Cacique Aritana morre aos 71 anos vítima de coronavírus
Corpo deverá ser velado na própria aldeia nos próximos dias

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) - O cacique Aritana Yawalapiti, 71, uma das maiores lideranças indígenas da região do Alto Xingu, em Mato Grosso, morreu na madrugada desta quarta-feira (5) por complicações da Covid-19. Ele ficou internado por 15 dias em um hospital particular de Goiânia.
O índio deu nome a uma novela na extinta TV Tupi, em 1978. Escrita por Ivani Ribeiro, tinha como protagonistas os atores Carlos Alberto Riccelli, que interpretava o índio Aritana, e Bruna Lombardi.
Liderança do Xingu desde a década de 1980, quando iniciou a luta pela defesa dos direitos dos povos indígenas, Aritana é o quarto indígena da aldeia Yawalapiti a morrer vítima de Covid-19.
No estado de Mato Grosso, ao menos 91 indígenas morreram em decorrência do coronavírus até o dia 3 de agosto –nove deles no Xingu, de acordo com dados da Coiab (Coordenação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira).
Entre os Yawalapiti, quatro óbitos por Covid-19 foram registrados, entre eles um irmão e uma sobrinha de Aritana. A filha do cacique, Kaiti Kna Yawalapiti, não esconde a preocupação com o avanço da pandemia no seu povo e o fracasso das ações de enfrentamento do governo federal.
"É um descaso o que o governo está fazendo com a gente. É muito triste. Meu povo está morrendo. Falta medicação, falta tudo", desabafou ela, em um vídeo postado em seu perfil numa rede social.
Aritana buscou o primeiro atendimento médico ainda em meados de julho, na própria aldeia, após sentir os primeiros sintomas da doença.
Mas, assim que o quadro respiratório dele piorou, foi transferido no dia 18 de julho para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Canarana (a cerca de 600 km de Cuiabá), onde o diagnóstico de Covid-19 foi confirmado dois dias depois.
Da cidade mato-grossense, o cacique foi levado ao hospital particular São Francisco, em Goiânia (a 700 km de Canarana), onde passou as duas últimas semanas internado.
O corpo do cacique deverá ser velado na própria aldeia nos próximos dias, para que sejam cumpridos os rituais da cultura indígena.
Cacique desde os 19 anos, Aritana é filho de Paru Yawalapiti, líder indígena que atuou ao lado de Orlando Villas-Bôas na defesa da criação do Parque Indígena do Xingu na década de 1960.
Há cinco anos, ele perdeu o irmão, Pirakuman Yawalapiti, vítima de um AVC. Ele deve ser substituído pelo filho, Tapi Yawalapiti, que acompanhou Aritana e o cacique Raoni Metkure na viagem que fizeram à Europa no ano passado em busca de apoio para a proteção da Amazônia, quando visitaram o presidente da França, Emmanuel Macron, e o papa Francisco.
Veja também
Últimas notícias

Jovem de 22 anos é internado com suspeita de intoxicação por metanol em Alagoas

Festival da Cultura Nerd reúne milhares de fãs e movimenta economia criativa de Maceió

Leonardo Dias entrega Título de Cidadão Honorário de Maceió a Dom Beto Breis

Advogada condenada por homicídio na Praia do Francês se entrega à polícia após revogação de habeas corpus

Ronda no Bairro atua em diversas ocorrências e reforça ações preventivas nas praias de Maceió

Fiscalização aponta problemas graves em unidade de saúde em reforma há quase dois anos em Maceió
Vídeos e noticias mais lidas

Homem confessa que matou mulher a facadas em Arapiraca e diz ela passou o dia 'fazendo raiva'

Guilherme Lopes dispara contra Beltrão: 'Penedo não deve nada a você'

Empresário arapiraquense líder de esquema bilionário perseguia juízes e autoridades, diz ex-mulher

Quem era 'Papudo': líder de facção de altíssima periculosidade morto confronto em Arapiraca
