Chance de me afastar não existe, diz ministro envolvido em esquema de laranjas
Questionado sobre candidaturas laranjas, Marcelo Álvaro Antônio afirmou que não existe lógica gasto-voto na política
Apontado como patrocinador de um esquema de candidaturas de laranjas dentro do PSL, partido dele e do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (MG), negou a possibilidade de se afastar do cargo para se defender das acusações.
"Não existe chance de me afastar. Tenho 100% de certeza que agimos dentro da Justiça Eleitoral", disse o ministro em entrevista ao jornal SBT Brasil que foi ao ar nesta segunda-feira (25).
Reportagem da Folha publicada em 4 de fevereiro revelou que Álvaro Antônio, deputado federal mais votado em Minas, patrocinou um esquema de quatro candidaturas de laranjas, todas abastecidas com verba pública do PSL.
Álvaro Antônio era presidente do PSL em Minas e tinha o poder de decidir quais candidaturas seriam lançadas. As quatro candidatas-laranjas receberam R$ 279 mil da verba pública de campanha da legenda, ficando entre as 20 que mais receberam dinheiro do partido no país inteiro.
Desse montante, pelo menos R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro.
Não há sinais de que as candidatas tenham feito campanha efetiva durante a eleição. Ao final, juntas, somaram apenas cerca de 2.000 votos, apesar do montante recebido para a campanha.
?Sobre as candidaturas, Álvaro Antônio disse ser impossível prever que é impossível prever quantos votos cada candidato vai ter.
"Essa lógica gasto-voto na política não existe. É impossível saber qual a votação de uma pessoa de forma prévia."
Na quinta (21), o ministro do Turismo recorreu ao foro especial e pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a investigação sobre candidatas laranjas do PSL aberta em Minas Gerais passe a tramitar perante a corte. O ministro é alvo direto da apuração da Promotoria mineira.
Questionado sobre recorrer ao foro especial no STF, o ministro atribuiu a decisão à estratégia adotada por seus advogados.
"Estou focado em gerar emprego, em gerar renda para o Brasil. E o âmbito jurídico do processo, eu confiei aos meus advogados. A estratégia jurídica dos advogados cabe a eles, está sob a responsabilidade dos meus advogados", afirmou.