo. Na gravação, Márcia faz uma declaração:

Eu estou muito feliz por ter eles como meus pais!", diz a menina.

Agora, o casal só pensa em seguir a vida junto com os pequenos.

"Que Deus nos dê condições, nos ajude pra que a gente possa educar essas crianças com muita seriedade e com muito amor, é um desafio grande, mas se estamos nessa missão é porque temos condições de cumpri-la", disse Netinho.

Netinho encerrar afirmando que também se sente muito feliz em poder quebrar paradigmas com essa atitude, tomada de coração pelos dois, acrescentou.

"Fico feliz por nossa história estar servindo para acabar com certos medos, certos receios de muitas pessoas, eu venho recebendo relatos de redes sociais de pessoas que nãõ sabiam adotar, qual era o procedimento, principalmente de casais, porque para a justiça existem diversas configurações de família e a justiça está aberta para que todos que tenham interesse em adotar, que adotem", concluiu.