Alagoas

Brasil conta com 35 mil cadastros para adotar, mas adoções esbarram em perfis estipulados

Amanhã, no Dia Nacional da Adoção, um evento em Maceió discute necessidade na mudança dos perfis

Por Ludmila Calheiros com Canal 5 - SBT Alagoas 24/05/2016 11h11
Brasil conta com 35 mil cadastros para adotar, mas adoções esbarram em perfis estipulados
- Foto: Reprodução Canal5

O número surpreende e levanta dúvidas. Atualmente existem 35 mil cadastros para adoções no Brasil e apenas 6 mil crianças e adolescentes cadastradas para serem adotadas. Em uma matemática simples, teoricamente todas as crianças e adolescentes poderiam ter um lar. Mas não é isso que acontece na realidade. Muitos cadastros procuram por bebês ou crianças de até três anos, geralmente meninas brancas. A triste avaliação é feita com base no Cadastro Nacional de Adoção. Um evento para discutir uma mudança na cultura de adoção será realizado amanhã em Maceió, em pleno Dia Nacional da Adoção.

Atualmente a abertura para os interessados em concretizar uma adoção é maior. A processo pode ser feito por casais heterossexuais e homossexuais, e até mesmo por solteiros, desde que em todos os casos eles tenham condições financeiras de manter as família e atendam aos requisitos pessoais, profissionais e psicossociais.

O processo para requerer uma adoção não é complicado. O interessado deve procurar em um primeiro momento a Vara da Infância e Juventude de sua Comarca. No local todas as orientações para a inserção no Cadastro Nacional de Adoção serão repassadas. Com a abertura do processo o requerente deve especificar o perfil da criança que pretende adotar e passa por uma avaliação psicossocial.

“A fase administrativa é rápida, o encaminhamento do processo demora mais um pouco. O prazo para uma adoção segura é de um ano. É preciso, dentro dessa intenção de adoção, fazer um estudo do caso, com acompanhamento de psicólogo e assistentes social para garantir o sucesso da adoção”, explicou o juiz de direito, Carlos Cavalcanti.

Ainda segundo o juiz, a grande dificuldade nesse processo é o perfil escolhido nos cadastros. “Verifica-se muito a questão da pouca idade, muitas vezes só recém nascido, prioridade para o sexo feminino. Só que existem muitas crianças maiores, adolescentes e até grupos de irmãos esperando por uma adoção”.

Nas casas de atendimento de todo o Estado, há aproximadamente 180 crianças e adolescentes. Deste apenas 20 estão no Cadastro Nacional de Adoção, todas sendo adolescentes, um perfil que não costuma ser procurado pelos interessados em adotar.
“Em um primeiro momento, a prioridade é tentar reinserir essa criança ou adolescente em sua família de origem. Apenas quando todas as alternativas são esgotadas sem êxito é que elas são encaminhadas para a adoção”, expos o juiz.

Para discutir todas as questões relacionadas a adoção de crianças e adolescentes, mas principalmente para evidenciar a necessidade de uma mudança na procura por um perfil específico para adotar, é que nesta quarta-feira (25) Dia Nacional da Adoção, acontece na Escola Superior de Magistratura, localizada na Rua Cônego Machado, no Farol, o VI Encontro Estadual de Adoção. O evento é aberto aos especialistas na área, mas também aos interessados em concretizar uma adoção, responsável e com amor, libertando-se de perfis estipulados.
 

Confira a entrevista concedida pelo juiz de direito, Carlos cavalcanti, ao Programa Tudo de Bom, do Canal 5 - SBT Alagoas.