Com mortes em alta, Bolsonaro diz que Brasil vive 'finalzinho da pandemia'
Declaração foi feita no momento em 22 das 27 unidades da federação enfrentam alta no número de mortes pelo coronavírus. Óbitos se aproximam de 180 mil.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (10) que o Brasil está enfrentando o fim da pandemia.
"Me permite falar um pouco do governo, que ainda estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhores se saíram na pandemia", disse Bolsonaro durante discurso na inauguração do eixo principal da nova Ponte do Guaíba, na BR-290, em Porto Alegre.
Em visita ao Rio Grande do Sul, o presidente participa ainda da liberação de 27 quilômetros de duplicação da BR-116 em Barra do Ribeiro.
A declaração é feita num momento em que 22 das 27 unidades da federação enfrentam alta nas mortes por coronavírus, segundo o consórcio de veículos de imprensa. É a primeira vez que tantos estados aparecem simultaneamente com tendência de alta nas mortes pela doença desde que o consórcio começou a acompanhar essas tendências, em 9 de julho. Desde o início da pandemia, 179.032 pessoas morreram por conta da Covid-19 no Brasil.
"Devemos levar tranquilidade à população e não o caos. O que aconteceu no início da pandemia não leva à nada. Lamentamos as mortes profundamente e assim sendo, vamos vencendo obstáculos".
O Brasil ainda não tem um plano detalhado de vacinação contra a doença. Na quarta-feira (9), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a imunização pode começar ainda este mês se a Pfizer, uma das fabricantes, obtiver autorização emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e conseguir "adiantar" uma entrega de doses. Ainda assim, segundo a pasta, só uma pequena quantidade de pessoa receberia a vacina.
No discurso, ele citou um medicamento contra a Covid-19, que não tem eficácia comprovada.
"Não temos notícia dos nosso irmãos da África, abaixo do deserto do Saara, de grande quantidade de óbitos por Covid e todos esperavam justamente o contrário. A pessoa com alguma deficiência alimentar, pessoas mais pobres, fossem ser em boas e quantidade vitimadas. E não foi por quê? Eles tratam lá, muito, infelizmente, a malária", disse.
Durante a cerimônia, o presidente estava acompanhado dos ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Cidadania e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. Eles não usavam máscara. O uso é obrigatório no RS desde maio.
Ao chegar, por volta das 9h25 no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, Bolsonaro e a equipe que o acompanhava não usavam máscara. O presidente foi recebido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), pelo senador Luís Carlos Heinze (PP-RS) e pelo deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). A comitiva cumprimentou os políticos com um aperto de mão.
Aumento dos preços
Bolsonaro citou o aumento dos preços ,neste ano, em produtos básicos como o arroz e óleo de soja. "Nós evitamos um colapso da economia. Economia e saúde têm que andar de mãos dadas. O campo não parou, tivemos um aumento anormal em alguns produtos, como óleo de soja, arroz. Melhor, ou menos ruim, ter inflação, do que um desabastecimento", disse.
A alta no preço dos alimentos no ano é a maior desde 2002, segundo dados divulgados na terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado de novembro, a alta acumulada de janeiro a novembro alcançou de 12,14%.