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Passageiros denunciam superlotação e falta de acessibilidade no transporte intermunicipal em AL

Arsal nega informação e afirma que realiza fiscalizações regulares para coibir irregularidades

Por Anne Caroline Bomfim com Anne Caroline Bomfim 16/01/2017 11h11
Passageiros denunciam superlotação e falta de acessibilidade no transporte intermunicipal em AL
Usuários do transporte intermunicipal estão insatisfeitos - Foto: Cortesia ao 7 Segundos

O portal 7 Segundos recebeu denúncias de passageiros que reclamam de problemas em viagens quando utilizam o transporte intermunicipal no Estado. As carências mais comuns e que deixam os usuários mais insatisfeitos são a superlotação dos veículos e a pouca – ou falta – de acessibilidade. Aqueles que possuem algum tipo de incapacitação física, motora ou até mesmo mental, sofrem e correm riscos diários.

Na última semana, a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) divulgou um levantamento que mostrou que viajar para o interior de Alagoas ficou mais caro em 2016, em comparação com o ano de 2015, por exemplo. A inflação e a crise econômica impulsionaram o aumento dos valores das passagens. De acordo com a secretaria, o ônibus intermunicipal obteve um acúmulo de 60,32% e os trajetos ficaram 16,63% mais caros que o ano anterior, que alcançou 11,03%.

Mas será que o acréscimo do valor da tarifa se reflete na qualidade do serviço? João Silva (nome fantasia)  trabalha como repositor em um estabelecimento comercial localizado no bairro da Santa Lúcia e mora no Cruzeiro do Sul, região Metropolitana de Maceió. Ele precisa tomar duas conduções para ir e voltar do trabalho todos os dias e está bastante insatisfeito. Na manhã desta sexta-feira (16), durante deslocamento para o trabalho, ele denunciou a superlotação e disse que a situação estava insustentável.

“Hoje mesmo, tinha umas trinta pessoas sentadas e muita gente em pé. A reclamação era geral. Teve um dia que mandaram a gente descer da van porque o carro tava tão cheio que tava andando com a porta aberta” (sic), falou. “Eles empurram gente até não caber mais. Essa é a realidade. E não adianta reclamar que eles não estão nem aí”, complementou. Para ele, o principal problema é a fiscalização deficiente por parte da Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsal).

O controle por parte do órgão existe, mas os usuários denunciam que, quando os veículos são parados pelos agentes, os profissionais só solicitam a documentação da van e a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do motorista. Ele até já pensou eu optar por outro meio de transporte para se locomover, mas não consegue devido ao orçamento apertado. “Quem mora na parte alta é complicado porque ônibus te deixa na beira da pista. Já as vans têm pontos fixos e aí fica mais seguro e mais barato”, falou.

Outro caso complicado é o de Paulo Sérgio, que mora no município de Coqueiro Seco. Ele é portador de uma patologia crônica na coluna e precisa ir para Maceió fazer tratamento em um hospital pelo menos uma vez por semana. Para ter o direito à gratuidade no transporte público, ele optou por fazer uma carteirinha junto à Secretaria de Assistência Social há pouco mais de um ano. De lá para cá, no entanto, pouca coisa mudou.

“Eu sou barrado toda vez que tento entrar nas vans. Preciso sair de casa às 4h30 da manhã porque se eu chegar mais tarde na capital fica mais complicado porque a fila é muito grande. Já reclamei duas vezes na Arsal. Lá, eles mandam a gente tirar fotos da placa do veículo e pegar o nome do motorista para denunciar. Isso é obrigação deles. Já estou cansado de passar pela mesma situação sempre”, disse.

O OUTRO LADO

Em contato com a reportagem, a assessoria de comunicação da Arsal informou que realiza fiscalizações constantes a fim de coibir possíveis irregularidades e recomendou que, se por ventura o usuário se sentir lesado, deverá formalizar queixa junto à ouvidoria do órgão por meio do telefone: 0800 284 0429. O prazo médio de resposta à solicitação é de 30 dias.

A assessoria também afirmou que pretende intensificar as fiscalizações na Região Metropolitana e no interior diante das denúncias dos dois usuários. Em relação à falta de acessibilidade e gratuidade da passagem, a Arsal disse que é garantido o Passe Livre àqueles com deficiência ou portadores de patologias crônicas, bem como para idosos e carentes. Para ser comprovada tal condição é necessário obter um documento junto aos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) nos respectivos municípios. No entanto, vale ressaltar que a gratuidade só é garantida caso o veículo estiver com assentos disponíveis.

Em relação ao público da melhor idade, a Arsal informou que todo veículo terá que ser reservado duas vagas para a categoria. Se a van estiver com a capacidade de usuários comprometida, é garantido o direito de desconto de 50% no valor da passagem.