Futebol

Chefe de arbitragem da CBF, Gaciba entra na mira de clubes

Agremiações protestam contra a maneira que o VAR tem sido utilizado e fazem reclamações formais

Por Terra 06/10/2019 21h09
Chefe de arbitragem da CBF, Gaciba entra na mira de clubes
Clubes estão descontentes com o presidente da comissão de arbitragem - Foto: Reprodução / CBF TV

Presidente da Comissão de Arbitragem da CBF desde abril deste ano, Leonardo Gaciba virou o principal alvo de reclamações dos clubes na atual temporada. As queixas mais recorrentes dizem respeito ao uso da tecnologia. Os dirigentes não estão contentes com algumas marcações do árbitros com o auxílio do árbitro de vídeo (VAR) e, em várias entrevistas, citam o atual chefe de arbitragem. Em sua defesa, Gaciba divulgou balanço recente em que aponta que o índice de acerto nas decisões dos árbitros até a 14.ª rodada é de mais de 90% após o início do uso de tecnologia.

Gaciba dedicou 17 dos seus 48 anos à carreira de árbitro e passou outros nove como comentarista de arbitragem. Ao chegar à CBF para substituir o Coronel Marinho, o gaúcho de Pelotas promoveu algumas mudanças. Ele tem uma visão mais moderna em relação aos seus antecessores - estuda, por exemplo, a utilização de inteligência artificial e realidade virtual no treinamento dos juízes - e procura manter bom relacionamento com clubes e dirigentes.

Com a implementação do VAR no calendário do futebol brasileiro, Gaciba decidiu visitar os 20 clubes da primeira divisão. A ideia é tirar dúvidas sobre a tecnologia e estreitar a relação com as agremiações. Corinthians, São Paulo, Inter e Vasco são alguns dos clubes que já tiveram palestra com o chefe da arbitragem da CBF.

No entanto, diante das polêmicas envolvendo os árbitros especialmente no Campeonato Brasileiro, o relacionamento de Gaciba com alguns se estremeceu. Recentemente, Athletico-PR, Atlético-MG, Inter, Palmeiras e Vasco fizeram cobranças ao ex-árbitro e exibiram insatisfação com a maneira que o VAR tem sido utilizado. O técnico Vanderlei Luxemburgo lembrou da palestra que os seus jogadores assistiram para cobrar o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.

"O Gaciba foi na quarta-feira fazer uma palestra no CT. Ele pegou um vídeo sobre lance de impedimento e mostrou o que caracteriza. Eu já tenho a imagem do VAR que a mão do Werley está na linha vermelha, mas não tem nenhum jogador do Vasco na azul. Ele foi enfático e disse que o que caracterizava o impedimento não é a mão, mas os pés. Então não foi impedimento. O gol foi legal. O Gaciba é um cara legal, está tentando mudar... Vem publicamente trazer essa imagem e dizer o que aconteceu. Se ele tiver outra imagem de impedimento, ficarei calado. Ou vem publicamente dizer que a palestra que ele deu os árbitros não colocaram em prática. Essa é a reclamação", expôs o treinador. Luxemburgo fez menção ao gol anulado de Werley por impedimento com a ajuda do VAR na derrota por 1 a 0 para o Corinthians.

Mais forte ainda foram as palavras do vice de futebol do Inter, Roberto Melo. "Enquanto o seu Gaciba estiver na CBF, não pretendo ir. Ele fala uma coisa, se exibe, faz apresentação, c... regra e é feita uma coisa totalmente diferente", esbravejou Melo após a derrota por 3 a 1 para o Flamengo. No jogo, o time gaúcho reclamou das expulsões de Bruno e Guerrero e da não marcação de um pênalti no centroavante peruano.

Sentindo-se lesados, os clubes têm feito reclamações formais à CBF. Caso do Athletico-PR, que, após o envio do ofício, afirmou que a ouvidoria da entidade que rege o futebol brasileiro reconheceu "o erro de fato da arbitragem na partida diante do Santos, no dia 8 de setembro, na Vila Belmiro". O parecer foi assinado por Manoel Serapião Filho.

No lance em questão, Marinho invadiu a área e caiu após contato com Braian Romero. Inicialmente, o árbitro Rodrigo Carvalhaes de Miranda assinalou a falta fora da área. No entanto, após consultar as imagens do VAR, o juiz marcou a penalidade, convertida pelo uruguaio Carlos Sánchez e que decretou o empate em 1 a 1.

Mais da metade dos clubes estão insatisfeitos com o VAR e defendem mudanças na utilização da ferramenta. O que os dirigentes mais pedem é a liberação das imagens revistas no vídeo e do áudio das conversas entre o árbitro de campo e os auxiliares na cabine. Os cartolas também querem que os torcedores presentes no estádio saibam o que está sendo analisado. Este último pedido será atendido, já que a CBF anunciou no final de setembro que os lances em análise pelo VAR serão exibidos nos telões dos estádios e também nas transmissões das partidas na televisão a partir do segundo turno.