Turismo

Alagoanos viajam para adquirir experiências e economista ensina como poupar

Portal 7 Segundos entrevistou viajantes e ouviu histórias que inspiram aqueles que desejam mochilar

Por Anne Caroline Bomfim com Anne Caroline Bomfim 07/01/2017 12h12
Alagoanos viajam para adquirir experiências e economista ensina como poupar
Alagoanos viajam e adquirem bagagem cultural: Klaus e Hertha - Foto: Arquivo Pessoal

É inegável que a crise econômica proporcionou a criação de roteiros mais simplistas de diversão. O orçamento apertado da maioria dos brasileiros obrigou as agências de turismo, companhias áreas e até mesmo hotéis e pousadas a criarem tarifas mais baratas a depender do destino escolhido. Em Alagoas, o cenário é o mesmo, mas o Estado está repleto de turistas o ano todo.

Dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) revelam que Alagoas recebeu 750 mil visitantes em 2016 e a taxa de ocupação hoteleira acumulada até novembro do mesmo ano foi de 69,7%, contra 67,8% em 2015, o que demonstra um crescimento de quase 3% ao ano. Em 2017, a expectativa principal é de o Estado receba 500 mil turistas somente na alta temporada.

Mesmo em tempos de arroxo salarial e recessão, o alagoano permanece com a cultura da viagem e realiza substituições de destinos mais caros por destinos mais baratos. Em 2017, muitos feriados devem cair em dias de segunda ou sexta-feira. Mas é possível viajar mesmo com o orçamento apertado? A economista Luciana Caetano afirma que a palavra-chave é planejamento. Aqueles que se organizam para a aquisição de um bem ou até mesmo uma experiência podem sair na frente.

“Nós precisamos ter uma reserva de dinheiro extra, seja para viajar ou para determinadas eventualidades que podem surgir no dia a dia. São os gastos não planejados. Mas você pode efetivamente não precisar de muito para viajar. O problema é que muitas pessoas agem no impulso e acabam gastando um dinheiro que pode parecer que não vai fazer falta, mas se fosse poupado com mais calma e cuidado renderia algo bacana”, falou.

É verdade que todas as pessoas possuem despesas mensais fixas, mas é possível fazer substituições diárias para guardar nem que seja um real e investir em um futuro mais próximo. “Qualquer renda pode ser poupada. Ter renda baixa ou alta é muito relativo porque tudo depende do padrão de consumo daquela pessoa família”, explicou.

“Guardar” dinheiro, no entanto, precisa ser feito de maneira inteligente e com a devida orientação. Isso porque o salário do trabalhador não é reajustado todo mês, mas a inflação permanece em alta corroendo o poder de consumo. A principal aplicação dos brasileiros é a poupança, mas, segundo a economista, não é a mais vantajosa, mesmo com a realização de sorteios e prêmios para os poupadores por parte das instituições financeiras. Os saques da poupança somaram R$ 50 bilhões de janeiro a setembro de 2016.

“O rendimento dela é pífio se compararmos com o juro dos cartões de crédito que podem chegar a 200, 300% ao ano, mesmo com as novas medidas de incentivo do governo. Eu indico investir no tesouro direto vinculado ao IPCA”, ressaltou. No caso do tesouro direto, o dinheiro pode ser aplicado junto ao banco da preferência do cliente ou com o auxílio de corretores próprios, que possuem taxas administrativas relativamente baixas.

PAGAMENTO À VISTA OU NO CARTÃO DE CRÉDITO?

De acordo com Luciana, pagar uma viagem à vista é uma boa opção porque possibilita a negociação e o valor quase sempre pode ser diferenciado. Parcelar só em último caso. “Você perde o controle de quanto está comprando, mas, na verdade, pode comprometer a renda toda. Muitos não gostam nem de olhar a fatura do cartão no final do mês. É preciso cautela”, alertou.

OUTRAS VANTAGENS

Uma dúvida comum que aflige muitas pessoas é a aquisição de pacotes de viagens. Será mesmo que eles são boas opções ou adquirir passagens áreas e hospedagem separadamente é mais vantajoso? É relativo. “Acaba sendo interessante comprar os pacotes porque as empresas tem um poder de negociação maior já que adquirem as passagens em grande quantidade e tem parcerias com hotéis, por exemplo”, disse.

Mas, se você está de férias ou tem mais tempo para aproveitar, ou até mesmo se enquadra naquele perfil mais aventureiro, a realidade pode ser diferente.

