Cidadania

Presidente de associação conscientiza população sobre a importância de Libras

Durante a entrevista, Gilmara Farias criticou o Governo do Estado e a Prefeitura de Maceió por falta de apoio aos profissionais da área

Por 7Segundos com Na Mira da Notícia 30/09/2021 20h08
Presidente de associação conscientiza população sobre a importância de Libras
Dia do Tradutor de Libras é comemorado no dia 30 de setembro - Foto: Fabra

Nesta quinta-feira (30) se comemora o Dia do Tradutor de Libras. Em comemoração a esse dia, o programa de rádio Na Mira da Notícia convidou a presidente da Associação dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais de Alagoas, Gilmara Farias, para uma entrevista com o intuito de conscientizar a população sobre a importância dos intérpretes na sociedade.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma ferramenta importante que garante a inclusão, participação e a comunicação de deficientes auditivos e surdos na sociedade. Logo no início do bate-papo com o radialista Ângelo Farias, a presidente da associação definiu Libras como uma ferramenta que “traz cidadania”. “O nosso papel como intérprete de Libras faz com que seja possível que a pessoa surda seja vista como deve ser vista, como cidadão brasileiro”, pontuou.

“Aprender Libras, conhecer, através dela, quem é esse sujeito usuário dessa língua, isso é de uma importância enorme. Tamanha que não tem nem como mensurar o tamanho da importância de aprender a língua de sinais”, incluiu Gilmara Farias se referindo à necessidade de todos aprenderem a língua para garantir a inclusão desse grupo na sociedade brasileira.

Em relação ao Dia do Tradutor de Libras, comemorado no dia de hoje, ela explicou que esse dia possibilita colocar os intérpretes no mesmo patamar dos tradutores intérpretes de línguas orais. “Esse dia marca, também, a forma da gente buscar essa valorização, esse respeito. Hoje, as pessoas ainda não têm a noção do quanto a gente investe para conseguir fazer interpretação na língua de sinais e na língua portuguesa quando é um surdo sinalizando”, acrescentou.

Gilmara relata que, mesmo com inúmeros aspectos negativos, a pandemia trouxe algo positivo para os intérpretes, como o aumento na procura desses profissionais. “Foi muito importante porque começaram a ter eventos virtuais e, falar sobre acessibilidade e inclusão, havia a necessidade de ter um intérprete de Libras ali. Isso deu mais visibilidade, que veio no momento em que precisávamos ficar em casa”. Ela ainda incluiu a facilidade de poder trabalhar durante esse período já que “os intérpretes poderiam estar interpretando aqui uma live que estaria acontecendo no interior do estado. As pessoas do interior, que às vezes não conhecia a nossa profissão, passaram a conhecer por conta desse período de pandemia”.

Quanto ao incentivo por parte do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Maceió, a presidente desaprovou a falta de apoio. “O Governo do Estado e o Município, eu acredito, diante de tudo que eu vejo, deixam muito a desejar... Sobre as lives com a presença dos intérpretes, a gente não viu as autoridades tendo essa preocupação durante essa pandemia”, criticou.

Apesar de reconhecer que foram realizadas algumas lives com a presença desses profissionais, ela diz que não é algo tão frequente. “Claro que, a partir de dezembro pra cá, o Governo do Estado começou a colocar intérpretes de Libras nas lives e, a partir de dois meses para cá, o prefeito [de Maceió, JHC] começou a colocar [também]. Mas isso acontece em todas as lives? Não!”, continuou. Ela ainda usou como exemplo o evento sobre o novo Cartão Bem Legal que será usado nos ônibus de Maceió divulgado na última quarta-feira (29): “os surdos ficaram sem saber para que servia aquele cartão que o prefeito estava na mão”.

Gilmara Farias finaliza apontando que “a maior [reivindicação] de todas, hoje, é com relação ao concurso efetivo para intérpretes no estado. Há mais de 20 anos, os intérpretes passam por processos seletivos simplificados, como a monitoria. Existe o Projeto de Lei mas o cargo de intérprete no estado não existe e, por não existir, não é feito concurso para que o intérprete possa ser concursado na grade do estado. Monitoria é desvalorizar o nosso trabalho, nosso investimento”.