Poupança em baixa exige busca por novos investimentos em 2020
Diversificação da carteira e a busca por investimentos mais arriscados figuram como as grandes apostas
Os pequenos investidores brasileiros vão entrar em 2020 com a árdua missão de driblar a menor taxa de juros da história para conquistar rentabilidade.
Com a Selic em 4,5% ao ano e a inflação acumulada dos últimos 12 meses na casa dos 3,2%, as aplicações na tradicional caderneta de poupança, que atualmente rende 70% do valor da taxa básica de juros (3,1% ao ano), já resultam na perda real aos investidores.
Penando nisso, o R7 ouviu educadores financeiros e especialistas em investimentos para listar o que vale a pena para cada perfil de investidor em 2020, seja ele conservador ou arrojado.
A diversificação da carteira e a busca por investimentos mais arriscados figuram como as grandes apostas para quem deseja multiplicar a grana a ser poupada.
“Os conservadores além da conta e os preguiçosos que deixavam o dinheiro parado não vão mais ganhar dinheiro. Acabou a festa”, afirma o gestor de investimentos da Par Mais, Alexandre Amorim.
Para que o retorno financeiro atenda às expectativas e ao menos supere a inflação, o que não acontece mais com a poupança, é indicado que a diversificação passe por títulos do Tesouro Direto, ativos de renda fixa, fundos de investimento e ações.
O fundador da Guru Investimentos, Felipe Catão, explica que no momento atual até mesmo algumas migrações vão continuar remunerando pouco os investidores.
“Se ele tem 100% dos recursos hoje em poupança, é interessante migrar parte disso para o Tesouro Direto e um pequeno percentual para ativos mais arriscados, como fundos multimercados e até mesmo um pouco de bolsa para começar a se acostumar”, orienta.
Renda fixa
Apesar da tendência de pagar sempre um percentual do CDI, indicador atrelado à taxa básica de juros, os títulos como CDB, LCI e LCA ainda são indicados para a carteira de investidores que vão precisar dos recursos em curto e médio prazo.
Para quem “não tem grandes fortunas”, Catão vê com bons olhos a busca por ativos e renda fixa. “Procurem esses CDBs que pagam entre 120% e 150% do CDI em bancos de pequeno médio porte e que têm a garantia do FGC para investimentos de até R$ 250 mil”, avalia ele.
A educadora financeira Cintia Senna, da DSOP, indica que as opções da renda fixa como boas apostas para quem pensa em retirar o valor investido em curto prazo. "Ainda existem CDBs que rendem pelo menos 100% do CDI, o que para esse período ainda vale a pena. Algumas instituições também oferecem LCI e LCI com bons retornos", destaca.
Ao comentar as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agrícolas) que pagam um percentual do CDI, o fundador da Guru Investimentos ressalta que os títulos podem ser mais atrativos por serem isentos do pagamento de imposto de renda. “O problema é que está difícil de achar esse ativo”, lamenta Catão.
Fundos
Outra opção que ganha força entre os brasileiros com a queda da taxa básica de juros são os fundos de investimento, como os multimercados, imobiliários e de ações.
O gestor de investimentos da Par Mais, Alexandre Amorim, observa que a aposta nos fundos como um “excelente mercado” por destinar a um gestor a tomada de decisões. “Historicamente, os gestores no Brasil conseguem ‘performar’ muito melhor do que um investidor que decido entrar no mercado”, diz ele ao comentar sobre os fundos de ações.
Para Catão, é necessário estar atento às taxas de administração e performance ao optar pelo investimento em um fundo. “Quando você fala em fundos multimercados, que são mais competitivos e têm rentabilidades menores, uma taxa de administração acima de 2% já fica bem puxado”, analisa.
Estão também disponíveis no mercado os fundos imobiliários. Segundo Catão, a aposta na modalidade requer uma análise prévia. “É necessário investigar um pouco, saber o que tem na carteira, se está comprando laje corporativa ou galpão e qual é a concentração de investidores.”
Cintia Senna, por sua vez, alerta para a imprevisibilidade do retorno oferecido pelos fundos de investimento. “Eles têm uma expectativa com base no passado, mas não quer dizer que ele vai me dar esse retorno no futuro”, explica a educadora financeira.
Ações
O rendimento de mais de 30% do Ibovespa neste ano fez o número de investidores brasileiros no mercado acionário dobrar. Apesar do salto em 2019, o mercado de ações segue com boa atratividade para 2020, garantes os educadores financeiros.
Felipe Catão, da Guru Investimentos, defende o investimento em ações, mas recomenda cautela. "Todo mundo que está entrando na Bolsa, está só vivendo o conto de fadas de ganhar mais dinheiro do que ganhava na renda fixa, só que ainda não pegou um chacoalhão”, alerta ele.
De acordo com Cintia, os mais conservadores que quiserem se arriscar em ações devem se limitar a 10% do patrimônio e entender que o montante está sujeito a oscilações. “Quando eu invisto em ações, estou apostando em uma empresa, na geração de renda dela e eu vou receber por isso.”
Para a educadora financeira, é necessário ter paciência ao entrar no mercado acionário. “É necessário proteger o patrimônio, não deixar ele exposto a uma oscilação de investimentos que pagam mais, porém que podem ter uma redução ao ser retirado no curto prazo”, completa Cintia.
Tesouro
Com a inflação acumulada em 12 meses abaixo de 4% e a taxa básica de juros da economia em 4,5% ao ano, o Tesouro Selic ainda oferece um pouco de ganho real aos investidores.
Mais vantajosa do que a poupança e com a mesma liquidez, o título público atrelado à taxa básica de juros da economia é uma boa opção para quem deseja formar uma reserva de emergência.
“O Tesouro Selic vale a pena se esse dinheiro for reserva de emergência e ele está usando a Selic para poder fazer essa troca. Só não pode ficar sem nenhum capital para uma necessidade que pode existir”, explica Cintia, da DSOP.
Para quem já formou a reserva de emergência e busca por uma rentabilidade que ganhe ao menos da inflação, os especialistas indicam o Tesouro IPCA como boa opção. “Uma forma de se proteger dos juros baixos seria comprar algo atrelado à inflação”, afirma Catão.