“As pessoas que tem mais disponibilidade tem mais flexibilidade. Infelizmente, aqueles que só dispõem de dias específicos para diversão vão precisar desembolsar um pouco mais mesmo”. “A organização só não vale para aquela pessoa aventureira, que gosta de sair por aí, dirigindo e mochilando sem rumo. Essa pessoa não tem muito a perder e pode, de repente, acampar por aí para até economizar o valor do hotel. Mas é preciso pesquisar o destino antes porque muitas cidades não autorizam esse tipo de atividade e o turista tem que pedir autorização da prefeitura com antecedência”, emendou.

Luciana também alerta que o mercado é regido pela lei da oferta e da procura, ou seja, aqueles destinos mais procurados são, evidentemente, os mais caros. “Uma dica é escolher viajar em uma época menos procurada, bem longe do Réveillon e do Carnaval. Agora, se você precisar viajar para um evento específico, aí não tem jeito. Vai precisar desembolsar mais mesmo”.

“O Rio de Janeiro, por exemplo, é vendido como a ‘Cidade Maravilhosa’, e é um destino que é a cara dos brasileiros. A dica principal é pesquisar o tempo todo com muita criatividade e paciência”, concluiu.

1) "VER E VIVER EXPERIÊNCIAS” É O LEMA DO PUBLICITÁRIO KLAUS SILVA

O comunicador explica que sempre gostou de conhecer novas pessoas e culturas. Para ele, viajar é mais que sair por aí, sem rumo e sem roteiro pré-definido, mas é ouvir histórias e voltar com a bagagem repleta de experiências. “Com o passar do tempo, percebi que queria mais do que simplesmente conhecer pessoas numa balada ou mesa de bar”, explicou. Se surge a oportunidade de folgas prolongadas no trabalho, ele arruma as malas e começa a desbravar.

“Confesso que as minhas melhores experiências aconteceram sem o menor planejamento prévio. É tipo assim: meu amigo lança a ideia e fala: ‘vamos?’ Eu digo: ‘vamos’”, falou, entusiasmado. O desejo de ir para determinados lugares surge já no processo de decisão. Foi exatamente assim que aconteceu em sua viagem para Fernando de Noronha.

“Nunca pensei ou desejei conhecer, mas no processo de ida já estava apaixonado por tudo e ao chegar, foi amor de verdade. Meu sonho é bem amplo! Por isso, opto em ir vivendo aos poucos e sempre que possível realizando e curtindo ao máximo o caminho e toda paisagem”. O arquipélago é o seu destino preferido e mais indicado até então.

“Lugar encantador, onde a ordem são os pés descalços e a sua única obrigação pela ilha é contemplar a natureza. Os passeios por lá também são um diferencial à parte. Para que pretende ir, a dica é fazer o mergulho conhecido como ‘batismo’. Confesso que não fui, mas uma amiga que estava comigo foi, amou e registrou tudo em cliques”, complementou.

Os outros lugares recomendados pelo viajante são o Rio de Janeiro e cruzeiros em alto mar. “A segunda vez que fui ao Rio foi marcante devido às Olimpíadas. Participar de um evento mundial é, sem duvidas, indescritível. A experiência nos cruzeiros foi ótima também. Costumo dizer que, pelo custo benefício, todos deveriam experimentar”, aconselhou. 

CUSTOS

Klaus afirma que a maioria dos custos das aventuras é custeada por ele e que uma boa opção para economizar é hospedar-se em hostels. “É uma boa pedida para conhecer gente, trocar figurinhas e conversar com pessoas de outros países”. A dica para economizar, segundo ele, é pesquisar e ouvir relatos.

“Você sempre vai ter o ‘luxo’ e o ‘não tão luxo’ à sua disposição. Se você quer de fato viajar pra acúmulo de experiência, saiba que com muito menos do que você espera investir será possível realizar. É só saber dividir bem e analisar em quê é necessário ou fundamental colocar mais ou menos grana no roteiro definido”, aconselhou.

“ME CHAMAM DE LOUCO”

O publicitário diz que gosta de pesquisar informações sobre pontos turísticos com antecedência. “Alguns me chamam de louco, mas pesquiso o local, o tipo de foto que desejo fazer e, se bobear, a legenda já está muito bem definida e salva no meu bloco de notas. Eu chamo isso de organização”, falou.

Sobre registros e tecnologia, Klaus não dispensa uma boa câmera fotográfica para eternizar os momentos e “bombar” nas redes sociais. “Invisto em fotos legais, diferentes e criativas. Para isso, invisto em algumas máquinas de maior qualidade, como a Go pro, por exemplo e seus acessórios. É peça fundamental e indispensável na mala de viagem”.

