49% das micro e pequenas empresas de Alagoas contraíram dívidas durante a pandemia
Em 2020, primeiro ano da pandemia, o faturamento das empresas foi pior que em 2019 para 62% dos entrevistados
O avanço da pandemia pelo Brasil afora tem deixado efeitos devastadores entre as micro e pequenas empresas. É o que revela a 10ª edição da pesquisa “O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que traz dados desse cenário preocupante em Alagoas. Por aqui, 49% dos empreendedores ouvidos revelam que estão atolados em dívidas e empréstimos, inclusive com parcelamentos já em atraso.
Desde o começo da crise sanitária no país, em março do ano passado, 48% dos alagoanos que estão à frente de pequenos e médios negócios tiveram que recorrer a empréstimos bancários para manter a empresa em operação.
A Caixa Econômica Federal (38%), o Banco do Brasil (36%) e o Banco do Nordeste (34%) foram as instituições financeiras mais procuradas por esses empreendedores - 40% deles conseguiram obter o empréstimo e outros 10% ainda aguardam resposta do banco.
O desempenho das vendas de final de ano, que também costumam dar fôlego para o início do ano seguinte, pode ser parte da resposta para essa corrida aos bancos. Entre os ouvidos pela pesquisa, 72% responderam que as vendas no final de 2020 foram piores que as de 2019. A flexibilização do Plano de Distanciamento Social Controlado não foi suficiente para que as vendas registrassem um saldo mais positivo no período - só 17% dos entrevistados fecharam o caixa mais no verde.
Em 2020, primeiro ano da pandemia, o faturamento das empresas foi pior que em 2019 para 62% dos entrevistados. 17% consideraram que foi melhor e 10% acham que permaneceu tudo igual em comparação ao ano anterior.
Atualmente, todo estado de Alagoas se encontra na Fase Vermelha de controle da pandemia, que é considerada a mais rígida do Plano de Distanciamento Social Controlado. Nesse momento, segundo a pesquisa, 62% dos empreendedores responderam que “ainda tenho muitas dificuldades para manter meu negócio”. Para 16%, “os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para o meu negócio”; e 12% acham que “o pior já passou”.
Vendas via redes sociais
Na tentativa de salvar o negócio e manter as vendas mesmo com os protocolos sanitários mais rígidos, muita gente teve que migrar o atendimento para as redes sociais. Foi o que 67% dos empreendedores alagoanos ouvidos pelo Sebrae/FGV fizeram na pandemia. Instagram, WhatsApp e Facebook são as ferramentas que lideram e concentram essa migração.
Buscar uma alternativa de vendas para o negócio não sucumbir se deve principalmente à falta de perspectiva a curto prazo para melhora da economia no modelo tradicional. Entre os alagoanos consultados para a pesquisa, boa parte acha que serão necessários, no mínimo, 15 meses para a situação da economia voltar ao normal.
Até lá, a extensão do Auxílio Emergencial é apontada por 36% dos empreendedores como a medida mais importante que o governo poderia adotar para compensar os efeitos da crise nos micro e pequenos negócios. Outros 34% apostam na extensão das linhas de créditos com condições especiais, como os recursos via Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).
Uma parcela menor, de 11%, acha que a moratória (adiamento) do pagamento de dívidas (empréstimos, aluguel, água, luz etc.) é uma boa opção para amenizar o baque da crise. O mesmo percentual daqueles que apostam no auxílio para redução e suspensão de contratos de trabalho. Já 7% preferem o adiamento dos pagamentos dos impostos.
A baixa contratação de funcionários também é marcante entre os pequenos e médios negócios nessa pandemia. 73% dos entrevistados alegam que não contrataram ninguém com carteira assinada (CLT) nos últimos 30 dias, e 18% tiveram que demitir pessoal.
O Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ouviram 72 empreendedores de micro e pequenos negócios de Alagoas no período de 25 de fevereiro a 1º de março deste ano. Comércio (49%), Serviços (36%), Construção Civil (8%), Indústria e Agropecuária (3% cada) são as áreas das empresas ouvidas. 60% delas são microempreendedores individuais (MEI), 34% microempresas (ME) e 6% empresas de pequeno porte (EPP).