Uma operação da Polícia Federal cumpriu hoje mandado de busca e apreensão no Ceará, expedido pela Justiça Federal, para apurar suspeita de fraude no Enem deste ano.

O que aconteceu

Ação teve como foco a suposta divulgação antecipada de conteúdo da prova deste ano. A investigação começou após o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), vinculado ao Ministério da Educação, detectar a publicação de vídeo com questões com semelhantes àquelas aplicadas na prova oficial. O conteúdo foi divulgado antes da data prevista para o exame.

Objetivo da operação é esclarecer os fatos, apurar possíveis ilícitos, identificar responsáveis pela obtenção dos dados e divulgação indevida. Além disso, segundo a PF, as investigações também procuram apurar possíveis conexões com outros delitos. "A Polícia Federal reafirma seu compromisso com a integridade dos concursos públicos e com o combate a fraudes que comprometam a confiança da sociedade nos processos seletivos nacionais", disse em nota.

Operação ocorre após três questões terem sido anuladas. O Inep anunciou a anulação das questões após um suposto vazamento. O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), disse ontem que a edição do exame deste ano não será cancelada. Ele defendeu o Exame e disse que a prova é um "patrimônio do Brasil".

Ministro afirmou que as questões anuladas são um "caso de polícia". Camilo disse que a Polícia Federal foi acionada logo após a anulação das questões e que "todas as medidas necessárias" seriam tomadas. O chefe do MEC (Ministério da Educação) chamou ainda o caso de "ruído que aconteceu nas redes sociais".

"Queria aqui tranquilizar a cada um de vocês que fizeram a prova, a cada um dos seus familiares, que o Enem não será cancelado. O ruído que aconteceu nas redes sociais de uma live de um aluno que divulgou questões poderiam ser similares a do Enem, o Inep, a comissão do Inep, que é responsável pelo Enem tomou a decisão técnica de anular as questões por prevenção e isonomia para não prejudicar nenhum aluno", afirmou o ministro da Educação.

Entenda o caso

Uma live foi publicada no canal do estudante de medicina Edcley Teixeira, que vende serviços de consultoria a vestibulandos. Ao menos cinco questões apresentadas por Edcley no dia 11 de novembro coincidem com itens aplicados no Enem 2025.

Caso ganhou repercussão nas redes sociais por suspeita de um possível vazamento da prova. Em seu perfil no Instagram, uma das justificativas apresentadas por Edcley é de que ele descobriu o padrão de questões do Enem, por meio de um "algoritmo" e de uma "engenharia reversa".

"Desenvolvi método de algoritmo que dá a resposta de qualquer questão. Os professores precisam estudar a estrutura da prova. Com poucos recursos, consegui revolucionar o Enem sem que ninguém soubesse até hoje. Agora, sabem. Entendi a lógica do Enem e consegui prever as questões", disse Edcley Teixeira, estudante de medicina

Ele também publicou prints das questões que "previu" e as similares a elas que apareceram no Enem. O UOL comparou uma das questões, sobre ruído sonoro. É possível identificar que ela reproduz todas as alternativas idênticas, a mesma função logarítmica e também todas as alternativas.

Edcley Teixeira diz que participa dos pré-testes realizados pelo Inep, instituto do MEC responsável pela aplicação do exame. Segundo ele, um desses é o Prêmio Capes Talento Universitário, que realizou a convite do MEC. Sem provas, ele afirmou que as questões do prêmio são usadas como inspiração para elaboração das questões do Enem. Ele relatou que teria memorizado parte dessas perguntas para repassá-las aos seus alunos.

Estudante aparece em uma publicação do MEC de maio deste ano. Na postagem, ele agradece pela participação no Talento Universitário e pelo prêmio de R$ 5.000.

"É uma prova normal, você não assina nada. Eu achei as questões tão similares ao Enem de anos anteriores, decidi me inspirar nessas questões e elaborei um PDF destinado aos futuros candidatos", finalizou Edcley Teixeira.