PRÓXIMO DESTINO E RECOMENDAÇÕES

Maio será um mês especial para ele. Juntamente com um amigo, o comunicador está fechando um roteiro para conhecer países da América do Sul como Chile, Bolívia e Peru. “Há inúmeros lugares aqui no Brasil que quero conhecer e voltar, mas a tal viagem internacional já tá sendo cobrada e pretendo realizá-la o quanto antes”.

Ele reconhece que nem todo mundo poderá viajar internacionalmente. E que tal conhecer as belezas naturais do nosso estado sem gastar muito? “Para mim, Alagoas é sinônimo de praias e muita beleza. Localmente falando, curto a praia do Francês pelo clima. Mas, não há como não citar Barra de São Miguel com as suas águas mornas, Maragogi e Ponta Verde que bomba no verão”, disse.

2) HERTHA SCWARTZ GOSTA DE VIAJAR SOZINHA

A alagoana Hertha Schwartz, 33, é daquelas viajantes que tem muita história para contar. Ela afirma que já viajou com amigos e parentes, mas o que mais gosta é de sair por aí sozinha. “Não há coisa melhor”, diz. Ela lembra que sempre cultivou o desejo de adquirir novas experiências e que, quando criança, saía com a família para descobrir o novo. Para ela, existem diversos tipos de viagens para todas as situações econômicas.

“Acredito que dá sim para economizar, cortando supérfluos e focando no objetivo. Alguns acham que precisa sair do país... nem penso assim: viagem pode ser um pulinho ali na cidade vizinha, conhecer um lugar diferente”, enfatiza. E é claro que, para não correr o risco de passar por imprevistos, planejamento é essencial.

“Quando imagino uma viagem, já vejo alternativas para poupar uma graninha: ir com menos frequência a restaurantes, cinema e delivery”, conta. Ela também busca promoções de passagem áreas e opta pela baixa temporada sempre que possível. A alimentação também é outro ponto importante. “Dá para economizar bastante neste quesito”, emenda.

Hertha sempre pesquisa sobre a cidade e elabora um roteiro que deverá ser mais ou menos seguido, mas diz que não sente a necessidade de cumprir tudo à risca. “É bom ser surpreendido. Na Escócia, por exemplo, eu sabia que queria visitar o Lago Ness, tomar um bom whisky escocês, ver um escocês tradicional com kilt e tudo mais tocando sua gaita de fole e ver os belíssimos cottages. A partir daí, montei meu plano de viagem e foi só felicidade. Tem que filtrar... não da pra ver tudo - e não vale se frustrar por isso. Saiba muito bem definido em sua cabeça o que deseja. É sucesso garantido!”, falou.

Ela diz que gosta de registrar em fotografia e vídeos os momentos mais legais das suas aventuras, mas não se define como aficionada. “Nada substitui as lembranças que ficam guardadas na memória e podem ser revisitadas e compartilhadas sempre”.

‘CAUSOS’

Histórias engraçadas? Hertha coleciona. Nos Estados Unidos, ela conta que foi convidada para visitar a cidade de uma amiga que trabalhou com ela na Disney. “O pai de Rebecca nos perguntou de onde exatamente a conhecíamos. Respondi que morávamos no mesmo ‘condom’. Todos começaram a rir e fiquei sem entender. Mas sabe aquelas gargalhadas gostosas de quem realmente não está com malícia e percebeu que o outro havia se confundido? Foi desse tipo. Conversa vai e vem e aí percebi que a expressão para condominium é condo, e não condom – que significa camisinha”.

Outra situação inusitada ocorreu em Florença. Ela fez uma viagem de carro partindo da cidade para vários países e pontos específicos. Em Mônaco, aconteceu o inesperado. “Não havíamos reservado hospedagem, pois tudo ficaria muito caro. Resultado: quatro pessoas dormiram em um carro de passeio estacionado em frente ao famoso Cassino de Mônaco”. Boas lembranças.

PRÓXIMA PARADA: ARGENTINA

Hertha já conheceu vários países. A pedido do portal 7 Segundos, ela relembrou as suas experiências mais legais. Barcelona encabeça a lista como um das cidades mais incríveis. Outro lugar bacana, segundo ela, é Florença, na Itália. “Lá tem uma vista magnifica do Piazzale Michelangelo: você vê toda a cidade e se sente no jogo Assassin’s Creed. Vale a pena”.

