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MS confirma surto após 13 casos de sarampo dentro de navio de cruzeiros

Mais de 10 mil pessoas devem ser vacinadas ao longo desta quarta-feira (20)

Por G1 20/02/2019 13h01
MS confirma surto após 13 casos de sarampo dentro de navio de cruzeiros
Tripulantes de várias nacionalidades estão com a doença - Foto: Reprodução/Agência Alagoas

O Ministério da Saúde confirmou 13 casos de sarampo em tripulantes de diversas nacionalidades dentro do navio MSC Seaview, que atracou no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (20). Um mutirão de vacinação está sendo realizado dentro e fora do navio para imunizar cerca de 10 mil pessoas, que estão desembarcando e embarcando no cruzeiro.

Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, 18 casos foram notificados pelos estados de Santa Catarina e São Paulo ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Os resultados de 13 exames foram reagentes ao vírus do sarampo, confirmando o surto da doença entre os tripulantes do navio.

O navio saiu de Santos, no último sábado (16), e foi por Balneário Camboriú (SC). Nesta quarta-feira, ele retornou a Santos por volta das 6h, com 4.500 pessoas embarcadas. O Ministério da Saúde, em conjunto com as secretarias de saúde envolvidas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vacinou com a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) passageiros de seis meses a 49 anos.

A partir das 7h30, os passageiros começaram a ser imunizados dentro do navio. Depois, eles foram liberados para o desembarque. Outros 4,5 mil passageiros que ingressarão no navio nesta quarta-feira foram vacinados entre 8h e 10h, no salão verde do Terminal Concais. A Secretaria Municipal de Saúde de Balneário Camboriú (SC) já tinha vacinado, na segunda-feira (18), 1.113 tripulantes dentro do navio que não estavam vacinados ou que não puderam comprovar a vacinação.

Todos os casos suspeitos da doença são em tripulantes de diversas nacionalidades como Índia, Itália, Ucrânia, África do Sul e Brasil. Eles permanecem isolados em seus quartos desde o início dos primeiros sintomas, reduzindo o risco de transmissão a outros tripulantes e passageiros, de acordo com as orientações do guia sanitário de navios de cruzeiro da Anvisa.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) destinou 110 profissionais para aplicação de vacinas. A ação foi planejada na tarde desta terça-feira (19), por representantes dos departamentos de Vigilância em Saúde (Devig) e Atenção Básica (Deab), Anvisa, MSC e Concais. O secretário municipal de Saúde, Fábio Ferraz, também participou de videoconferência com técnicos do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde.

O Ministério da Saúde considera que esse grupo de passageiros, que embarcou no sábado (16) em Santos e desembarcou nesta quarta-feira, pode ter sido exposto ao vírus do sarampo e, portanto, podem vir a desenvolver os sinais e sintomas da doença. Desta forma, a pasta considera urgente e necessária a vacinação contra o sarampo de todos os passageiros que não apresentarem cartão de vacinação que comprovem estar imunizados. A estratégia foi tomada devido à alta transmissibilidade do vírus do sarampo e a dinâmica do serviço de bordo do navio.

A pasta alerta ainda para os cerca de 5 mil passageiros que desembarcaram do navio no sábado no Porto de Santos para que procurem imediatamente uma unidade de saúde se sentirem os sintomas da doença e informarem que estiveram no navio. Os sintomas do sarampo são febre alta, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, coriza e conjuntivite.

Ações Sanitárias

Além do mutirão de vacinação, equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entraram no navio para coordenar diversas ações sanitárias. Segundo a Anvisa, o número de casos suspeitos passou de 16 para 18, nesta quarta-feira, todos em tripulantes.

Uma das principais atividades dos servidores da Agência é a emissão do Certificado de Livre Prática (CLP), emitido pela Anvisa, é previsto pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI) para que um navio possa operar no embarque e desembarque de viajantes, cargas ou suprimentos. O certificado só é concedido após a análise das condições operacionais e higiênico-sanitárias do navio, bem como do estado de saúde dos viajantes.

Para verificar as condições da embarcação, os servidores da Anvisa avaliam, por exemplo, o hospital de bordo. Nele é possível analisar a quantidade de atendimentos, bem como as condições de saúde dos passageiros que passaram por consultas no local. A fiscalização da limpeza das áreas comuns, a avaliação do sistema de ar condicionado e dos filtros hepa (que filtram com maior eficiência), além dos produtos utilizados na higienização também são competência da Anvisa. A Agência também acompanha o Plano de Limpeza e Desinfecção (PLD) das cabines.

A Anvisa também disponibilizou para o MSC Seaview dois arquivos de áudio, um em português e outro em inglês, orientando os viajantes a procurarem atendimento médico caso apresentem sintomas como manchas na pele e febre.

O caso

O navio, com capacidade para 5.420 viajantes, sendo 1.400 tripulantes, saiu de Ilha Grande (RJ) e foi para o Porto de Santos, onde atracou no último sábado (16). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Centro de Estratégicas em Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de São Paulo (CIEVS-SP) e a Vigilância Epidemiológica de Santos entraram no navio e coletaram 16 amostras de tripulantes que estavam com suspeita de terem contraído rubéola.

Por determinação da Anvisa, o navio seguiu para Balneário Camboriú (SC) e os tripulantes ficaram isolados. Durante a estadia do navio na cidade catarinense, 1.300 pessoas foram imunizadas.

Segundo a Anvisa, além de coleta de amostra de sangue, urina e secreção nasofaríngea dos casos suspeitos, a equipe realizou vacinação MMR (rubéola, caxumba e sarampo) dos tripulantes que não estavam vacinados ou que não que puderam comprovar a vacinação. Também foram adotadas medidas sanitárias de limpeza e desinfecção das cabines onde se encontravam os casos suspeitos.