'Ele está em processo de reabilitação', diz médica sobre jornalista Alexandre Farias
Apresentador da TV Asa Branca foi atingido por uma bala perdida há dois meses em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Ele segue na UTI do Hospital Esperança, no Recife
Há dois meses o jornalista e apresentador da TV Asa Branca, Alexandre Farias, de 39 anos, foi vítima de uma bala perdida em Caruaru, Agreste de Pernambuco. Sessenta dias após o acidente, ele segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Esperança, no Recife, sem previsão de alta.
Ao G1, a médica intensivista, chefe da UTI geral da unidade de saúde, Mariza da Fonte, explicou qual é o atual quadro de Alexandre. "Neste momento ele está em um processo de reabilitação de um trauma de crânio grave, que ele sofreu em setembro. Ele está independente da ventilação mecânica [ou seja, respira sem ajuda de aparelhos], tem um nível de consciência razoável, atende nossos pedidos, interage, acompanha o ambiente. Mas ainda é muito cedo para termos um domínio completo da situação", detalhou.
A médica também falou sobre os próximos passos que serão tomados com relação à recuperação do jornalista. "Um dos motivos dele continuar na UTI é que lá nós podemos fazer uma fisioterapia mais intensiva. Uma fisioterapia motora, respiratória, uma estimulação mesmo. Tudo isso para que ele possa voltar a participar do meio. O acidente acontece em um minuto, mas a reabilitação leva semanas e semanas. Eu acho que o grande trunfo que ele tem é a idade. Carlos Alexandre é jovem, é sadio. A gente acredita que é possível chegar lá", disse.
Para o irmão do apresentador, José Santos da Silveira Júnior, o estado do jornalista é satisfatório, comparado à gravidade do acidente. "Ele se comunica através de expressões labiais, mexe os braços. Alexandre segue me surpreendendo. Eu não tinha noção do quanto meu irmão era querido. Muitas pessoas vêm visitar ele. E isso me deixa muito feliz", ressaltou.
Transferência para o Recife
Alexandre foi transferido para o Hospital Esperança, no Recife, na manhã de 28 de outubro. A ambulância com o jornalista saiu do Hospital Unimed às 9h30 (horário local) e seguiu para o Aeroporto Oscar Laranjeira, de onde ele seguiu em um avião equipado com Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O irmão do apresentador acompanhou ele no voo.
Na ocasião, os médicos ressaltaram que Alexandre não apresentou nenhuma piora no quadro e que a transferência foi realizada visando a melhora dele. A equipe neurológica que cuidou dele em Caruaru é a mesma do Recife.
"A transferência também se deu por questões contratuais. Já havia sido decidido isso desde o início. Quando Alexandre tivesse condições de ser transferido, iria para um hospital que faz parte do plano de saúde ao qual ele está vinculado", explicou o médico André Muniz.
Traqueostomia e reações espontâneas
Quando ainda estava internado em Caruaru, Alexandre Farias foi submetido a uma traqueostomia. De acordo com os médicos, o procedimento foi realizado para "poupar a via respiratória superior". No hospital, o jornalista também apresentou algumas reações espontâneas à medida em que os sedativos eram retirados.
Ao G1, o neurocirurgião Ronaldo Menezes explicou como são feitos estes movimentos espontâneos. "Nós realizamos um estímulo e ele localizou este estímulo com algum membro. Isso faz com ele ganhe pontuação nessa escala de coma. É algo positivo", detalhou.
Entenda o caso
O apresentador do ABTV 2ª Edição foi vítima de uma bala perdida na noite de 16 setembro, no bairro Alto do Moura, em Caruaru. Ele ia para casa quando foi atingido por um disparo na cabeça. De acordo com informações da Polícia Militar, assaltantes estavam em um carro roubado quando houve perseguição e troca de tiros.
Na fuga, os bandidos ainda atropelaram socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que estavam em uma ocorrência no local. Uma das auxiliares de enfermagem foi atingida. Alexandre Farias foi socorrido em estado grave para o Hospital Regional do Agreste (HRA) e em seguida transferido para Hospital Unimed, também em Caruaru.
Um dos suspeitos de participar do tiroteio que atingiu Alexandre "era integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) do Rio Grande do Norte", conforme informou o chefe da Polícia Civil em Pernambuco, Joselito Amaral. O criminoso tinha 34 anos e foi morto durante um confronto com a polícia. No total, quatro suspeitos foram presos.