“Na França e Inglaterra, as melhores coisas que fiz foi sentar em frente às obras de arte mais famosas do mundo, admirá-las e perceber o misto de sentimentos que tomavam conta de mim. Indescritível. Na Alemanha, fui a um campo de concentração: Sachsenhausen. É muito válido para entender mais a história e nos tornarmos mais humanos. Em Viena, nada como admirar os belos Jardins da Princesa Sissi (Palácio de Schonbrunn) e o Palácio Belvedere”, recomendou.

Um sonho antigo e que está próximo de se realizar é conhecer a Argentina. “Desde que assisti ao filme ‘Perfume de Mulher’ que sonho em ver um tango em Buenos Aires”. Alguém duvida que ela esteja arrumando as malas tão logo? E aqueles que pensam que a publicitária foca apenas no turismo internacional, estão enganados. Ela também gosta e valoriza as belezas que Alagoas proporciona.

“Acho Penedo uma cidade belíssima. Lembro dos passeios que a escola realizava: Marechal Deodoro com seu fantástico museu, Palmeira dos índios com o Cristo do Goiti, Pão de Açúcar também com um cristo, as piscinas naturais tão pertinho de casa, Maragogi com aquelas águas cristalinas e cardumes. Muito mais bonito que o Caribe. Dá pra se divertir sim aqui na terrinha. E a despeito do que dizem, não temos apenas praias para oferecer”.

ROTEIROS DE ALAGOAS – VALORIZAÇÃO LOCAL

O Estado organiza o Turismo, basicamente, em cinco regiões. O primeiro é a própria capital alagoana e sua Região Metropolitana. Conhecida como o “Paraíso das Águas”, Maceió abriga praias e piscinas naturais, além de praia e sol, lagoas, artesanato, museus, folguedos, teatros e igrejas.

Do Pontal da Barra partem os barcos para o passeio das 9 ilhas espalhadas pela extensão da Lagoa Mundaú. Durante o passeio é possível conhecer as vilas de pescadores e rendeiras, a vegetação de manguezais, restingas e até algumas praias isoladas onde a lagoa encontra o mar.

Foto: Blog Cultura e Viagem

O segundo roteiro compreende Paripueira até Maragogi. A região Costa dos Corais, no Litoral Norte de Alagoas, carrega esse nome por possuir uma das maiores costa de corais do mundo. Tranquilidade e requinte encontram o destino perfeito na Rota Ecológica, composta pelos municípios do Passo de Camaragibe, São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. São aproximadamente 55 km cercados de vastos coqueirais e um imenso mar azul.

A Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais é considerada a maior unidade de conservação marinha federal do Brasil, com cerca de 120 km de praia e mangue. A região parece intocada pelo homem, proporcionando um cenário de cinema, com cores intensas e rica biodiversidade.

Já as Lagoas e Mares do Sul, que compreende Marechal Deodoro até Feliz Deserto, localizam-se ao Sul de Alagoas. As praias do Francês, Barra de São Miguel, Gunga, Jequiá da Praia, Coruripe e Feliz Deserto são conhecidas pelas belezas de suas águas. Na alta temporada, são lugares de muita festa e agitação. A região oferece ainda um polo gastronômico às margens da lagoa, que aguça o paladar com diversos pratos a base de frutos do mar, tendo como destaque o sururu, marisco típico da região.

Foto: Toni Calvalcanti

A penúltima rota, ou “Caminhos do São Francisco”, é conhecido pelo turismo ecológico para quem visita as cidades ribeirinhas de Traipu, Delmiro Gouveia (Mirante do Talhado), Piranhas e Olho D’Água do Casado. Na região é possível praticar esportes radicais. Outra dica é passear pelo Rio São Francisco onde é possível ver os paredões de arenitos, grutas e até pinturas rupestres. A Rota do Cangaço permite ao visitante percorrer o caminho por onde o bando de Virgulino foi caçado, acompanhado de guias vestidos de cangaceiros - tudo isso ao som do típico forró nordestino.

Foto: Hotel Pedra do Sino

O último passeio fica na Zona da Mata de Alagoas e atrai, todos os anos, os visitantes interessados em conhecer o berço da resistência negra e o passado de luta e tradição do povo alagoano. Destinadas aos amantes da ecologia, é nessa região está a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), localizada na zona rural, próximo à área urbana do município de São José da Laje. No espaço, é possível encontrar corredores de bambuzais, nascentes de água potável, lagos e espaços de preservação de aves em extinção.

Em Murici, é possível encontrar um santuário ecológico. No município está localizada a maior reserva de Mata Atlântica de Alagoas e abriga passeios para cachoeiras de beleza singular.

Tribuna Sertão