Brasileiro diz que premeditou a própria prisão na Venezuela

O brasileiro Jonatan Moisés Diniz, 31, que ficou preso por 11 dias na Venezuela sob a acusação de ter elos com uma organização criminosa, disse que premeditou sua detenção a fim de chamar atenção para o trabalho de sua ONG, a Time to Change the Earth (hora de mudar a Terra).
A afirmação está em um vídeo exibido na quarta-feira (10), em Balneário Camboriú, durante uma apresentação da entidade que Diniz idealizou e da qual é vice-presidente (veja aqui).
"Se eu fui pra lá e eu fui preso, é porque eu incitei ser preso", disse. "Eu sozinho não teria nenhuma voz, mas eu indo para a cadeia aconteceu exatamente o que estava nos meus planos."
O ativista chamou seu plano de ser capturado de "um ato sem medo". "Enfrentei pessoas poderosas, ligadas ao presidente, às Forças Armadas e, como eu já esperava, iria [fui] para a cadeia."
Ele ainda criticou a imprensa por ter se concentrado nos detalhes relativos à prisão e em seu passado no país caribenho. "Não falou merda nenhuma das crianças e jamais me perguntaram quantas crianças eu ajudei."
Diniz foi preso porque o chavismo considerou a Time to Change the Earth uma organização criminosa. Como provas, o número dois do regime, Diosdado Cabello, apresentou bonés da entidade e postagens em redes sociais críticas ao regime.
Diniz levava bonés e camisetas para distribuir em suas ações, cujas fotos publicava em redes sociais. Nas postagens, seu rosto também aparecia com frequência, diferentemente dos registros da última vez em que esteve no país, entre maio e agosto, no auge dos protestos anti-Maduro.
Da mesma forma, suas críticas ao regime eram mais explícitas. Ele afirma ter bancado as ações filantrópicas com recursos próprios. Mas a passagem de Los Angeles para Caracas foi paga por sua mãe.
SURPRESA
A gravação, feita em Santa Mônica, no Estado americano da Califórnia, surpreendeu inclusive os companheiros de ONG de Diniz, que organizaram o evento na sede da OAB de Balneário Camboriú.
De acordo com a presidente da ONG, Veridiana Maraschin, Diniz decidiu ir à Venezuela por conta própria. Naquele momento, afirma, a entidade ainda estava em processo de fundação, sem cadastro na Receita Federal, conta de banco ou sede.
Diante da prisão de seu vice, os trâmites burocráticos pararam. Agora, a intenção é continuar o trabalho, mas centrando os esforços em Santa Catarina.
Na terça (9), Diniz havia postado numa rede social um longo relato sobre as condições de seu encarceramento. Contou ter recebido comida em apenas 3 dos 11 dias que passou preso, dividido a cela com outros oito presos e sofrido tortura psicológica de agentes do regime, além de não ter podido fazer nem receber chamadas.
"Um dia antes de me soltarem, quando fui [...] obrigado a assinar minha expulsão do país por infelizmente 10 anos, foi que tive conhecimento que meu nome estava na internet e que o caso tinha tomado grandes proporções", relatou.
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