Brasil

Presidente interino, Michel Temer diz que não será candidato à reeleição em 2018

Por UOL 16/05/2016 07h07

O presidente interino, Michel Temer (PMDB), disse em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, na noite deste domingo (15) que não será candidato à reeleição em 2018. Temer disse que a pergunta era "complicada", mas ao final negou a candidatura. Segundo ele, esta decisão permite que ele não pratique gestos e atos focados em uma nova eleição.

"Não é a minha intenção [ser candidato]. Aliás, não é a minha intenção, e é a minha negativa. Eu estou negando a possibilidade de uma eventual reeleição, até porque isso me dá maior tranquilidade, eu não preciso praticar gestos ou atos conducentes a uma eventual reeleição. Eu posso ser até - digamos assim - impopular, mas desde que produza benefícios para o país, para mim é suficiente", declarou o peemedebista.

A entrevista foi acompanhada de panelaços em várias capitais.

Temer admitiu sua impopularidade, mas ressaltou que tem "legitimidade constitucional" para estar no cargo, além de longa trajetória política. "Fui eleito com ela [Dilma]. Os votos que Dilma recebeu, recebi também", disse o presidente interino, referindo-se à sua colega de chapa na reeleição de 2014. "O PMDB também trouxe muitos votos a Dilma."

"Reconheço que não tenho inserção popular. Só terei se produzir efeitos benéficos para o país", disse ele.

Na entrevista, concedida no Palácio do Jaburu, em Brasília, Temer reforçou o seu discurso de que pretende fazer com que o Brasil se equilibre economicamente, politicamente e eticamente. Em um recado ao PT, que disse que fará oposição forte ao governo liderado pelo presidente interino, Temer afirmou que o país precisa de pacificação e unificação, e isso inclui todos os partidos políticos, empregadores e trabalhadores. Ele chegou a dizer que vê como possível a possibilidade de esta pacificação incluir o PT, e citou a presidente afastada Dilma Rousseff. "Uma coisa é o impedimento, outra é o não reconhecimento de alguém que presidiu o país", disse.

Temer falou ainda sobre a nomeação de ministros citados na Operação Lava Jato e em outras investigações, e ressaltou que se forem encontradas irregularidades administrativas, qualquer ministro pode ser demitido. Segundo ele, sua primeira resposta à sociedade foi a redução do número de ministérios, e que a composição de natureza política de seu gabinete de ministros é inevitável. "Os partidos trouxeram nomes e escolhi os melhores neste sentido". Segundo o presidente interino, seus escolhidos são "notáveis politicamente e administrativamente".

Questionado sobre a situação de Romero Jucá, investigado na Lava Jato, Temer afirmou que seu ministro do Planejamento não é réu, e é uma pessoa com "competência administrativa extraordinária" com capacidade de articulação política e que o está ajudando na tarefa de governar o país. "Não temos que pensar que o investigado vive uma espécie de morte civil". Temer disse somente que vai examinar o afastamento de Jucá se ele se tornar réu, o que ainda depende do STF (Supremo Tribunal Federal).

Mulheres fora do 1º escalão do governo
Questionado sobre a ausência de mulheres em seu ministério, Temer rebateu afirmando que a sua chefe de gabinete, Nara de Deus Vieira, é uma mulher e, segundo ele, este é um dos principais cargos e Nara já participou de reuniões desde quinta-feira, quando ele assumiu o governo interinamente.

Temer afirmou ainda que pretende nomear mais três mulheres para cargos em seu governo, nas secretarias de Cultura, Ciência e Tecnologia e de Igualdade Racial e da Mulher -- nenhuma delas com status de ministério.

Michel Temer assumiu como presidente interino na quinta-feira (12), depois que o Senado deu aval à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo desde então. No mesmo dia, Temer anunciou o seu gabinete de ministros, sem a nomeação de nenhuma mulher, nenhum negro e com ao menos 3 citados na operação Lava Jato.

Acusada de crime de responsabilidade por maquiar contas públicas, Dilma foi afastada do poder após votação do Senado, que terá até 180 dias para julgá-la. Se for considerada culpada, Temer terminará seu mandato.

Dilma afirma que não fez nada errado e que o movimento do impeachment significa a derrubada de um governo eleito democraticamente. Dilma tem acusado Temer, um antigo aliado, de conspirar com os inimigos políticos dela para tomar o comando do País.