Auxílio Emergencial deve injetar 1.7 bilhão na economia alagoana
Estimativa da Fecomércio considera dados do IBGE e do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS)
A Caixa Econômica Federal informou que, até a noite de ontem (13), 34,3 milhões de pessoas se cadastraram receber o auxílio emergencial de R$ 600. O benefício a trabalhadores de baixa renda afetados pela pandemia de coronavírus começará a ser sacado em dinheiro a partir desta terça-feira, dia 14. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL) estima que medida represente a injeção de cerca de R$ 579.6 milhões ao mês, chegando a R$ 1.7 bilhão no trimestre em que estará vigente.
O assessor econômico da entidade, Felippe Rocha, explica que a projeção considera dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e do Relatório de Informações Sociais do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS).
Segundo a PNAD Contínua (dados do 4º trimestre de 2019), em Alagoas, existem 52 mil trabalhadores domésticos sem carteira assinada; 6 mil empregadores sem CNPJ, configurando-se como trabalhadores informais; e 238 mil que trabalham por conta própria e sem CNPJ. No total, 296 mil alagoanos estão em situação potencial para o recebimento do auxílio. Considerando o valor unitário do benefício, isso significa uma injeção de renda potencial de R$ 177.6 milhões.
Já os dados do Relatório de Informações Sociais demonstram que existem 386.376 famílias alagoanas recebendo o Bolsa Família e, portanto, aptas a receberem o auxílio emergencial. Contabilizando apenas este programa social, o valor de R$ 600 significará uma injeção de R$ 231.8 milhões.
O relatório traz, ainda, dados relativos ao Cadastro Único (CadÚnico). Embora nem todos que estão neste cadastro recebam o Bolsa Família, possuem renda per capta compatível com os critérios estabelecidos pelo governo para recebimento do auxílio. Isso representa 238.718 famílias no CadÚnico (mas fora do Bolsa Família), com potencial injeção de renda de R$ 170.2 milhões.
Somando-se as projeções de cada grupo, chega-se ao montante de R$ 579.6 milhões mensais e, no acumulado, R$ 1.7 bilhão. De acordo com o economista, do montante mensal, cerca de R$ 83.3 milhões devem circular em Maceió, já que existem 59.206 famílias inscritas no Bolsa Família e 79.651 que estão no CadÚnico sem receberem nenhum benefício.
“Obviamente, o valor na capital a ser percebido será ainda maior, já que existem trabalhadores informais, autônomos, empregadores sem CNPJ e trabalhadores por conta própria sem CNPJ também. Contudo, as planilhas da PNAD contínua, fornecidas pelo IBGE, não descrevem o número desses trabalhadores na capital, como faz nas planilhas para o Estado de Alagoas. Assim, podemos apenas analisar a renda injetada pelos que estão cadastrados no CadÚnico”, observa Felippe.
Com base na mesma metodologia, o assessor econômico da Fecomércio estimou o volume que deve circular em Palmeira dos Índios, União dos Palmares, Penedo e Arapiraca; municípios onde a Federação tem sindicato filiado.
Em Palmeira dos Índios, com 17.522 inscritos no CadÚnico (entre Programa Bolsa Família e apenas no cadastro), a injeção de renda será de R$ 10.5 milhões ao mês e R$ 31.5 milhões no trimestre. Em União dos Palmares, com o alcance de 17.315 famílias, o volume estimado é de R$ 10.38 milhões ao mês e R$ 31,14 milhões durante a vigência do auxílio. Com 16.204 famílias, Penedo deve receber uma injeção de R$ 9.72 milhões ao mês, totalizando R$ 29.16 em três meses. Por último, em Arapiraca, são 33.056 famílias inscritas no CadÚnico, projetando cerca de R$ 19.8 milhões mensais e 59.4 milhões no trimestre.
Em termos absolutos, os valores são significativos. Entretanto, o especialista lembra que, segundo estimativa do Instituto Fecomércio AL, um único mês de suspensão de atividades em Alagoas (nos setores não-essenciais) significa deixar de gerar riqueza no valor de R$ 1,6 bilhão. Já a injeção de renda decorrente do auxílio emergencial em Alagoas, no trimestre, será de R$ 1,7 bilhão que, em sua maior parte, deve ser destinado aos setores de alimentação e farmácia.
Segundo ele, devido às limitações de dados oferecidos pelo IBGE, não é possível precisar com exatidão o volume injetado em cada município, pois os dados do CadÚnico são importantes, mas insuficientes. “Não sabemos quantos informais, autônomos e trabalhadores por conta própria, entre outros, vivem nesses municípios. As estimativas que fixamos estes municípios representam o mínimo que receberão, considerando o CadÚnico, mas certamente a circulação de renda será maior”, explica Felippe, acrescentando que isso não acontece com a projeção para o Estado. “Conseguimos encontrar essas informações em termos estaduais, o que nos permite precisar o valor que deverá circular em Alagoas nos próximos três meses”, complementa.
O economista ressalta que, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a circulação pode ser um pouco maior em termos estaduais, já que cerca de 993 mil pessoas estariam aptas a receberem o auxílio emergencial, o que aumentaria as estimativas mensais para R$ 595.8 milhões (R$ 16.1 milhões acima do estimado pela Fecomércio), representando 30% da população de Alagoas.