Filme brasiliense finalista do Festival de Berlim fala sobre aborto
O curta-metragem As Miçanças oferece um debate sobre sentimentos que cercam aborto e concorre ao Urso de Ouro no Festival de Berlim
“Estamos levando um tema tão importante e delicado em nosso país, uma questão de direitos humanos e saúde pública: o aborto.” A fala da diretora de fotografia Joanna Ramos explica um pouco do que o público do Festival de Berlim vai conhecer em fevereiro com o curta-metragem As Miçangas. Com direção de Emanuel Lavor e Rafaela Camelo, a produção brasiliense concorre ao Urso de Ouro na 73ª edição do Berlinale.
“O filme propõe uma reflexão sobre aborto dentro de um recorte sutil. A intenção não é só falar sobre como o aborto é comum e cotidiano a muitas mulheres, mas também refletir sobre culpa e fraternidade”, explicam os diretores.
Rafaela reforma ainda que optaram por trabalhar com sutilezas e passar a mensagem do curta com a criação de diferentes atmosferas. A técnica escolhida pela dupla funcionou e levou o filme para um dos principais festivais de cinema do mundo.
“Ter o filme selecionado para o Festival de Berlim, e ainda sendo a primeira exibição dele, é sem dúvida uma grande honra. A gente sabe que é um lugar muito difícil de chegar, um festival que tem vários excelentes filmes”, analisa a diretora. Do outro lado, Lavor prefere manter as expectativas controladas, mas reconhece o peso da participação.
“Ganhar um Urso de Ouro, acho que especialmente para cineastas como eu e a Rafa, que estamos nos preparando para gravar nossos primeiros longas, é um catalisador de trajetória dentro do cinema. É um reconhecimento muito importante, talvez um dos maiores que exista, mas, ao mesmo tempo, é algo que não me atrevo a pensar muito. Acho que se não acontecer, a gente vai seguir muito felizes com a oportunidade de estar ali.”