Maceioenses e turistas se despedem do Carnaval 2020
Folia em Maceió terminou na madrugada desta quarta-feira (26)
“É de fazer chorar quando o dia amanhece e obriga o frevo acabar, ó quarta-feira ingrata, chega tão depressa só pra contrariar”. Os versos compostos pelo pernambucano Luis Bandeira foram cantados no cenário do nascimento do Marechal Floriano Peixoto, o segundo presidente do Brasil. A histórica Igreja Nossa Senhora do Ó, no bairro de Ipioca, é testemunha da alegria dos foliões durante os quatro dias de festa, mas também das lamentações pelo término da programação do Carnaval de Maceió na madrugada desta quarta-feira (26).
Foi com a presença da Caravana Cultural do Pinto da Madrugada com o Rei Momo e a Rainha do Carnaval que os moradores e visitantes se despediram do Carnaval no Alto de Ipioca, um dos oito polos espalhados por Maceió. “Participei todos os dias e posso dizer que foi o melhor Carnaval que já vi, com uma programação maravilhosa e tudo foi tranqüilo”, afirmou a moradora Antônia da Silva, que não abriu mão da folia nem mesmo no momento da chuva.
A descentralização do Carnaval em Maceió foi uma iniciativa da Prefeitura por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), que destinou R$ 140 mil para custeios de produção das festas realizadas pelas Organizações da Sociedade Civil selecionadas através de edital. A estrutura de cada polo – palco, som, iluminação e banheiros químicos – também foi fornecida pelo Município.
O organizador do Polo Ipioca reconhece que o apoio foi fundamental para manter a tradição e movimentar o bairro. “A programação trouxe frevo, alegria, diversão e lazer para a comunidade. Isso movimentou a economia do bairro e fortaleceu a cultura do litoral norte de Maceió. Estamos muito felizes pela Prefeitura ter apoiado nosso carnaval e, ver o resultado, é motivo de festa e é até arrepiante, porque é emocionante presenciar como cada momento foi aproveitado aqui”, pontuou Josiel Pontes.
Juliana Rosa dos Santos comemorou a movimentação no bairro durante os quatro dias. Além de curtir a folia, foi uma oportunidade de sentir uma melhoria no bolso com a venda de lanches. “O Carnaval movimentou bem o bairro graças a Deus e foi muito bom para mim, porque juntei o útil ao agradável”, disse a ambulante.
Orla
O encerramento do Carnaval na Orla de Maceió foi com os Blocos Afros. Com uma mensagem de amor, respeito, valorização cultural e resistência ao som de axé, ficou difícil saber quem mais se contagiou com o clima: quem estava apenas se divertindo ou quem foi protagonista das apresentações.
“É de grande importância esse momento, porque é o aprimoramento da cultura. Sabemos que o frevo é bonito e importante, mas o axé e o afro fazem parte da cultura religiosa e da própria cidade. Com essa iniciativa nos sentimos valorizados”, enfatizou Ana Melo, vocalista da Banda Afro Mandela. “Vou aproveitar a noite e participar ainda da Roda de Samba das Mulheres, porque gosto de sambar”, adiantou.
Teve até baiano que trocou o carnaval em Salvador para curtir o Carnaval de Maceió. Foi o caso de Carlos Alberto, analista de sistema, que conheceu Maceió por esses dias: “É a primeira vez que venho aqui e estou gostando muito. É uma experiência muito boa sair da rotina, porque a gente conhece outros lugares com hospitalidade. Maceió tem uma programação bem diferente em um ambiente mais tranquilo para a família”.
Polo Benedito Bentes
Na parte alta da cidade, Jhony Black e Banda H+ foram as atrações responsáveis pelo último dia de festa no Polo Benedito Bentes, na Praça de Esportes. “Foi uma festa inacreditável, não dá para superar nenhum bairro na animação, porque o pessoal brincou na paz e não faltou alegria”, garantiu o vocalista Jhony.
O jovem Ivison Gomes confirma que a programação no bairro foi surpreendente. “Foram várias bandas boas e animadas. Era tudo que eu esperava: um carnaval no Benedito Bentes. Estava trabalhando hoje, mas vim direto do trabalho me encontrar com a família. A gente não precisou sair daqui, porque pudemos aproveitar e curtir o carnaval aqui mesmo”, enalteceu Ivson.
A folia do carnaval já foi considerada uma prévia da comemoração dos 34 anos do bairro. A noite se tornou ainda mais especial com a presença do Pinto da Madrugada, do Rei Momo e da Rainha do Carnaval. Manter a comunidade no próprio lugar durante esse período foi a maior missão do polo, como explicou o organizador Júnior Mendonça: “Foi uma festa linda para beneditenses. Foram quatro dias de animação com segurança e várias atrações. Foi um polo de carnaval que deu opção para o morador daqui do nosso bairro curtir e trazer a família, um momento importante que só aconteceu com o apoio da Prefeitura”.
Descentralização
A aproximação da Prefeitura de Maceió com os bairros por meio da descentralização do Carnaval de Maceió é um aspecto destacado pelo presidente da Fmac Vinícius Palmeira, ao chegar ao fim da programação carnavalesca, que este an contou com a ação inédita da Caravana Cultural do Pinto da Madrugada.
“Desde sexta-feira a gente circulou os oito polos. Estamos felizes porque é o ano da despedida da gestão Rui Palmeira e são oito anos de aproximação dos bairros, porque o nosso entendimento é que a cultura deve ser feita de forma descentralizada. Ampliamos as prévias, retornamos à Rua Sá e Albuquerque e consolidamos, sobretudo, um carnaval que chega ao munícipe, em todos os formatos e ritmos”, enumera Palmeira.
O presidente da Fmac também lembra que a diversidade cultural foi levada em consideração no planejamento para a realização do Carnaval. “Fica um sentimento saudoso, porque é muito importante entender a particularidade de cada bairro. Fernão Velho é de um jeito, Ipioca tem outra forma de se expressar. Então nos últimos anos, a gente vem trabalhando dentro da linguagem de cada um e estamos deixando uma semente plantada”, argumentou. “Além disso, o nosso carnaval gerou renda nas próprias comunidades”, acrescentou o gestor.
A programação do Carnaval de Maceió também aconteceu nos bairros do Pontal da Barra, Ponta Grossa, Pajuçara, Jacintinho e Fernão Velho. Veja a cobertura completa aqui.