Funcionários dos Correios discutem greve contra a privatização
A percepção dos sindicalistas é de que o governo, ao recusar qualquer forma de diálogo, pressiona deliberadamente os trabalhadores para provocar uma greve e desgastar a classe perante a sociedade
Trabalhadores dos Correios estão programando a realização de uma greve em reação às recentes informações sobre a colocação em pauta, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), do marco regulatório do setor postal, ainda nesta semana. Se aprovado, o projeto acaba com o monopólio dos Correios, abrindo o caminho para a privatização da estatal.
Falando à Folha de S. Paulo, o secretário-geral da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares), José Rivaldo Silva, explicou que a questão da privatização iminente dos Correios se sobrepõe à questão salarial. "Não adianta ter um reajuste de salário, mas, amanhã, a empresa ser privatizada e a gente perder o emprego", afirmou.
A percepção dos sindicalistas é de que o governo, ao recusar qualquer forma de diálogo, pressiona deliberadamente os trabalhadores para provocar uma greve e desgastar a classe perante a sociedade. "Não somos a favor de ficar fazendo greve. O problema é que o governo promove a greve para ter o desgaste", afirmou o presidente da Findect (federação interestadual), José Aparecido Gandara.
De acordo com o deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA), relator do projeto de lei que institui o marco regulatório do setor postal, a votação do PL deve ocorrer nesta quarta (4) ou quinta-feira (5). "A matéria está bem madura e deverá contar com a aprovação do Congresso", disse ele à revista Exame.
Com expectativa da aprovação da matéria, que garante "segurança jurídica" segundo Cutrim, a equipe do ministro Paulo Guedes já anunciou que pretende publicar o edital da privatização até o final deste ano.