Marcelo Victor critica tentativa de mitigação do mandato do senador Renan Calheiros
Presidente da Assembleia Legislativa diz que se pode permitir interferências nas prerrogativas do parlamento
Uma fala do deputado estadual Davi Maia (DEM) em protesto à nomeação do senador Renan Calheiros (MDB) para a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) provocou, na sessão ordinária desta terça-feira (27), uma discussão séria na Assembleia Legislativa Estadual (ALE) em torno do assunto.
O presidente da Casa, deputado Marcelo Victor (Solidariedade), reagiu à fala de Maia e saiu em defesa do senador alagoano. “Isso é mitigação do mandato eletivo. Absurdo! O senador foi eleito com todos os seus direitos políticos preservados. O decano da Casa, que já exerceu por quatro oportunidades a presidência do Congresso, e ter o seu mandato mitigado, limitado, e isso não pode ser aplaudido”, disparou.
Victor foi além e fez questão de destacar a necessidade de manter a harmonia entre os poderes. Ele disse que a decisão sobre a legalidade de Renan Calheiros como relator da CPI da Covid é exclusiva dos senadores.
“As questões do Senado têm que ser resolvidas pelos senadores. Não podemos, de forma alguma, aceitar uma interferência baixa nas prerrogativas do parlamento. Isso é um absurdo!”, pontuou, acrescentando que a confirmação de Renan Calheiros para a CPI da Covid foi uma falha da articulação política do Planalto.
Davi Maia retrucou a fala do presidente da Casa de Leis e alegou que o mérito da discussão não é mitigação de direitos, mas da parcialidade do senador Renan Calheiros. “A gente não pode misturar as coisas. Uma coisa é a intromissão do poder Judiciário dentro do parlamento. Concordo que decisões judiciais e de intromissão em poderes separados não podem ser respeitadas. Porém, o Congresso sabe, sim, da parcialidade do senador Renan Calheiros. Como é que ele pode ser relator de uma CPI que irá investigar, entre outros, o seu filho. Então não pode o Renan Calheiros investigar o Renan Calheiros. Isso é uma coisa simples”, disse.
Marcelo Victor voltou a defender seu entendimento. “Quando a oposição cresce e se estende a tal situação, engole o governo. Essa é a relação política do Executivo para com o Legislativo. Têm os mecanismos de negociação e tratativas. O que não pode é chegar para um senador eleito, sentado na cadeira, no exercício pleno do seu mandato, e dizer: olha, a matéria tal você se envolve e na matéria tal você não se envolve. Isso é reprovável”, concluiu.