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Com isolamento baixo, AL pode ter sobrecarga da rede pública na segunda quinzena de maio

Secretário da Saúde e diretora de hospital apontam para período preocupante da pandemia no estado, que tem o pior índice de isolamento do Nordeste

Por Agência Alagoas 30/04/2020 17h05
Com isolamento baixo, AL pode ter sobrecarga da rede pública na segunda quinzena de maio
Coronavírus - Foto: Reuters

O número de casos de Covid-19 não para de subir em Alagoas. O último boletim epidemiológico, emitido ontem (30), apontou 957 casos confirmados – foram 300 novos resultados positivos em apenas dois dias. Só na capital, cerca de 50% dos leitos de UTIs destinados a este fim já estão ocupados. Diante desse cenário, e em meio ao visível descumprimento do isolamento social por grande parte da população alagoana, o corpo técnico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) projeta uma sobrecarga da rede hospitalar pública para a segunda quinzena de maio.

"Diante do claro descumprimento das medidas restritivas que determinaram o isolamento social, principalmente no interior e em alguns bairros aqui de Maceió, a área técnica da Sesau tem dialogado e feito algumas projeções que miram para a quinzena do dia 15 de maio como um período muito preocupante, onde teremos uma grande sobrecarga dos leitos de UTI e clínicos existentes em Alagoas. Correndo o risco de o nosso estado entrar em colapso, assim como tem ocorrido em outros estados brasileiros”, declara o secretário da Saúde, Alexandre Ayres.

A médica infectologista e diretora do Hospital Escola Helvio Auto, Luciana Pacheco, destaca o comportamento preocupante e irresponsável que tomou conta da população nas últimas semanas e também alerta para a possível sobrecarga do sistema de saúde nos próximos 15 dias, caso não haja mudança na conduta dos cidadãos.

“A situação é preocupante e a ocupação dos leitos só aumenta, conforme temos acompanhado. Hoje mesmo vi uma fila quilométrica na porta de um banco. As pessoas sequer estão respeitando as marcações [de lugar] e o distanciamento entre um indivíduo e outro. O Estado está fazendo a parte dele, é preciso também que as pessoas façam a sua parte e fiquem em casa, porque se a população continuar descumprindo o isolamento social, é possível que haja um estrangulamento do sistema de saúde nos próximos 15 dias”, afirmou.

De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Alagoas está entre os estados com maior velocidade no aumento de casos de Covid-19, e, ao lado do Amazonas, Rondônia, Pará, Paraíba e Pernambuco, tem a velocidade de aumento do número de casos equivalente à registrada na Itália semanas atrás. O estado tem pior índice de isolamento do Nordeste, com apenas 44,3% da população cumprindo a medida.

Alagoas tem hoje 130 leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19. Desses, 90 estão em Maceió, 17 em Arapiraca, 16 em Coruripe e 7 em São Miguel dos Campos, com mais 20 leitos previstos para ser entregues até o final desta semana, distribuídos entre Maceió e Arapiraca. De acordo com a infectologista Luciana Pacheco, um paciente grave permanece internado no leito de UTI por um período muito longo, fator que limita consideravelmente a internação de outros pacientes com a mesma doença.

“Um paciente grave fica de 15 a 20 dias internado na UTI, o que nos dá uma rotatividade de apenas dois pacientes por leito em um mês, por exemplo. É importante que as pessoas cumpram rigorosamente o isolamento social ou essa situação vai ser agravar bastante nos próximos dias”, declarou.