Após uma semana cheia de polêmicas em que vários secretários do Ministério da Economia pediram demissão, declarações de Paulo Guedes afirmando que o Auxílio Brasil usará R$ 30 bi fora do teto, a queda na bolsa de valores e o dólar nas alturas, o Engenheiro de Telecomunicações e advogado George Chaves participou do programa Na Mira da Notícia para comentar sobre a atual economia financeira do Brasil.

A pressão inflacionária que aperta o orçamento das famílias brasileiras acende um sinal de alerta no mercado financeiro. Pela 28ª semana consecutiva, analistas consultados pelo Banco Central (BC) elevaram a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano. De acordo com o Boletim divulgado pela Fox, a estimativa é de que o indicador encerre 2021 em 8,69%, mais do que o dobro registrado em 2020. A alta dos preços, que deve persistir em 2022, tem como consequência juros maiores e uma possível desaceleração do crescimento.

George Chaves descreveu a atual situação financeira do Brasil como “bastante complicada”.

Dólar

Ele explica que a aprovação do Auxílio Brasil, proposta do Governo Federal para substituir o Bolsa Família, é um dos principais pontos para a atual crise econômica e da alta no dólar. “O estrangeiro tem muito dinheiro internalizado no Brasil e tem duas coisas que movimentam bastante o dólar, que é a história do ‘risco fiscal’. Então, quando o governo estoura o teto de gastos, automaticamente o estrangeiro sai daqui com medo do que ocorra o que ocorreu com a Argentina e com outros países. Essa questão de aumentar o equivalente do Bolsa Família para R$ 400, sem ter a origem fiscal desse dinheiro, automaticamente o estrangeiro se estressa e sai daqui, quando ele sai, o dólar sobe”.

A moeda americana e o IPCA estão diretamente ligados, já que o petróleo, o trigo, a energia e etc. necessitam do dólar, “tudo é dolarizado, o mundo é feito de commodities”. “Se o dólar sobe, automaticamente, o IPCA sobe também. Toda vez que o dólar sobe, ele vai aumentar a inflação”, pontuou o engenheiro.

Taxa Selic

Chaves destaca que, para frear a saída de dólares, o BC tem que aumentar a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. “Era consenso que iria aumentar a taxa Selic em apenas 1%, mas o mercado já prevê um aumento de 1,5%. Ou seja, em dezembro a Selic estará em 9,25%”, aclarou, acrescentando que o aumento desta taxa faz com que o desemprego aumente.

“Aumentar a Selic em um momento como esse, onde precisamos de emprego, e sabendo que quando a Selic chega em um certo patamar o empresário não irá investir, ele simplesmente vai pegar o dinheiro dele e colocar na renda fixa e ganhar 14% ao ano sem risco”, avaliou.

Petrobras

“O IPCA, além do dólar, tem essa questão da correlação do aumento do petróleo. A Petrobras acabou de ter um lucro bilionário e eu acho que a única solução para os combustíveis é você ter um fundo de estabilização do preço. Então não tem que só falar, o governo tem que tomar essa atitude”, destacou.

Para George Chaves, é injusto a forma em que os preços estão sendo colocados no país “lá fora o Brasil está comprando o petróleo a US$ 86, então tem que ter uma equalização nisso e não simplesmente dizer “eu vou extrair a US$ 10 e vender internamente a US$ 86””, criticou.

Quando o radialista Ângelo Farias questionou se o presidente Jair Bolsonaro tem como intervir na alta dos preços dos combustíveis, Chaves explicou que “depende do desgaste que ele poderia ter perante o mercado financeiro e se ele vai suportar um eventual desgaste de dizer “olha, a Petrobras é do Brasil e eu vou tabelar a gasolina, por exemplo”. Nós já vimos esse filme no governo Dilma e o efeito que isso tem é devastador nas ações, mas a situação não está fácil”.

O engenheiro de telecomunicações finaliza dizendo que a atual situação do Brasil “é um jogo de xadrez complicado e às vezes até leva tempo para entender, mas a solução, na minha concepção, seria, não ter uma intervenção, mas ter um fundo de estabilização, o governo usar o dinheiro que a própria Petrobras gera de lucro para ele como um fundo de estabilização de preço”.