Petrobras corta produção para enfrentar 'pior crise da indústria do petróleo nos últimos 100 anos'
Na semana passada, estatal já havia anunciado corte na produção e outras medidas para reduzir gastos
A Petrobras informou nesta quarta-feira (1º) que está reduziu em 200 mil barris sua produção diária de petróleo. O volume inclui a redução anunciada na semana passada, de 100 mil barris diários. Outras medidas incluem a postergação de desembolso de caixa e redução de custos.
Segundo a estatal, as ações são necessárias para garantir a sustentabilidade da companhia no que se configura "a pior crise da indústria do petróleo nos últimos 100 anos".
"O cenário atual é marcado por uma combinação inédita de queda abrupta do preço do petróleo, excedente de oferta no mercado e uma forte contração da demanda global por petróleo e combustíveis", diz a Petrobras em nota.
A duração dessa redução na produção, assim como possíveis aumentos ou novos cortes, será continuamente avaliada, afirmou a companhia. Na semana passada, ao anunciar o corte de 100 mil barris diários em sua produção, a estatal havia afirmado que a medida deveria durar até o final de março.
O processamento nas refinarias da Petrobras também está sendo ajustado, em linha com a demanda por combustíveis.
Entre as ações anunciadas pela companhia, estão várias para economizar cerca de R$ 700 milhões em gastos com pessoal, destinadas a promover o corte anunciado na semana passada de R$ 2 bilhões em gastos operacionais. Veja as principais:
- Postergação do pagamento, entre 10% a 30%, da remuneração mensal de demais empregados com função gratificada (gerentes, coordenadores, consultores e supervisores);
- Mudança temporária de regimes de turno e de sobreaviso para regime administrativo de cerca de 3,2 mil empregados;
- Redução temporária da jornada de trabalho, de 8 horas para 6 horas, de cerca de 21 mil empregados.
- Medidas já anunciadas
- Na semana passada, além do corte inicial da produção, a Petrobras já havia anunciado medidas de redução de custos. Veja abaixo:
- Desembolso de linhas de crédito compromissadas, no montante de cerca de US$ 8 bilhões, conforme anunciado em 20/03/2020;
- Desembolso de duas novas linhas de empréstimo que somam R$ 3,5 bilhões;
- Adiamento para 15/12/2020 do pagamento de dividendos com base no resultado anual de 2019, no valor de R$ 1,7 bilhão. Essa proposta será submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária, que foi reagendada para 27/04/2020.
- Redução e postergação de gastos com recursos humanos, no valor total de R$ 2,4 bilhões, incluindo adiamento do pagamento de horas-extras, do Programa de Prêmio por Performance;
- Postergação do pagamento de 30% da remuneração mensal total do Presidente, Diretores, Gerentes Executivos e Gerentes Gerais;
- Cancelamento dos processos de avanço de nível e promoção para os empregados e avanço de nível de funções gratificadas de 2020;
- Redução de 50% no número de empregados em sobreaviso parcial nos próximos três meses e suspensão temporária de todos os treinamentos;
- Redução dos investimentos programados para 2020 de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões (sendo US$ 7 bilhões na visão caixa);
- Redução dos gastos operacionais em US$ 2 bilhões, incluindo a hibernação das plataformas em operação em campos de águas rasas, postergação de novas contratações relevantes pelo prazo de 90 dias.