Mutum-de-Alagoas agora é oficialmente ave símbolo do Estado
O governador Renan Filho assinou, na manhã desta sexta-feira (22), o decreto que torna o Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) ave-símbolo do Estado. A solenidade antecedeu a apresentação do primeiro casal da espécie que já se encontra em um viveiro especialmente construído pelo Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), em terras da Usina Utinga Leão, no município de Rio Largo. Em breve, nove exemplares serão reintroduzidos à natureza na Mata do Cedro, reserva pertencente à indústria sucroalcooleira.
O regresso do mutum aconteceu 42 anos depois de a ave, genuinamente alagoana, ter sido declarada à beira da extinção. “Sem dúvidas, estamos, vivendo um momento histórico nas terras alagoanas, no ano em que comemoramos o bicentenário. Ao apresentar o mutum como a ave-símbolo de Alagoas, justamente por ter sido resgatada, estamos dando exemplo ao Brasil. O mutum chegou a apenas três unidades identificadas e, hoje, está sendo reproduzido em cativeiro para ser reinserido na natureza”, explicou Renan Filho.
O governador determinou que o comandante do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), tenente-coronel Ascânio Casado, concentre esforços para a preservação da espécie. A caça indiscriminada e a devastação da Mata Atlântica são as principais ameaças e causas do desaparecimento do mutum das matas alagoanas.
“Temos que dedicar atenção especial; é compromisso do Estado de Alagoas garantir as condições para que a gente preserve o mutum alagoano. Estamos aqui num ato muito importante, simbólico, fruto de um trabalho coletivo: reintroduzir na natureza uma espécie que beirou a extinção”, acrescentou Renan Filho.
Ele parabenizou e agradeceu, em nome do povo alagoano, o empenho e o trabalho desenvolvido pelo criador de aves Pedro Nardelli, responsável pelo resgate de três exemplares, no final da década de 1970, ato que evitou a extinção da espécie.
“Pedro Nardelli foi quem redescobriu o Mutum-de-alagoas aqui e o levou, no final da década de 1970, para o Rio de Janeiro. Trabalhou por 20 anos lá no Rio e, em agosto de 1999, transferiu parte do plantel para o nosso criadouro (CRAX Brasil) e outra parte para o criadouro de Poços de Caldas (MG), de Moacir Carvalho Dias. Se ele (Nardelli) não tivesse feito o que fez, a gente não estaria aqui hoje. Foi ele quem retirou e manteve os últimos exemplares”, afirmou Azeredo.
Nardelli revelou que o primeiro mutum foi resgatado por ele após um oficial da polícia militar apreender o exemplar com um homem acusado de homicídio, em 1976, no município de São Miguel dos Campos.
“Por meio de um livro descobri que no Nordeste havia uma espécie de mutum que a ciência acreditava que já estava extinto. Havia um registro de 1950 de uma ave encontrada morta. Fiquei preocupado em saber se o bicho havia desaparecido ou não. Em 1976, passei dois meses aqui e depois de muito andar, encontrei um mutum cativo, em São Miguel dos Campos, preso com um oficial da polícia militar”, recordou.
O primeiro casal da espécie já em solo alagoano integra o Plano de Ação Estadual do Mutum-de-alagoas, coordenado pelo IPMA. Os exemplares ficarão no viveiro de 390m² dentro do Centro de Educação Ambiental Pedro Nardeli (CEAPN), inaugurado nesta sexta-feira (22).
O espaço foi construído em parceira com a Usina Utinga, cedente da área onde o Centro foi instalado, e o Ministério Público Estadual (MPE) que, por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), viabilizou os recursos para as obras. O Grupo Pratagy coordenou a construção do espaço, em parceria com o IMA, que se empenhou no licenciamento do Centro.