Moro diz que site que vazou mensagens tentou virar "mártir da imprensa"
Moro é ouvido nesta tarde na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara
O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) voltou a atacar o site The Intercept Brasil e disse hoje ter a "impressão" que os autores das reportagens sobre conversas vazadas da Lava Jato tentaram forçar a expedição de um mandado de busca e apreensão.
Em audiência na Câmara dos Deputados, o ex-juiz federal justificou o raciocínio com a tese de que o site buscaria se colocar na mídia como uma "vítima" ou "mártir da imprensa".
"Esse mesmo site, no dia 13 de junho, divulgou mensagens sem qualquer espécie de consulta prévia, um expediente em jornalismo um tanto quanto reprovável. Fiquei com a impressão que o site queria que fosse ordenada uma busca e apreensão, talvez por aparentar uma espécie de vítima, um mártir da imprensa ou coisa parecida."
Moro é ouvido nesta tarde na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. Essa é a segunda vez que ele vai ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre o episódio dos diálogos entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato. As mensagens indicam que o ex-magistrado pode ter agido com parcialidade na condução de ações penais.
Após a afirmação do ministro, o jornalista Glenn Greenwald, cofundador e um dos autores das reportagens do site The Intercept Brasil, postou em seu Twitter que as ameaças de Moro não intimidarão o veículo. "Nenhuma intimidação ou ameaça interromperá as reportagens. Ameaças do estado só servem para expor seu verdadeiro rosto: abuso do poder - e por que eles precisam de transparência de uma imprensa livre", disse.
O ministro abriu o depoimento por volta das 14h20. Inicialmente, ele teve 20 minutos para falar livremente e, ao fim desse prazo, começou a responder aos questionamentos dos deputados. Até 14h, mais de 90 parlamentares haviam feito inscrição, o que indica que a reunião deve ir até tarde.