Entretenimento

Yolanda, Odete Roitman, Olavo: relembre grandes vilões de Gilberto Braga

O carioca estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana

Por O Globo 27/10/2021 11h11
Yolanda, Odete Roitman, Olavo: relembre grandes vilões de Gilberto Braga
Beatriz Segall como Odete Roitman - Foto: Reprodução/ TV Globo

Autor de telenovelas clássicas da TV brasileira, como "Dancin' days" (1978), "Vale tudo" (1988) e "Celebridade" (2003), Gilberto Braga morreu nesta terça-feira (26), aos 75 anos, no Rio, segundo informou o blog de Ancelmo Gois. O carioca estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana. Braga faria aniversário na segunda-feira, dia 1º de novembro. Ele passou a enfrentar, nos últimos dias, uma infecção sistêmica a partir de perfuração de esófago, sem conseguir resistir as complicações. Gilberto era casado com o decorador Edgar Moura Brasil.

Ao longo de sua carreira, toda construída na TV Globo, Gilberto Braga criou vilões inesquecíveis que entraram para a história da teledramaturgia. Recorde abaixo personagens inesquecíveis que o Brasil amou odiar.

Leôncio Almeida (Rubens de Falco), "Escrava Isaura" (1976)

Leôncio já existia, claro, no romance que Bernardo Guimarães lançou em 1875, mas Gilberto Braga lhe deu doses extras de vilania. Apaixonado por Isaura, ao não ser correspondido ele se apodera da carta de alforria deixada pela mãe da escrava branca, e torna sua vida um inferno. Maléfico, Leôncio infligiu torturas físicas e psicológicas na pobre jovem durante 100 capítulos até ela finalmente ser salva de sua sina por Álvaro (Edwin Luisi), com quem acaba casandio.

A novela foi um sucesso mundial, sendo exibida em mais de 80 países. Diz a lenda (popularizada por De Falco) que, durante uma visita a Portugal, uma multidão enfurecida tentou agredir o ator, tamanho era ódio que o personagem Leôncio gerava no país.

Yolanda Pratini (Joana Fomm), "Dancin' days" (1978)

Norma Bengell chegou a gravar algumas cenas, mas acabou sendo substituída por Joana Fomm, que brilhou no papel da socialite que criava todo tipo de obstáculo para separar sua irmã, Júlia (Sonia Braga), recém-saída da cadeia, da filha, Marisa (a jovem Gloria Pires).

Joana Fomm já contou que, por conta das maldades da personagem, recebia insultos quase diariamente. Até de onde menos se esperava, como contou Gilberto Braga ao site Memória Globo, ao narrar a vez em que sua cozinheira desligou o telefone ao ouvir a voz da atriz. A explicação: "Sei que o senhor é que escreve aquilo tudo, não sou burra. Bati o telefone por causa da cara de nojenta que ela fez quando a Júlia entrou no camburão da polícia. A cara não foi o senhor que escreveu, era dela mesmo.’”

O tema de Yolanda na trilha sonora com ares de discoteca era a soturna "Solitude", standar de jazz cantado por Gal Gosta.

Odete Roitman (Beatriz Segall) e Maria de Fátima (Glória Pires), "Vale Tudo" (1988)

Odete era uma artistocrata carioca que odiava o Brasil, os brasileiros ("É um povo preguiçoso. Isso aqui é uma mistura de raças que não deu certo. Conheço uns dois ou três que não são") e todos que se colocassem em seu caminho.

Isso incluía Maria de Fátima (Glória Pires), jovem trambiqueira que traiu até a própria mãe para ascender socialmente - casando-se com Afonso (Cássio Gabus Mendes), filho de Odete. Mas, após um estranhamento inicial, as duas acabaram criando uma aliança.

Nio final da novela, o Brasil parou para responder: "quem matou Odete Roitman?" E tinha sido Helena (Cássia Kis). Maria de Fátima estava inocente nessa — e, diferente de Odete, viveu para continuar aprontando das suas.

Em depoimento ao site Memória Globo, Beatriz Segall falou sobre Odete Roitman: "Acho que é uma personagem que vai ficar, não por minha causa, na história. Eu fui gostando muito de fazer a personagem. Eu fazia com um prazer imenso. Quanto mais maldade ela fazia, mais interessante o papel ficava."

Felipe Barreto (Antônio Fagundes), "O dono do mundo" (1991)

Felipe Barreto é um cirurgião plástico bem-sucedido e inescrupuloso que, além de corrupto, quer corromper a todos em sua volta.

No dia do casamento de um funcionário seu, Walter (Tadeu Aguiar), Felipe aposta com um amigo que levará a noiva virgem, Márcia (Malu Mader), para a cama antes do próprio marido. Após manipular uma série de acontecimentos, ele vence a aposta. Walter, após flagrar a noiva nos braços de seu chefe, praticamente se mata em um acidente de carro. Já Márcia é descartada. Isso tudo apenas na primeira semana de novela.

"Acho a primeira semana de O Dono do Mundo a melhor coisa que eu já fiz na vida", disse Braga ao site Memória Globo. "Muito forte, embora totalmente errada como novela de televisão. Porque era muito cruel e penosa para o pobre ver. Pobre levando porrada e não tendo como se defender. A audiência começou a cair e eu tive que mudar tudo.”

Laura (Cláudia Abreu), "Celebridade" (2003)

Laura (Cláudia Abreu) era uma vilã com justificativa: tudo o que Maria Clara Diniz (Malu Mader) conquistou devia ser de sua mãe. Ela foi a verdadeira musa da canção que tornou Maria Clara rica e famosa, enquanto Laura e sua mãe cresceram na miséria.

Movida pela vingança, Laura finge ser admiradora de Maria Clara Diniz (Malu Mader) e consegue um emprego como sua assistente. Enquanto isso, trama com o michê Marcos (Márcio Garcia) para destruí-la e tomar tudo que é dela — e consegue.

Um dos momentos marcantes na trama é a cena em que, após perder tudo, Maria Clara encontra Laura dentro de um banheiro e parte para a ignorância. É considerada uma das maiores surras da teledramaturgia brasileira - total de 28 tapas.

Olavo Novaes (Wagner Moura), "Paraíso tropical" (2007)

Inteligente e ambicioso, Olavo não suportava o fato de Antenor (Tony Ramos) preferir Daniel (Fabio Assunção) na sucessão do Grupo Cavalcanti, e buscava prejudicá-lo de todas as formas, sabotando-o na empresa e prejudicando seu relacionamento com Paula (Alessandra Nedrini). Olavo representava o clássico psicopata corporativo, simpático e gentil pela frente mas, pelas costas, tramando contra todos.

Mas este vilão tinha um grande, sensual e explosivo amor. Bebel (Camila Pitanga), uma prostituta de bom coração e mau julgamento que foi cúmplice de todos os seus planos até o fim.

Em entrevista ao caderno ELA, Wagner Moura ficou sabendo da grande popularidade nas redes sociais de uma cena em que Olavo abre seu coração para Bebel. Mas do jeito dele, dizendo: "Você é a cachorra mais burra daqui desse calçadão. Por que só você não viu ainda que eu amo você também". Tímido com a revelação, o ator disse que nunca chamou ninguém de "cachorra" na vida real.